Pais das irmãs do litoral dizem não entender sumiço e alegam estar sofrendo sem contato com as filhas: ‘Vida perdeu o sentido’

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Em entrevista ao g1, Anderson e Neide, que são pais das irmãs Poliana e Daniele, disseram que sempre foram bons pais e que estão sem conseguir dormir, comer e trabalhar. Eles fizeram um apelo para que as filhas mandem notícias. Pais das irmãs do litoral dizem não entender sumiço e alegam estar sofrendo sem contato com as filhas: ‘Vida perdeu o sentido’.
Rauston Naves/g1
Cinco dias após a polícia localizar as irmãs que estavam desaparecidas, os pais delas seguem sem ter contato ou receber notícias das filhas. Em entrevista ao g1, Anderson Souza Lima e Neide Lima, disseram não entender o sumiço das filhas e contaram estar sofrendo: “Vida perdeu o sentido”.
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Daniele Moreno de Lima, de 22 anos, e Poliana Moreno de Lima, de 19 anos, foram encontradas no sábado (13), em Jacareí. Elas estavam dadas como desaparecidas desde o dia 2 de maio, mas contaram à polícia que saíram de casa por vontade própria, pois consideravam o pai rigoroso.
Na data em que foram localizadas, o g1 tentou contato com a família das jovens, mas os pais não quiseram passar mais detalhes sobre o caso. No entanto, nesta semana eles aceitaram conceder uma entrevista exclusiva ao portal.
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De acordo com Anderson, ele e a esposa sempre foram bons pais e um dia antes do desaparecimento, tiveram um dia feliz em família.
“Elas sempre sonharam em morar em Caraguatatuba, a vinda para a cidade foi uma escolha delas. Elas trabalhavam normal com a gente, tínhamos um bom relacionamento. Um dia antes delas irem embora, elas foram pra praia com a gente, davam risada, conversavam. A Daniele era como se fosse meu braço direito, ela era tudo pra mim. Elas sabem disso”, contou o pai.
Ainda segundo Anderson, eles descobriram o desaparecimento por meio da carta. Como o bilhete não tinha muitos detalhes, eles pensaram que algo de ruim tivesse acontecido com as filhas.
“Foi aí onde a gente entrou em desespero. Se ela tivesse deixado uma carta grande, falando ‘pai eu to indo para tal lugar, pai pode ficar tranquilo’, a gente não tinha entrado em desespero, mas a gente ficou angustiado bastante tempo procurando, sem saber notícia, sem saber aonde encontrar”, explicou.
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Arquivo pessoal
Sem saber sobre o paradeiro das jovens, Anderson disse que a solução que encontrou foi buscar ajuda da polícia, bombeiros e da imprensa, para tentar encontrar as filhas. O pai disse ter vivido dias difíceis enquanto elas estavam desaparecidas, mas que mesmo sabendo que estão em Jacareí e que saíram de casa por vontade própria, continua sofrendo.
“Veio a minha decepção! Meu Deus, eu fui um homem que jejuei por cinco dias, sem comer, sem beber, sem tomar banho pedindo para que minhas filhas fossem encontradas. Não consigo parar de pensar nesse jejum. Eu sempre fui um bom pai e sempre conversei com elas, dava conselhos”, afirmou.
“Eu não tenho dormido ainda, eu estou tomando remédio, eu fiquei internado de sábado para segunda. Foi muita angústia para mim, fiquei sem comer, sem beber. Não consigo viver mais, minha vida não faz mais sentido. Eu não encontro saída na minha vida, sabendo o que minhas filhas fizeram comigo”, contou emocionado.
O pai disse que desde que elas foram localizadas pela polícia, Poliana e Daniele não enviaram nenhuma notícia para a família, nem entraram em contato para informar com quem estão, onde estão morando ou se estão bem.
“Meu celular está aqui, elas têm meu número de cor, poderiam mandar um ‘oi pai, eu estou bem, já me acharam, não fica assim pai, desculpe por eu ter deixado essa pequena carta’. Como você quer que eu fique tranquilo com uma carta desse tamanho? Eu só queria saber onde elas estavam, eu só queria que mandassem um ‘oi’, era isso que eu queria, mas agora a gente não sabe de nada”, relatou.
Pais das irmãs do litoral dizem não entender sumiço e alegam estar sofrendo sem contato com as filhas: “Vida perdeu o sentido”.
Rauston Naves/g1
Preocupação
Neide e Anderson afirmaram que mais do que decepcionados pelo sumiço, a preocupação é o que os tem consumido. Eles temem que Poliana e Daniele não estejam bem.
“A gente sempre deu de tudo para elas, o aniversário de 15 anos da Daniele foi melhor do que um casamento! Agora a gente não sabe se elas estão trabalhando, se estão comendo bem. Na casa da mãe e do pai, vocês comem bem, dormem bem, vocês têm de tudo! Por aí, o que vocês vão ter? Não vão ter nada”, disse Anderson.
