Ex-camelô deixa feira do Brás para empreender com marca de roupas e fatura R$ 7 milhões

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Marcos Martins é CEO da Lamar Moda Feminina; negócio começou como uma pequena barraca de roupas na feira da madrugada, no Brás

Na famosa feira da madrugada, um circuito de compras diário no bairro do Brás, em São Paulo, conhecido por sua grande quantidade de lojas de confecções e comércios atacadistas de roupas, o empreendedor Marcos Martins era um camelô que cuidava de uma barraquinha de roupas. Sua rotina consistia principalmente em montar e desmontar as estruturas metálicas e expor algumas peças durante a noite. Atualmente, ele é o líder da Lamar Moda Feminina, uma marca de roupas e acessórios femininos que fatura R$ 7 milhões.

A jornada de Marcos envolvia outros dois empregos formais e uma rotina de estudos. Ele também cursava jornalismo à noite e trabalhava como vendedor em uma loja de artigos para surf durante o dia. A decisão de abrir sua própria barraca de roupas veio após o nascimento de seu primeiro filho, quando tinha apenas 18 anos. “Foi algo que me fez amadurecer, mas foi apenas mais uma responsabilidade em uma vida já muito responsável”, diz ele.

Marcos foi criado por sua tia, uma costureira, enquanto sua mãe trabalhava em diferentes casas como empregada doméstica. Foi assim que ele teve seu primeiro contato com o mundo da moda. “Comecei a ver isso desde criança, e como sempre sonhei em ser empresário desde pequeno, sabia que trabalharia nesse mercado”, conta.

Para ajudar nas despesas da casa, ele começou a trabalhar aos 12 anos de idade. Aos 15, foi entregador em uma pizzaria e, três anos depois, conseguiu seu primeiro emprego formal como vendedor em uma loja de artigos para surf. Seu primeiro trabalho no ramo da moda também foi como assistente geral e depois como vendedor em uma confecção no bairro do Brás. “Sempre gostei de trabalhar com vendas e arriscar, tentando vender todo tipo de coisa”, diz ele.

A vontade de empreender e a necessidade de aumentar sua renda devido ao nascimento de seu filho levaram Marcos a arriscar mais uma vez. Junto com um amigo, ele abriu uma barraca de roupas na feira da madrugada, investindo inicialmente R$ 1 mil na compra da barraca e das primeiras peças para revenda.

“Hoje em dia, olhando para trás, percebo que foi uma loucura, pois aquele primeiro investimento mal encheu a barraca de produtos. Mas tínhamos que arriscar”, diz ele.

As margens de lucro eram pequenas, e o negócio ainda era informal e não possuía registro. “Eu era um camelô e mal sabia o que era um CNPJ”, lembra Marcos. Diante dessa situação, surgiu a necessidade de pensar em estratégias para reduzir os custos.

A solução foi começar a fabricar regatas e baby looks femininos. Marcos era responsável pela compra dos tecidos e os levava para serem cortados.

Após sete meses, Marcos decidiu abandonar seu emprego como vendedor, e consequentemente o salário mínimo que recebia, para se dedicar exclusivamente ao negócio, que estava crescendo rapidamente e já não

contava mais com a participação de seu amigo e sócio. O próximo passo foi mudar o público-alvo.

“Eu queria sair do ciclo da feira da madrugada e focar nos lojistas”, conta ele.

Nessa época, Marcos contou com a ajuda de sua esposa, Vivian, que também decidiu investir no negócio. Juntos, eles abriram a primeira confecção em sua própria casa. Seis meses depois, alugaram o primeiro espaço comercial e formalizaram a empresa, criando a Lamar Moda Feminina. O segredo do sucesso na época era a fabricação e venda sob demanda para lojistas.

A fabricação de um modelo específico de regata que ainda não existia no Brasil fez com que o negócio decolasse, e eles passaram a vender em grande escala para grandes magazines como Scala e Torra Torra, que colocavam suas próprias marcas nos produtos.

No entanto, em 2017, quando a Lamar já contava com grandes magazines em seu portfólio, três lojas e produção própria, a empresa faliu.

Segundo Marcos, o problema estava na precificação dos itens e na falta de conhecimento básico em negócios. “Eu não tinha o conhecimento técnico de um empresário, apenas a audácia. Não sabia precificar, confundia faturamento com lucro. Pagava os fornecedores à vista, mas dava prazos de pagamento muito longos para os clientes, entre muitos outros erros”, conta ele.

Dos mais de 100 funcionários, a Lamar manteve apenas três.

Para se recuperar, o casal teve que enfrentar uma dívida de R$ 1 milhão. Mas aos poucos, o negócio foi se reerguendo ao apostar na abertura de lojas menores voltadas para pequenos lojistas e revendedores ambulantes. Ao abandonar a estratégia de venda para magazines, a Lamar também diversificou seu catálogo, produzindo novos tipos de peças.

Paralelamente, Marcos investiu em cursos de empreendedorismo e gestão. “Hoje em dia, dou muito valor ao conhecimento, busco aprender cada vez mais e evitar cometer os mesmos erros”, diz ele.

Com a pandemia, a Lamar também reestruturou seu site existente para focar no varejo. Isso resultou em um aumento nas vendas. Atualmente, o site é responsável por 70% do faturamento, que em 2022 foi de R$ 7 milhões.

A projeção para este ano é alcançar um faturamento de R$ 9 milhões. Para isso, estão investindo principalmente em marketing, incluindo tráfego pago, e planejam lançar linhas de produtos com tamanhos maiores. “Também queremos lançar nosso próprio aplicativo. Sabemos que ainda há muito potencial de crescimento no ambiente digital”, diz Marcos.

Fonte: Exame

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