“Golpe do Amor”: bando roubou R$ 17 milhões; veja relato das vítimas

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São Paulo – Uma quadrilha especializada em aplicar o “Golpe do Amor”, que fez mais de 400 vítimas espalhadas pelo Brasil, conseguiu roubar ao menos R$ 17 milhões, mostra sentença do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

Neste mês, o TJSP condenou 19 pessoas do bando a penas que variam de oito a 19 anos de prisão, em regime inicial fechado. Elas respondem por crimes de extorsão, estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa, cometidos entre 2017 e 2020.

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Investigadores, no entanto, acreditam que mais 190 golpistas integrem a quadrilha, formada por diferentes núcleos, cada um com função definida. Também estimam que o bando fez ao menos 2 mil vítimas e conseguiu roubar R$ 100 milhões no “Golpe do Amor”.

Normalmente, o criminoso aborda a vítima via rede social, se passa por estrangeiro e narra histórias de vida falsas. Os golpistas fingem ser desde viúvos precisando de ajuda, a ricaços benfeitores e até militares destacados para missões internacionais contra o terrorismo.

O Metrópoles destaca abaixo histórias usadas pelo bando para aplicar o golpe. Os relatos fazem parte do processo que tramita na Justiça paulista. A identidade das vítimas foi preservada.

Falso noivado

Com juras de amor e troca de fotografias, as conversas no aplicativo de paquera viraram namoro e até evoluíram depois para um noivado à distância. Pelo menos, era o que a vítima acreditava. Depois de conquistar a confiança da mulher, o “noivo” prometeu presenteá-la com notebook, joias e dinheiro.

Por e-mail, a vítima recebeu uma confirmação falsa de envio de uma transportadora. Em seguida, um homem desconhecido ligou para avisar que a encomenda havia chegado ao Brasil, mas seria necessário pagar uma taxa para regularizar o dinheiro enviado. Como nunca conseguia quitar o valor, a mulher descobriu ter caído no golpe. Perdeu R$ 26 mil.

Promessa de casamento

O perfil falso se passava por homem do País de Gales. Após aceitar a amizade em uma rede social, a mulher relata que até recebia fotos do “namorado” fardado, supostamente em uma ação militar na Síria. Apaixonada, acreditou que o homem viria ao Brasil para se casar com ela.

O golpista contou ter encontrado durante a missão uma fortuna, em dinheiro e joias, que pretendia mandar para a mulher. A vítima chegou a receber fotos da mala, com seus dados pessoais, que teria sido barrada na Alfândega. Perdeu R$ 50 mil

De mudança para o Brasil

Um brasileiro foi abordado em um aplicativo de mensagem por um perfil de mulher. A autora do contato dizia ser uma soldada do Exército dos Estados Unidos que pretendia vir morar no Brasil e pediu ajuda para trazer a bagagem.

O homem informou seu endereço e recebeu até o comprovante de remessa da golpista. Dias depois, teve a notícia que a encomenda havia sido apreendida na África do Sul e precisava realizar depósitos, em dólar, para liberá-la. Perdeu R$ 15 mil.

Presentes de luxo

O golpista foi insistente e enviou vários convites de amizade até ser aceito. O perfil era de um suposto capitão do Exército americano que estaria no Afeganistão. As conversas, em português, duraram mais de seis meses.

Em uma delas, o falso capitão disse que mandou uma bolsa com presentes e a encomenda chegaria ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Também pediu para que a mulher pagasse uma taxa para evitar retenção na Polícia Federal. Após fazer os primeiros depósitos e mesmo assim não conseguir resolver a situação, passou a ser ameaçada pelo golpista. Perdeu mais de R$ 40 mil.

Ricaços benfeitores e viúvo “em apuros”

A amiga virtual era uma suposta militar em missão contra do terrorismo da Organização das Nações Unidas (ONU). Benfeitora, a mulher dizia ter recebido U$ 1,5 milhão (cerca de R$ 7,4 milhões) de recompensa e ofereceu R$ 495 mil de presente para vítima, um brasileira, contanto que arcasse com os custos do envio. Perdeu mais de R$ 120 mil.

Já uma mulher foi enganada por um perfil de um suposto empresário americano que se ofereceu para pagar um tratamento dentário a ela. Os dois chegaram a fazer chamadas de vídeo, mas a imagem do rapaz nunca era nítida. Após pagar taxa de R$ 2 mil, percebeu ter caído em golpe.

Outra brasileira conheceu um viúvo americano, muito educado, na internet. O homem dizia que trabalhava em um navio, “estava em apuros” e pediu ajuda em dinheiro. Ela deu R$ 1,5 mil, mas ele queria mais. Ao perceber que se tratava de golpe, procurou a polícia.

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