Entenda relação entre tempo seco, queimadas e conjuntivite em alta na região de Piracicaba


Inmet emitiu alerta amarelo de perigo de baixa umidade de ar em Piracicaba, Limeira e Nova Odessa. Oftalmologista explica que partículas de incêndios geram irritação dos olhos. Conjuntivite pode se manifestar com o tempo seco
Reprodução/ TV Centro América
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta amarelo de perigo para baixa umidade do ar em diferentes cidades da área de cobertura do g1 Piracicaba e Região nesta sexta-feira (20), incluindo Piracicaba (SP), Limeira (SP) e Nova Odessa (SP).
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O alerta começa às 11h e aponta que a umidade relativa do ar deve variar entre 20% e 30% até às 21h, índice considerado baixo, uma vez que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que uma umidade relativa do ar ideal é acima de 60%.
O tempo seco, agravado pelas queimadas na região tem aumentado o número de pessoas com conjuntivite. Dados do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Piracicaba apontam uma alta de 426% nas consultas de conjuntivite na região de Piracicaba no primeiro semestre de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023.
Cidades da região de Campinas e Piracicaba registram aumento nos casos de conjuntivite
Os números, levantados pela EPTV, afiliada da TV Globo, junto ao órgão da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, apontam que, na área do DRS de Piracicaba, foram registradas 2.716 consultas relacionadas à conjuntivite na rede pública entre janeiro e julho de 2024. No mesmo período de 202 foram 516 registros.
Como comparação, os números são muito superiores aos do DRS Campinas, que registrou um aumento de 31%, ao considerar as 2.923 consultas em 2024 frente às 2.228 consultas de 2023
Lubrificação, tempo seco e queimadas
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, é necessário que os olhos estejam sempre lubrificados.
“Os nossos olhos precisam estar bem lubrificados, precisam ter uma lágrima de boa qualidade e boa quantidade para enxergarmos, e nós estamos tendo fatores externos que estão acabando com a qualidade do filme lacrimal”, explica.
Oftalmologista Leôncio Queiroz Neto
Reprodução/ EPTV
O médico explica que o cenário de queimadas que o Brasil vive nas últimas semanas, pode gerar irritação dos olhos.
“A queimada tem partículas que acabam muitas vezes entrando em contato com a mucosa ocular, mudando seu PH, gerando irritação”, diz.
Calor
Somado ao tempo seco e à baixa umidade, as sucessivas ondas de calor também podem trazer prejuízos aos olhos.
“Nós ficamos mais na telinha e acabamos piscando menos e produzindo menos lágrima, nós ficamos em ambiente com ar-condicionado por causa desse calor terrível que deia o ar mais rarefeito e com isso mais ressecado”, aponta o médico.
Tipos de conjuntivite
A conjuntivite pode ser viral, bacteriana ou alérgica.
A conjuntivite viral pode durar até três semanas. Como é transmitida por vírus, é muito contagiosa. Faz com que os olhos fiquem muito sensíveis à luz, o que é conhecido como fotofobia. Causa a sensação de que se tem areia nos olhos. Precisa ser tratada com colírio e corticoides para evitar complicações.
A conjuntivite bacteriana dura menos tempo que a viral, caso seja tratada adequadamente. Há mais secreções, com olhos mais vermelhos. Geralmente, a transmissão ocorre por meio de objetos contaminados. Precisa ser tratada com antibióticos específicos e, caso não tratada corretamente, pode apresentar riscos até da perda da visão.
A conjuntivite alérgica pode ser associada à relação com a rinite. Coça muito e é difícil de controlar, principalmente em crianças. Não é contagiosa.
Atendimento oftalmológico
Reprodução/TV Globo
Infecção
Segundo o oftalmologista, olho que lacrimeja menos é muito mais vulnerável à infecção.
“É preciso buscar um oftalmologista para que ele possa identificar a etiologia e tratar adequadamente”, diz o dr. Leôncio.
Orientações
No cenário de tempo seco, com baixa umidade e queimadas, a orientação é que as pessoas evitem coçar os olhos em ambientes públicos e intensifiquem os cuidados com a higiene e a hidratação dos olhos.
“Primeiro, é preciso hidratar muito bem. Segundo, às vezes, utilizar algum colírio lubrificante. De preferência, colírio sem conservante.
O médico orienta a evitar tocar as mãos nos olhos e sempre higienizar muito bem as mãos.
Lentes de contato e queimada
As pessoas que usam lente de contato, precisam ter um cuidado especial. Muitas vezes as partículas geradas pelas queimadas podem ficar presas à lente e causa desgaste, gerando uma irritação maior.
“Às vezes a pessoa esquece e continua usando a lente de contato, e daí podemos ter complicações e comorbidades oculares”, completa o oftalmologista.
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