8 de janeiro: ‘Bolsonaro sonhava com episódios como esse’, diz Gilmar

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Gilmar Mendes, ministro do STFRosinei Coutinho/SCO/STF

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “sonhava” com episódios como os atos golpistas de 8 de janeiro

“Não tenho nenhuma dúvida, embora tenha dialogado várias vezes com Bolsonaro, que, no fundo, ele sonhava com episódios como esse”, disse o ministro em entrevista ao Jornal da Record na última segunda-feira (15).

Mendes mencionou os atos de 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro convocou atos antidemocráticos durante a pandemia de Covid-19, atacou a Corte e ameaçou o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

“Acompanhei especialmente o 7 de setembro de 2021, que tivemos uma tentativa de avanço de caminhões além do Itamaraty e rumo ao STF. Havia, no núcleo do poder, esse tipo de expectativa, de que teríamos uma desordem institucional que reclamaria à GLO [Garantia da Lei e da Ordem]”, afirmou o magistrado.

Para Gilmar, o governo Bolsonaro passou a “vilanizar” a Corte. “Os seus seguidores passaram a dizer que o governo Bolsonaro não fez uma política de saúde adequada porque o Supremo não deixou. Isso é um absurdo. Que política de saúde nós estávamos a falar? Cloroquina e uma tese de contaminação geral.”

Na época, haviam acusações que os ministros estavam sendo “ativistas” quando decidiram por deixar que Estados e municípios tivessem autonomia para determinar isolamento e pela obrigatoriedade da vacinação contra o coronavírus.

“Que ativismo nós estamos falando? O governo reclamou muito da intervenção do Supremo na Saúde. Do que se tratou? O Supremo facilitou a edição de medidas provisórias, portanto, o Congresso pôde votar medidas provisórias mesmo de longe, mas para dar viabilidade para o próprio sistema. Houve então aquela pendência sobre a possibilidade de Estados e municípios definirem as medidas a serem adotadas, e aquilo dependia só da União. Era uma situação muito cara para Estados e municípios”, disse Gilmar.

E completou: “O ministro Lewandowski deu uma liminar mandando que começasse a vacinação. Até a vacinação no Brasil, que é tradição, só começou com ordem do Supremo. Se estamos falando de ativismo, bendito ativismo”, afirmou Gilmar Mendes.

O ministro ainda afirmou que, para ele, o pior ministro da Saúde do Brasil foi Eduardo Pazuello. Ele permaneceu no comando da pasta por dez meses. Foi Pazuello que liberou o uso da hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento da COVID-19, medicamentos estes que não tem eficácia contra a doença.

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