“Só devo satisfação a duas pessoas no PL”, diz Yury do Paredão

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O telefone do gabinete de Yury do Paredão (PL-CE) não parou de tocar nos últimos 7 dias. O motivo: uma foto que o deputado federal fez ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 12 deste mês. A linguagem agressiva para criticar o congressista, porém, foi além de eleitores e não eleitores.

Dentro de seu partido, o mesmo do ex-presidente Jair Bolsonaro, colegas de Congresso criticaram o deputado pessoal e publicamente. André Fernandes, também eleito pelo Ceará, chegou a fazer publicação nas redes sociais. “Deputado do PL que posa ao lado do maior ladrão da história do Brasil em foto tem que ser expulso imediatamente do partido. Quem tem ‘honra’ em receber Lula, não tem honra para permanecer no nosso partido”, escreveu sem citar nomes.

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Contrapondo ao Poder360 os ataques, Yury do Paredão afirma que “só deve satisfação a duas pessoas” na legenda, referindo-se ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e ao líder da bancada na Câmara, Altineu Cortes (RJ).

“Na 6ª (12.mai), o presidente Lula esteve em Juazeiro do Norte, e fui ao aeroporto recebê-lo, como o único deputado federal eleito em Juazeiro e na região do Cariri e que reside na região. Da mesma forma que recebi o presidente, receberia qualquer presidente que estivesse lá”, incluindo o nome de Bolsonaro na declaração.

O deputado conversou com este jornal digital sobre o ocorrido, defendeu sua postura, refutou estar de olho nas eleições municipais de 2024 e afirmou ser da ala do diálogo dentro do PL.

Poder360 – Como se deu essa situação toda de críticas?
Yury do Paredão – Na 6ª (12.mai), o presidente Lula esteve em Juazeiro do Norte, e fui ao aeroporto recebê-lo, como o único deputado federal eleito em Juazeiro e na região do Cariri e que reside na região. Da mesma forma que recebi o presidente, receberia qualquer presidente que estivesse lá, assim como o ex-presidente Bolsonaro. Fui eleito democraticamente para representar o povo do Ceará e levar melhorias para o meu Estado. Então, como o presidente Lula foi eleito democraticamente, cumpri meu papel de recebê-lo na minha cidade. Acredito muito que só conseguirei avançar no meu mandato com diálogo, podendo visitar os ministérios. Quando tiver oportunidade, dialogar com o presidente Lula. Vejo que a política, quando é feita com diálogo, é algo que pode fazer mudanças na vida das pessoas. Sou contra o ódio. Não é meu perfil. 

E como o senhor lidou com as críticas de seus colegas?
Fiquei surpreso com o comportamento de alguns parlamentares do PL, mas respeito o posicionamento. Espero que respeitem o meu. Tenho grande respeito, admiração e gratidão pelo presidente Valdemar, que me deu oportunidade de ser candidato a deputado federal quando eu ainda não era nem candidato. Tenho certeza de que ele tem esse respeito por mim. Falando a grosso modo, dentro do PL, só devo satisfação a duas pessoas: presidente Valdemar e ao líder Altineu, por quem tenho uma gratidão imensa. O líder Altineu me acolheu e deu oportunidades já no início do mandato.

O senhor teve uma relatoria de MP…
Sim. Fui designado para ser relator da MP 1139, que fala do Pronampe. Estou participando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) como titular. Só devo satisfação a eles e à população que votou em mim e aos brasileiros de maneira geral.

O senhor acha que estes dias serão de termômetro para aferir o mal-estar?
Estou de cabeça erguida. Da minha parte, não tem mal-estar algum. Respeito e respeitarei sempre os colegas parlamentares e espero que eles me respeitem, que possamos ter uma relação harmoniosa no partido, já que não levo minha política com ódio.

O senhor tem medo de repressão dentro do PL?
Meu pai me criou para não ter medo de gente. Não tenho medo de nada e de ninguém. Recebi ataques nas redes, telefonemas… Postei uma foto no Dia das Mães, e muitos atacaram minha mãe. Mas não tenho medo algum. Podem pegar esses robôs que eles colocam e fazer mil comentários que não tenho medo.

O senhor pensa em deixar o PL mais à frente?
Sou filiado desde 2021. Minha saudosa irmã* foi eleita pelo PL em 2020. Tenho grandes amigos no PL. Nunca me passou pela cabeça deixar o partido. Se um dia quem decide quem fica ou sai do partido, que é o presidente Valdemar, me convidar ou expulsar, tudo bem. Mas sou fiel ao partido. A preço de hoje, não passa pela minha cabeça. O presidente Valdemar, que disse à imprensa que se eu fui cumprimentar o presidente Lula como estadista, fiz certo, mas que se eu for petista eu deveria estar no PT. Eu não sou petista. O presidente Valdemar não me fez esse convite e nem tratou nada de expulsão, assim como o líder Altineu.

O aceno ao presidente Lula tem relação com sua pretensão de ser candidato a prefeito de Juazeiro em 2024?
Minha família está passando por um momento delicado com tudo que aconteceu ultimamente. Não estou com cabeça para pensar em 2024.

O deputado André foi bem cruel com o senhor nas críticas…
Respeito o André Fernandes e outros parlamentares. No momento em que André ou qualquer outro queira dialogar, estou pronto, mas não me intimido com ódio e ameaças de forma alguma.

Quantos da bancada do PL na Câmara fazem parte da ala do diálogo?
Posso falar por mim. Estou entrando nesse momento no meu 1º mandato. Tenho muita ciência de onde eu vim, onde estou e aonde quero chegar.

*A irmã de Iury do Paredão, Yanny Brenda, foi assassinada em março deste ano, pelo namorado, que cometeu suicídio em seguida.

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