Lula terá que se dividir entre defesa de Zanin e embates com Lira

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Após evitar uma derrota no Congresso que teria consequências desastrosas para seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não terá calmaria pela frente. A articulação política terá de ser aprimorada para novas votações, principalmente na Câmara, e Lula e seus auxiliares terão ainda de atuar na defesa pública da indicação do advogado pessoal do petista, Cristiano Zanin, para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

A frente de defesa de Zanin vai precisar ser mais intensa no âmbito da opinião pública do que no Senado, onde o indicado de Lula não deverá enfrentar muita resistência na votação. Entre influenciadores digitais, analistas políticos e até militantes que normalmente apoiam o governo, porém, a situação é menos confortável e a escolha de Lula tem sido criticada por ignorar o princípio da impessoalidade.

Muitos comentaristas estão usando, nas críticas, palavras do próprio Lula em debate na eleição do ano passado, quando condenou, mirando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a indicação de amigos para a Suprema Corte. Veja exemplos:


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As críticas à escolha do presidente, porém, não são generalizadas e há muitos perfis defendendo Zanin e o direito do presidente da República de escolher quem quiser indicar, respeitados os limites de idade, de reputação ilibada e de notório saber jurídico. Enquanto militantes travam o debate das redes, perguntas sobre a questão ética da escolha terão de ser respondidas por Lula e por seus ministros e líderes no Congresso.

As polêmicas na esfera pública não deverão, no entanto, ter o poder de interferir no processo legislativo, onde a tendência é a aprovação do nome de Zanin antes do recesso parlamentar de julho.

Próximos embates com Lira

No campo legislativo é que está a principal trincheira de luta do governo Lula, pois a aprovação da medida provisória que reorganizou os ministérios não significa que o governo consolidou sua base. A própria aprovação veio com a imposição de uma derrota, pois os articuladores de Lula não tiveram condições de evitar a desidratação das pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas.

Ao final da votação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez novas declarações críticas à articulação petista e ameaçou não fazer mais “sacrifícios” para ajudar o governo, que, segundo ele, terá de “andar com as próprias pernas”.

Entendendo o recado, Lula disse, nesta sexta (2/6), em São Paulo, que é preciso “conversar com quem não gosta da gente, com quem não vota na gente”.

A proposta de reforma tributária que o governo prepara para mandar ao Congresso deverá ser o único tema da agenda do Planalto que terá a simpatia de Lira. O governo terá que trabalhar muito e tem poucas chances de vitórias em outras votações que estão previstas para as próximas semanas, como a que dá mais peso ao voto do Poder Executivo em caso de empate nas disputas do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), que julga questões sobre impostos.

A MP que recria o programa habitacional Minha Casa Minha Vida também precisa ser votada na Câmara e não tem aprovação garantida, além de poder ser alterada em pontos que o governo não gostaria, como o fim do monopólio da Caixa Econômica Federal para fazer os contratos.

Em busca da governabilidade

Para evitar que as derrotas no Congresso se tornem a regra, os articuladores de Lula seguem tentando aprimorar o diálogo com líderes partidários e o balcão de nomeações e liberações de emendas parlamentares.

A mudança de patamar no relacionamento entre governo e Congresso, porém, poderá depender de mudanças na Esplanada dos Ministérios. Lula por enquanto resiste à ideia de uma reforma ministerial, mas trocas pontuais são esperadas por seus auxiliares em algumas pautas.

Partidos do Centrão como o PP de Lira, o União Brasil e o Republicanos têm processos de conversa abertos com a equipe de Lula e buscam espaços no primeiro escalão para darem apoio mais sólido às pautas do Palácio do Planalto.

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