Imersa na obra de Cássia Eller, Ana Carolina estreia no João Rock e diz que show de tributo à roqueira será ‘junção de DNAs’


Cássia morreu seis meses antes da primeira edição do festival que completa 20 anos em 2023. Ana Carolina conversou com g1 sobre o processo de construção da homenagem à ídola. Ana Carolina faz turnê em homenagem a Cássia Eller
Priscila Prade / Divulgação
“Acho que as coisas acontecem no tempo certo. Estar num festival como esse faz todo sentido com o momento tão especial que estou vivendo”, reflete a cantora Ana Carolina ao falar sobre o show que fará neste sábado (3), na 20ª edição do João Rock, em Ribeirão Preto (SP). Desde setembro em turnê em homenagem à Cássia Eller, Ana fará sua estreia no festival justamente no momento em que se vê imersa à obra de um dos maiores ícones do rock nacional.
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Em “Ana canta Cássia”, o público reconhecerá (ou, em alguns casos, ouvirá pela primeira vez), grandes sucessos do repertório de Cássia Eller, revividos pela voz e personalidade de Ana Carolina. “Não se trata de um show de covers”, adianta a cantora que tentou imprimir a própria assinatura nas releituras do tributo. “É uma junção dos dois DNAs”, garante.
Estreia no festival
Ao contrário de muitos artistas que colecionam passagem no festival, Ana Carolina chega como uma novidade para a edição comemorativa de 20 anos do João Rock. Ela faz sua estreia dividindo o protagonismo com Cássia Eller, que, infelizmente, nunca se apresentou no festival. A primeira edição foi realizada cerca de seis meses após sua morte da roqueira. Mas será que, se fosse viva, ela participaria?
“A Cássia era imprevisível e, por isso, genial! Então fica difícil responder essa pergunta. Mas são muitos elementos interessantes no João Rock, como um palco dedicado exclusivamente às mulheres. Conhecendo a veia de rock e de sempre empoderar a mulher, tenho certeza que a Cássia olharia pro festival com todo carinho do mundo. E, se tocasse, não tenho a menor dúvida que faria história”, arrisca Ana.
No João Rock, Ana Carolina se apresentará no palco Aquarela, dedicado a artistas mulheres
Íris Alves / Divulgação
Protagonismo feminino
Nesse exercício de “e se”, Ana destaca a outra novidade desta edição do João Rock de, pela primeira vez, ter um palco apenas com atrações femininas. Para Ana, esse protagonismo é muito importante, especialmente em um evento onde é possível dialogar com novas gerações e um público mais diversificado.
“Acho que uma das coisas mais legais do festival é, justamente, ter pessoas ali que não vão com a intenção de me ver. Eu posso trocar com o público que habitualmente não está se relacionando comigo. Isso, sem contar a troca musical interessantíssima que acontece porque temos a oportunidade de rever amigos da música, ver seus shows, e conhecer sons novos. Acho que todos esses elementos vão dar um caráter todo especial pro ‘Ana canta Cássia’ dentro do João Rock”, antecipa.
Antes da artista, a fã
A admiração de Ana Carolina por Cássia Eller não é segredo para ninguém. O próprio título da turnê atual, “Ana canta Cássia – Estranho seria se eu não me apaixonasse por você”, deixa transparecer os vários sentimentos, que, muito antes de dar sua voz às músicas da ídola, já eram declarados.
“Sou fã-confessa da Cássia, inclusive brinco que sou fã de camiseta dela. Pra ter uma ideia, meu primeiro contato musical com ela foi ouvindo ‘Por Enquanto’, do primeiro álbum dela, na rádio. Fiquei impactada e desesperada pra saber quem era a cantora por trás daquela voz tão linda. Foi amor à primeira vista e nunca mais parei de ouvir tudo que ela fizesse”, recorda.
Nesse sentido, não foi nada fácil quebrar a barreira entre a fã e a profissional a fim de assumir a responsabilidade de preservar o legado construído, na opinião de Ana, com “estilo único de se portar em cena e um vocal cheio de personalidade”.
“Sempre foi um desejo íntimo realizar uma turnê com canções dela, mas meu lado fã nunca não achou que sequer isso fosse possível”, garante.
Ana Carolina faz show em homenagem à Cássia Eller
Íris Alves / Divulgação
DNA misturado
De acordo com intérprete de “Garganta”, definir o setlist da turnê também envolveu dificuldades. Depois de repassar toda a obra de Cássia, a saída encontrada foi fazer, junto com sua equipe, uma pré-seleção, que depois foi sendo diminuída até chegar às escolhas finais.
Ana garante ter buscado formas de colocar traços da sua personalidade como artista nas canções, sem descaracterizar o DNA original.
“Logo na abertura, por exemplo, começamos com ‘Malandragem’, mas com arranjos diferentes. Já ‘Relicário’, eu preferi fazer voz e piano. Enfim, tem bastante diferença ao mesmo tempo que há muitas semelhanças”, conta.
Ana Carolina em número performático do show em que aborda o repertório de Cássia Eller
Iris Alves / Divulgação
Além dos principais sucessos de Cássia, a fã também quis incluir no setlist músicas que ganharam importância íntima para ela.
“Coloquei músicas como ‘Maluca’, que é uma das minhas favoritas. E, no finalzinho do show, algumas das minhas próprias. Então, o que as pessoas ouvem é uma junção dos dois DNAs. Acho que encontramos um caminho que faz sentido para essa homenagem tão cheia de amor e, sobretudo, respeito pela Cássia”, avalia.
Até porque, em muitos aspectos, a mineira conta não conseguir “isolar” seu DNA, visto que tinha, em sua própria, traços da personalidade de Cássia, mesmo antes de conhecê-la.
“Assim como eu no dia a dia, ela era extremamente tímida e parecia ser tomada por uma força incrível no palco. Tanto que, em 1999, quando lancei ‘Garganta’, algumas pessoas do convívio próximo dela ouviram a canção e acharam que era ela cantando. Pra minha sorte, né?!”, lembra, rindo.
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