“Eu estou sem poder trabalhar, eu começo a chorar e a sentir desespero. Estou à base de remédios, tomando muito calmante. Estou angustiado sem notícias da minha filha, sem poder dar um abraço. Aonde ela estiver, ela vai ver que eu sou um bom pai. Eu não entendo porque ela fez isso, não entendo, não encaixa na minha cabeça”, completou.
Anderson ao lado da esposa Neide e as filhas que estavam desaparecidas.
Arquivo pessoal
Esperança de reencontro
Apesar do atrito e desgaste que a situação causou na família, os pais afirmam não ter mágoas e que têm esperança de voltar a ter contato com as jovens, que elas entrem em contato e retomem a relação familiar.
“Nós não aguentamos mais tanto sofrimento. A mãe não guarda ódio de ninguém, o nosso portão tá aberto para minhas filhas. A nossa porta vai estar aberta na hora que vocês quiserem voltar, se quiserem ligar para nós, vir até nós, a gente vai sentar, vai conversar. A mãe ama muito vocês. A nossa vida não tem mais sentido”, contou Neide, emocionada.
“Hoje, se ela chegar no portão, ela vai ser bem recebida, ela sabe que a gente sempre amou elas e elas não tinham motivo para ter saído”, afirmou Anderson.
Por fim, a família agradeceu o apoio da comunidade que se mobilizou para tentar encontrar Poliana e Daniele.
“Ficou uma história mal contada, mas agradeço a ajuda de todos, todos se preocuparam, nos ajudando, polícia, bombeiros, família, amigos, me ajudando, dando apoio”, agradeceu.
Delegacia Investigações Gerais (DIG) de Jacareí
Reprodução/ Street View
Irmãs localizadas em Jacareí
As duas irmãs que desapareceram após deixar uma carta para os pais, em Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo, foram encontradas no último sábado (13), em Jacareí, no interior do estado. Elas não eram vistas desde o dia 2 de maio.
Mais tarde, a polícia informou ao g1 que as irmãs saíram de casa por vontade própria e que elas alegam que o pai era rigoroso.
Daniele Moreno de Lima, de 22 anos, estava desaparecida.
Arquivo pessoal
Desaparecimento
Nesta semana, em entrevista ao g1, o pai das irmãs contou que elas são jovens trabalhadoras, caseiras e apegadas com a família. Elas trabalham junto com os pais em uma loja de móveis, no bairro Massaguaçú, mesmo bairro onde residem. Ele lamentou o sumiço e disse não entender o motivo do desaparecimento.
“As duas já terminaram os estudos, são apegadas com a família, trabalhavam na loja conosco nos ajudando. Elas nunca foram meninas de ir pra festa, beber, não tinham namorados. Sempre foram caseiras! Nunca fizeram nada assim, não têm motivo para ter desaparecido”, contou o pai das jovens, Anderson Soares de Lima.
De acordo com Anderson, elas sumiram na madrugada do dia 2 de maio e saíram de casa levando algumas roupas e bolsas. Antes de desaparecer, elas deixaram uma carta para os pais. Na carta, as jovens pedem perdão por serem motivo de desgosto e terem sido covardes (veja mais abaixo).
“Um dia antes do desaparecimento, eu vi no celular delas mensagens de homens tentando aliciar elas. A gente conversou com elas, dando conselhos e ficou tudo bem! No dia seguinte, elas sumiram e achamos a cartinha, delas falando ‘me perdoe, estou sendo covarde por sair’”, relembrou.
“É desesperador! Estamos sem saber o paradeiro delas, minha esposa só chora, estamos sem comer, sem conseguir trabalhar. A gente está bem abalado! Estou orando, já fiz jejum para elas serem encontradas, mas ainda não sabemos onde estão”, contou na época.
Poliana e Daniele deixaram uma carta antes de desaparecerem.
Arquivo pessoal
Na carta, as jovens dizem: “Pai, mãe, perdoa eu, por favor. Me perdoa por tudo. Perdão por dar esse desgosto para vocês, perdão por ser uma covarde e sair”.
“Achamos a carta estranha. Não tinha motivo delas terem ido embora, de terem saído. Se estivesse na casa de alguém, já teriam entrado em contato com os avós ou algum outro parente pelo menos. Já procuramos por elas até no IML. Ninguém sabe onde elas estão!”, disse na entrevista ao g1.
Poliana Moreno de Lima, de 19 anos, estava desaparecida.
Arquivo pessoal
A família registrou boletim de ocorrência e o caso estava sendo investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São Sebastião. Segundo a família, imagens de câmeras de segurança estão em posse da polícia e mostram um homem em atitude suspeita junto às jovens. Os celulares das irmãs também foram entregues para a polícia.
“Somos muito apegados, moramos juntos, trabalhamos juntos, elas eram meu braço direito na loja. Nunca nos deram desgosto. Cada dia vai apertando nosso coração, não sabemos o que está acontecendo, se estão em cativeiro, correndo perigo. A gente tem esperança que elas sejam encontradas”, afirmou.
Delegacia em São Sebastião
Wilson Araújo/TV Vanguarda
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