CEO da Boeing reconhece culpa em acidente com Alaska Airlines

O CEO da Boeing, Dave Calhoun, assumiu que a empresa é responsável pela explosão da porta do avião 737 Max 9 durante um voo no início de janeiro.

“Nós causamos o problema e entendemos isso”, disse a investidores após a reunião de balanço da empresa.

“Quaisquer que sejam as conclusões alcançadas, a Boeing é responsável pelo que aconteceu. Seja qual for a causa específica do acidente, um evento como este simplesmente não deve acontecer num avião que sai de uma das nossas fábricas. Nós simplesmente devemos ser melhores”, acrescentou.

A Boeing não deu a orientação financeira que normalmente fornece a investidores, nem disse quando irá entregar as duas novas versões do 737 Max que prometeu às companhias aéreas. As aeronaves ainda não foram certificadas pela Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês).

“Embora muitas vezes utilizemos esta época do ano para compartilhar ou atualizar nossos objetivos financeiros e operacionais, agora não é o momento para isso”, disse Calhoun.

O incidente ocorreu no último dia 5 de janeiro, quando a porta de um voo da Alaska Airlines estourou e colocou a empresa mais uma vez na defensiva.

Felizmente a tripulação agiu rápido e conseguiu fazer um pouso de emergência poucos minutos após a abertura do buraco, e não houve vítimas fatais.

No entanto, o voo aterrorizou os passageiros, que tiveram celulares “sugados” para fora do avião e roupas rasgadas.

Após o incidente, os aviões do modelo 737 Max 9 passaram mais de três semanas em solo após inspeções descobrirem problemas com a instalação de plugues nas portas.

“Tive conversas difíceis e diretas com nossos clientes, reguladores e legisladores”, acrescentou. “Eles estão desapontados e temos muito a provar para ganhar a confiança dos nossos stakeholders”.

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As declarações de Calhoun foram feitas no momento em que o fabricante registrou mais um prejuízo em 2023.

Ao mesmo tempo, a empresa não forneceu uma perspectiva financeira para 2024, o que incluiria as expectativas de aprovação da Administração Federal de Aviação para duas novas versões do avião, o 737 Max 10 e o 737 Max 7.

Após o incidente, a FAA disse que não permitirá que a empresa aumente a produção dos modelos existentes.

Além disso, dois grandes clientes da empresa — United Airlines e Southwest Airlines — disseram na semana passada que a entrega dos modelos foi suspensa temporariamente.

“Nosso pessoal na fábrica sabe o que devemos fazer para melhorar melhor do que ninguém”, disse Calhoun. “Iremos devagar, não apressaremos o sistema e levaremos o nosso tempo para fazer o que é certo.”

“Um maior escrutínio – seja de nós mesmos, do nosso regulador ou de outros – nos tornará melhores”, acrescentou.

O 737 Max 9 também recebeu um voto de confiança na quarta-feira de Jennifer Homendy, presidente do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB).

“Eu não teria nenhum problema em pegar um Max 9 amanhã e voar”, disse Homendy à CNN. “Aqui está o que direi sobre a segurança da aviação em geral: é seguro, mas há problemas”, acrescentou.

Ela disse que o NTSB está nos “estágios finais” de preparação de um relatório preliminar sobre o incidente da Alaska Air.

“Queremos ter certeza de que está certo”, disse Homendy sobre as conclusões preliminares da agência. “Este é um problema um tanto complexo com muitas partes”.

No que parece ser uma boa notícia para a empresa em meio aos problemas, a Boeing relatou uma perda ajustada de US$ 0,47 centavos por ação, ou cerca de US$ 285 milhões, no quarto trimestre.

O número é melhor do que a perda de US$ 1,75 por ação do ano anterior.

As ações da Boeing, que perderam quase 20% de seu valor desde o incidente da Alaska Air, subiram ligeiramente nas negociações de pré-mercado da última quarta-feira (31), devido aos comentários de Calhoun e ao relatório trimestral.

Este conteúdo foi originalmente publicado em CEO da Boeing reconhece culpa em acidente com Alaska Airlines no site CNN Brasil.

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