Cerca de 30 animais silvestres morrem no RJ por acidentes em rede elétrica; projeto de lei quer responsabilizar concessionárias

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Instituto Vida Livre, no Rio, já atendeu cerca de 200 animais acidentados em rede elétrica. De acordo com o presidente do Instituto Vida Livre, poucos sobrevivem. Marcelinho, macaco-prego, perdeu os bracinhos. Macaco Marcelinho perdeu os braços em um acidente na rede elétrica do RJ
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Um projeto de lei do deputado federal Marcelo Queiroz (PP-RJ) exige adaptações e melhorias nas redes elétricas e quer responsabilizar empresas pelo custeio de resgate e tratamento dos animais feridos. No Rio de Janeiro, cerca de trinta animais morrem por ano em acidentes envolvendo fiação e muitos outros ficam com sequelas.
Um dos acidentes mais comuns é o choque elétrico, ocasionados por linhas de transmissão em postes, linhões e por fiações expostas.
Em 2 anos, o Instituto Vida Livre, uma ONG do Rio, já atendeu, de forma gratuita, uma média de 200 animais silvestres em situações de risco. Esse é o único instituto cadastrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) na cidade para reabilitação de animais silvestres.
Macaco Marcelinho; presidente do instituto diz que a Light comete descaso com ele
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“Desde maio de 2021 o instituto atua recebendo inúmeros casos de animais vítimas de eletrocussão, em particular da rede elétrica da Light no RJ, que já somam 28 casos em menos de um ano. A maioria dos animais não resiste aos ferimentos. No total, 22 morreram, e suas carcaças estão congeladas aqui no Instituto”, explica o presidente da ONG, Roched Seba.
Três animais que foram tratados ainda vivem no instituto: dois macaquinhos que ficaram com sequelas, e o macaco Nino que corre o risco de perder um dos pés.
Marcelinho, um macaco-prego que perdeu os braços, vive no local desde setembro de 2022. Ele se acidentou em uma rede da Light.
“O Marcelinho se tornou símbolo do descaso dessa empresa. A Light e seus representantes sabem desde o momento 1 do episódio. Tiveram conosco uma série de reuniões e promessas vazias”, completa o presidente.
A ativista Roberta Sudbrack ajuda a cuidar de Marcelinho. Ela também cobra a responsabilização da empresa pelo que aconteceu ao animal.
“Se o Marcelinho fosse uma geladeira que queimasse num pico de energia, o dono seria ressarcido. É um absurdo e uma vergonha que o país que tem a maior biodiversidade do planeta não disponha de uma legislação que obrigue as empresas a se responsabilizarem pelos prejuízos que causam à fauna”, escreveu ela nas redes sociais.
Em nota a Light informou que realiza, com frequência, podas de árvores e que em pontos onde há maior incidência de animais silvestres, os condutores de média tensão têm revestimento. A empresa, no entanto, não se manifestou sobre o caso de Marcelinho (veja a nota completa mais abaixo).
No instituto, os cuidadores tentam minimizar o trauma e o estresse que o animal sente. Uma das tentativas é, no calor, fazer um picolé de frutas para Marcelinho. Em um vídeo postado no Instagram da organização, dá pra ver a curiosidade e satisfação do bichinho ao receber o doce preparado pela chef especialmente para ele.
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Dos animais que foram atendidos pelo Instituto Vida Livre RJ, apenas um macaco-prego e um gambá foram devolvidos para a natureza até hoje.
“Também conseguiram a tempo salvar uma preguiça que estava num poste da Light e poderia ter se acidentado. Nem os bombeiros e muitos menos a Light dispunham de pessoas e carro para salvar o animal no dia”, relata Seba.
Macaco Marcelinho se acidentou em 2022
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Apresentado na Câmara dos Deputados, o projeto de lei também pretende criar uma política de prevenção de acidentes.
“Apresentei o projeto de lei 564/2023 que propõe a criação de uma política de prevenção de acidentes elétricos, obrigando que essas concessionárias façam adaptações e melhorias nas redes, além de responsabilizá-las pelo custeio do resgate e do tratamento dos animais”, explica o deputado.
Nota da Light
“A Light acredita na importância de zelar pela preservação do meio ambiente e prevenir o risco de eletrocussão de animais silvestres. Para isso, a companhia realiza planos cíclicos de poda de árvores, o que afasta os animais da rede elétrica.
Anualmente são podadas mais de 60 mil árvores na cidade do Rio e 150 mil árvores na sua área de concessão. Também são implementados, estrategicamente, protetores e mantas para minimizar o contato direto com pontos energizados da rede.
Em pontos mais sensíveis, onde há maior incidência de animais silvestres, os condutores de média tensão possuem revestimento, ou seja, estão protegidos quanto ao contato direto com o condutor energizado e os circuitos são inspecionados anualmente a fim de levantar fragilidades e possíveis defeitos.”
*Estagiária sob supervisão de Cláudia Loureiro
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