
‘Gambiarra’ virou serviço que consegue reunir cerca de 9 mil pessoas e gerar R$ 220 mil em sete horas de evento. Feirinha em praça de Aracaju
Rafa Borgatto/Estúdio Gambiarra
Inovador, dinâmico e lucrativo, o empreendedorismo criativo vem crescendo em Sergipe. Um exemplo desse impulso foi gerado há cerca de 11 anos, com a Feirinha da Gambiarra, que começou reunindo 12 participantes, e, atualmente, reúne cerca de 100 por edição.
O que começou, literalmente, com “gambiarras” e amigos da idealizadora, a arquiteta Isabele Ribeiro, tocando para atrair o público, virou um serviço que consegue reunir cerca de 9 mil pessoas e movimentar R$ 220 mil em sete horas do evento que ocorre, em geral, quatro vezes por ano.
“Eu tenho muito orgulho de falar que a feirinha tem uma presença forte na economia criativa local de Sergipe”.
Isabele Ribeiro
Rafa Borgatto/Estúdio Gambiarra
Itinerante e um dos eventos responsáveis por ocupar espaços públicos de Aracaju, como praças e parques, a feirinha começou em um antigo brechó fixo na Região Central da capital. Além dos itens usados, o local costumava receber peças artísticas de mulheres, até que a procura aumentou e o local passou a não comportar mais tantos produtos.
“Eu, muito novinha, colocava lá, mas não tinha muita noção de gestão, de negócio. Até que viajei, conheci a feirinha hippie de Ipanema, no Rio de Janeiro, e voltei para Aracaju com esse insight, essa ideia de fazer algo parecido aqui, que seria a solução para abraçar todas as marcas que me procuravam”, lembrou Isabele Ribeiro.
Feirinha da Gambiarra em Aracaju
Joelma Gonçalves/g1
Ano a ano, o público foi crescendo e fortalecendo o evento, que não impulsiona apenas negócios, mas também movimenta a cena artística e cultural, com palcos para shows de artistas locais, incluindo atrações para o público infantil.
Feira reúne vários espaços para o público que além de conhecer diferentes produtos se diverte
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Feirinha da Gambiarra reúne público infantil
Estúdio Gambiarra/Rafa Borgatto
“Nosso público é formado por pessoas que gostam de comprar de pequenos empreendedores, de valorizar a cultura local. Já os empreendedores que participam têm um retorno financeiro não só no dia, mas também no pós feirinha, tanto em termos de venda, de encomendas, quanto de crescimento de rede social, o crescimento de nome de marca”, disse.
Negócios que começaram na feirinha já passaram de micro a pequenas e médias empresas. “Eu entendo que a gente tem um papel muito importante durante todos esses anos, dando esse suporte a pequenas marcas, porque elas crescem, inclusive a gente tem grandes exemplos, como a Revo Burguer, uma marca que surge ali na feirinha, que participou por uns anos e hoje já não participa mais, porque já tem o seu espaço físico e não consegue participar dos dois ao mesmo tempo”, comemora.
Designer de interiores apostou aposta em loja física, virtual e usa feira para estar mais perto do público
Joelma Gonçalves/g1
O contrário também acontece, quando profissionais ampliam seus horizontes das lojas físicas e virtuais para estar perto do público, como faz a design de interiores Ana Paula Andrade, que em maio deste ano completou a sua nona participação na feirinha. Para fazer o trabalho ela conta com a ajuda do marido e de uma irmã.
“O meu desejo de empreender foi alinhado a contribuir de alguma forma para a decoração de ambientes. Estar em uma feira é uma oportunidade de estar em contato com o público. Já que 90% da minha receita vem das vendas através das redes sociais”, destacou.
Professora participa de feira para impulsionar negócio
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A professora do município de São Cristóvão, na Grande Aracaju, Magilene Araújo participou de duas edições, e viu na feira, uma oportunidade para aumentar a renda. “É a primeira vez que empreendo. Comecei a fazer as minhas peças de macramê durante a pandemia, e fiz tantas que acabou surgindo a ideia de vendê-las”.
Duas gerações que transformaram a arte do crochê em negócio
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Para Juraci Anastácia do Nascimento, que comercializa a sua arte desde 2005, a feira é uma vitrine importante. “Faço crochê, bordados e bonecas de pano. Inicialmente comecei a comercializar no Centro de Artesanato, mas vi nas feiras uma oportunidade de ampliar os seus lucros. É uma forma de movimentar o negócio e ter mais visibilidade”, disse.
Na feirinha da Gambiarra, ela compartilha o espaço com Luã Freitas, que divide o seu tempo entre as agulhas do crochê e os pincéis que dão vida a diversos quadros. Versátil, ele se define como um apaixonado pela arte.
Feira reúne diferentes tipos de arte
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Empreendedorismo em números
Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) sobre micro empreendedorismo em Sergipe revelam que:
Até maio deste ano, 101.818 microempreendedores individuais estavam em atividade em Sergipe;
O setor injeta R$ 2,8 bilhões ao ano na economia do estado;
Criou 9.868 postos de trabalho nos últimos 12 meses;
65,8% das vagas com carteira assinada abertas são do setor.
Orientações para formalização
A abertura e formalização de um negócio exigem habilidades e conhecimentos em diversos áreas, a exemplo do mercado a ser investido, estratégia, boa administração, marketing, entre outras. Confira abaixo algumas dicas do Sebrae em Sergipe.
Antes de se abrir um negócio, é preciso saber que tipo de empresa você quer investir. Na página do Sebrae há um material com ideias para quem quer empreender;
Tendo a ideia, para torná-la realidade é preciso ter perfil empreendedor, conhecer a realidade do mercado e organizar um plano de negócio. É por meio dele que o empreendedor terá informações detalhadas do seu ramo, produtos e serviços, clientes, concorrentes, fornecedores e, principalmente, pontos fortes e fracos do negócio, contribuindo para a identificação da viabilidade de sua ideia e da gestão da empresa;
O empreendedor precisa também avaliar se vai ser necessário buscar crédito junto às instituições financeiras para o negócio. Leia mais dicas aqui.