Exploritas foi do bilhão ao milhão. Agora, acredita estar pronta para a reviravolta

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Um chiste bastante conhecido diz que a forma mais fácil de se tornar um milionário é ser um bilionário e abrir uma companhia aérea. Se a expressão for adaptada para o universo dos investimentos, a gestora Exploritas diria que basta investir na Argentina.

Na virada de 2019 para 2020, com a vitória de Alberto Fernández sobre o então presidente Mauricio Macri, a bolsa argentina sofreu um revés violento, com algumas ações caindo 60%. Foi o efeito subprime em um único dia. E o baque no fundo Exploritas Alpha FIC FIM foi imediato: a volatilidade chegou a 90% e o drawdown (queda do valor de um ativo em relação a sua cotação máxima) bateu nos 50%.

A tempestade se tornou perfeita com o início da pandemia de covid-19. O patrimônio líquido (PL) da Exploritas, que chegou perto de R$ 1,7 bilhão, caiu para a casa dos R$ 800 milhões. E, com a onda de resgates, o PL ficou próximo dos 10% do pico.

“Foi um efeito ruim. Nessas horas, você reduz o risco, mas não é uma semana fácil para a gestão. O problema é que você desce de elevador e sobe de escada, tanto que fechamos aquele ano com 27%”, diz Daniel Delabio, sócio-fundador da Exploritas.

Atualmente com quase R$ 300 milhões sob gestão, a Exploritas ainda está longe daquele momento de ouro vivido até 2019. Mas quando se olha a fotografia do retorno para o investidor, aquele (grande) ponto fora da curva foi uma penalização muito grande para a gestora.

Ao contrário de muitas casas que demoram para voltar a performar, a Exploritas fez esse caminho de forma rápida. No ranking dos fundos multimercado, o Exploritas Alpha é o melhor da indústria em 36 meses, com rentabilidade acumulada de 99,3%. Em 24 meses e 12 meses ocupa a segunda posição, com 57,4% e 33,7%, respectivamente.

“O problema é que o investidor médio, que entrou na alta e saiu na baixa, teve um retorno na sua aplicação bem pior do que a cota do fundo mostra. Mas é a falta de paciência, que faz ele sacar numa janela curtíssima e não esperar um período mais longo”, diz um analista de fundos.

Esse mesmo especialista completa: “Guardadas as devidas proporções, é o mesmo que aconteceu com Peter Lynch e o Magellan Fund, conhecido pelos retornos excepcionais num período de 13 anos, mas que também registrou quedas fortes e grandes saques.”

Com a segurança de uma janela longa de bons resultados, a Exploritas voltou a pensar em captação. Para isso, trouxe João Paulo Nucci para liderar o departamento comercial, que estava “desativado” há mais de um ano e meio.

JP, como é conhecido no mercado, esteve no Unibanco, Votorantim, BR Partners, Credit Suisse e viveu sete anos em Londres como responsável pela cobertura comercial de gestoras com foco na América Latina.

Em pouco mais de um mês, JP realizou 70 reuniões. O objetivo é reconquistar o investidor institucional que já esteve com a gestora. Há quatro anos, eram 16 family offices e 15 fundos de pensão. Hoje, permaneceram dois family offices e apenas um fundo de pensão.

“Começamos a receber saques antes do movimento que pegou todo mercado, que vem sofrendo com a migração para a renda fixa. Mas pensamos que nosso capacity é entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões”, diz Delabio.

Multimercado latino-americano

O Exploritas Alpha FIM é muito mais parecido com os hedge funds americanos. Enquanto a maioria dos multimercados brasileiros são apegados ao kit Brasil e, por isso, ganham dinheiro com a estratégia de queda dos juros e alta de bolsa e câmbio, a gestora de Delabio tem um interesse específico pela América Latina.

Essa característica acompanha Delabio desde que ele analisava bonds e equities da região latino-americana para o Dimaio Ahmad Capital, uma gestora conhecida pelos ativos de crédito e que chegou a ter US$ 6,3 bilhões até a crise de 2008. Em seguida, ele levou sua expertise para a Explorador Capital Management, que faz investimentos com foco exclusivo na América Latina.

Na Exploritas, o time analisa quatro ativos de seis países (Brasil, México, Chile, Peru, Argentina e Colômbia), o que gera 24 possibilidades de alocação para o fundo, tanto para atuar comprado como vendido.

“Juntamos os países e geramos oportunidades para extrair valor. Por exemplo, conseguimos fazer paralelos entre o minério de ferro no Brasil, o cobre no Chile, os grãos na Argentina e o petróleo no México”, afirma Delabio.

A gestora também tem um carrego maior de ações do que os pares. Em geral, a estratégia da Exploritas contém de 20 a 30 papéis. O fundo segue a metodologia bottom up com imput top down, ou seja, a estratégia parte das ações com ideias do cenário macroeconômico. Essas informações macro saem da equipe liderada por Andrei Spacov, que foi sócio da Gávea Investimentos.

Mas, entre março de 2021 e junho de 2022, a Exploritas ficou distante das ações. A gestora carregou pouco risco em equities. No segundo semestre do ano passado, ela voltou, mas não com o call de eleições, seja com Lula ou Bolsonaro. A escolha foi na disputa ao governo de São Paulo, com as ações da Sabesp.

A visão era de que tanto Tarcísio de Freitas (governador eleito) como Rodrigo Garcia tocariam a privatização, o que faria o papel andar. Essa escolha gerou um ganho de 5% para o fundo.

Embora o fluxo de dinheiro tenha migrado para a renda fixa, a Exploritas projeta cortes na taxa de juros entre agosto e setembro deste ano. Isso deve dar um push para a bolsa local.

Além disso, os investidores estrangeiros estão alocados abaixo da média histórica nos emergentes, algo que pode favorecer quem conhece a região. “Estamos de olho nos fenômenos que geram distorções de mercado”, diz Delabio.

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