Tarcísio escanteia secretário que causou desgaste com Lula e estatal da Ucrânia

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São Paulo — Embora tenha escapado da demissão há um mês, após causar desgaste entre os governos Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) envolvendo a empresa ucraniana de aviação Antonov, o secretário estadual de Negócios Internacionais, Lucas Ferraz (foto em destaque), foi escanteado pelo governador paulista e sua permanência na gestão ainda é incerta.

Ferraz exerce uma função equivalente à de chanceler no governo, mas Tarcísio deixou o secretário fora de agendas recentes que o governador manteve com autoridades estrangeiras.

No último dia 2 de junho, o governador recebeu no Palácio dos Bandeirantes o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, na primeira visita de um chefe de Estado à sede do governo paulista desde que Tarcísio assumiu seu mandato, em janeiro.

O evento cumpriu quase todos os ritos diplomáticos. PMs da Casa Militar ficaram perfilados para a recepção de Niinistö e o tapete vermelho foi estendido no saguão do Palácio dos Bandeirantes. Mas faltou a presença do secretário.

No dia anterior, Tarcísio havia visitado o canteiro de obras da Linha 6-Laranja da rede de metrô, projeto que está sendo executado pela empresa espanhola Acciona. O governador recebeu ali a embaixadora da Espanha no Brasil, Mar Fernández-Palacios, além de outros representantes diplomáticos, e novamente a ausência de Ferraz foi sentida.

O “gancho” teve início em abril, após uma confusão envolvendo Ferraz, o governo Lula e a Antonov, empresa ucraniana fabricante de aviões.

A pasta de Ferraz disse à CNN que, no fim de março, havia recebido representantes da Antonov e que negociava um investimento de US$ 50 bilhões em São Paulo para a fabricação de aviões, mas que o projeto havia sido adiado por causa da falas de Lula sobre a Guerra da Ucrânia.

Na ocasião, enquanto estava na Arábia Saudita, Lula disse que tanto ucranianos quanto russos eram responsáveis pela guerra, o que gerou ruídos entre o Brasil e os aliados da Ucrânia que reverberaram até a reunião do G7, há duas semanas.

A Antonov, porém, negou que tivesse representantes no Brasil e o vultoso plano de investimentos, e petistas chegaram a apresentar uma representação contra o secretário ao Ministério Público, colocando o governo Tarcísio em rota de colisão com o governo Lula.

A crise, na época, foi vista como “uma série de erros” cometidos por Ferraz e, segundo auxiliares do governador, outros nomes chegaram a ser cogitados para assumir o cargo.

Ferraz é um dos nomes “técnicos” que Tarcísio nomeou para seu governo. Ele havia sido secretário de Comércio Exterior no Ministério da Fazenda na gestão de Paulo Guedes, e tinha a missão de auxiliar o governador a vender seu Programa de Parcerias em Investimentos (PPI) a empresários estrangeiros, em um plano de atrair R$ 180 bilhões até 2026.

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