‘Se esse bar falasse’: dos prêmios pelas receitas originais à trajetória de vida, bar do Carlinho coleciona vitórias em Uberlândia

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O g1 entrevistou o Carlinho, dono do estabelecimento que leva o próprio nome, para a quarta reportagem da série ‘Se esse bar falasse’. Ele contou a história do bar e as dificuldades ao longo da vida até alcançar o reconhecimento atual. Carlinho, dono do bar em Uberlândia
Juliana Kopp/g1
Desde 2007, quando participou pela primeira vez do concurso ‘Comida di Buteco’, Carlinho e a família já foram três vezes campeões da etapa regional e outras três vezes em segundo lugar no pódio das melhores porções de Uberlândia. No entanto, as vitórias começaram antes disso. Conheça abaixo a história do bar do Carlinho, tradicional na cidade desde 1990.
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Esta é a quarta, das cinco reportagens da série “Se esse bar falasse”. Conheça também as outras matérias, sobre o bar da Dona Antônia, do Betão e dos Morenos.
‘Vai ser aqui’
Carlinho e as filhas, ainda pequenas, na porta do bar, em Uberlândia
Carlinho/arquivo pessoal
José Carlos Alves, o Carlinho, abriu o bar em 1990, no Bairro Bom Jesus. A decisão em ter um comércio veio com a necessidade da família, que também estava começando nesta época. Carlinho e a esposa Simone Ferreira, que esperava a primeira filha do casal, não tinham experiência com porções ou vendas, mas o sonho foi o pontapé que precisavam para começar a trajetória.
“Nosso começo foi muito complicado. O mais difícil de tudo é que a gente não tinha dinheiro para investir. Então pensa você saber que precisa muito comprar alguma coisa, mas você não tem como”, relembrou o dono.
Carlinho brinca que começou com cigarro picado, doses de pinga e ficha de sinuca. As mesas de bilhar eram, inclusive, as únicas ‘mesas’ do bar, como conta. Ele ainda fez outras tentativas de negócio, como compra e venda de peixes pelas ruas da cidade, mas repetia à esposa: “se tiver que dar certo, vai ser aqui”.
Desde que decidiu focar todos os esforços no bar, qualquer dinheiro conquistado retornava em melhorias no próprio estabelecimento. No entanto, no conturbado começo, a sorte não parecia estar a favor da família.
“A única coisa que eu tinha era uma moto. Um dia eu cheguei pra minha esposa e falei ‘acho que vou vender essa moto e colocar alguma coisa aqui no bar com dinheiro’. Ela falou ‘não, a gente só tem a moto pra andar, você vai vender?’. No fim, roubaram minha moto, eu fiquei sem a moto e sem o dinheiro”, contou aos risos.
Aos poucos, as dificuldades foram passando a partir das experiências, esforços e oportunidades bem aproveitadas. Carlinho e Simone transformaram a cozinha, banheiros, substituíram as mesas de sinuca por mesinhas para os clientes e começaram as boas receitas, que hoje são motivo de orgulho dos donos.
Carlinho e Simone na preparação das porções para o concurso ‘Comida di Buteco’, em Uberlândia
Carlinho/arquivo pessoal
Comida boa e ‘di Buteco’
Lembra das oportunidades bem aproveitadas? Então, para o casal a virada de chave para o sucesso foi a primeira participação no concurso “Comida de Buteco”, em 2007.
Carlinho guarda com carinho o ano de 2007 na memória
Juliana Kopp/g1
“A nossa dificuldade em 2007 foi de criar um prato novo, que a gente nunca tinha feito antes, para participar do concurso. Mas aceitamos o desafio e ainda despertou um talento na Simone que nem ela imaginava. Ela cria tudo, me entrega as receitas prontinhas. Eu só entro para finalizar uma coisa ou outra, mas ela é abençoada na cozinha”, disse.
Simone criou o prato ‘Agarradinho na Neve’, com pedacinhos de carne empanados no gergelim. Depois disso, as vendas e a expectativa para as edições seguintes do concurso aumentaram. “A vida foi melhorando. Por isso a gente dá valor e quando a gente sabe que vai ter o Comida, damos o sangue mesmo. Participamos e assim que acaba, já vamos pensando no que vai fazer no outro ano”, contou.
De 2007 pra cá, Carlinho e a família já estiveram no pódio das melhores comidas de boteco seis vezes: três em primeiro lugar e outras três em segundo, contando a última edição do concurso, em 2023. Depois, todas as porções criadas para participar, passam a fazer parte do cardápio.
“Hoje somos o bar que mais venceu o concurso em Uberlândia. Somos muito gratos”, reforçou. E como não vamos passar vontade sozinhos, veja abaixo as porções premiadas do bar do Carlinho!
Coleção de vitórias do bar do Carlinho
E para a comida ficar linda e gostosa, o trabalho, segundo Carlinho, chega a ser artesanal. Por valorizarem as porções quentinhas, feitas na hora, optam por vendê-las apenas no local. As entregas foram feitas apenas no período de pandemia, quando o bar precisou interromper as atividades presenciais e o delivery se tornou a saída para afastar o estabelecimento das crises.
Por toda a história e qualidade, o esforço é reconhecido pelos clientes.
“Um dia, uma cliente escreveu em um guardanapo e deixou o bilhete na mesa. O nome dela era Ludmila, mas a gente não consegue saber quem é. Ela elogiou o prato, o tempero, deu parabéns à equipe e é esse tipo de coisa que enriquece a vida da gente”, relembrou.
Hoje, Carlinho comemora as vitórias das premiações, mas principalmente da vida. Se esse bar falasse, ele poderia contar a história de toda a família de Carlinho, que cresceu ali, e da clientela, que se formou ao longo destes 33 anos.
“Quando é pra acontecer, tudo fica a seu favor. É uma sensação boa de que as dificuldades passaram. E tudo o que eu e minha família fizemos aqui, desde sempre foi com o coração. Por isso que hoje digo que realizamos o nosso sonho lá do começo”, finalizou.
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*Estagiária sob supervisão de Guilherme Gonçalves.
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