Aumento do nível do mar ameaça costas com ‘maré de infortúnios’, alerta chefe da ONU

O secretário-geral da ONU, António GuterresANGELA WEISS

ANGELA WEISS

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou nesta quarta-feira (25) que o aumento do nível do mar devido à mudança climática ameaça criar “uma maré de infortúnios” para os 900 milhões de pessoas que vivem nas zonas costeiras do mundo.

As populações costeiras, particularmente as mais pobres e vulneráveis, já começaram a sofrer esta “maré de infortúnios”, afirmou Guterres, antes de alertar que o “aumento do nível do mar não só modificará as costas, mas também a economia, a política e a segurança” em todo o planeta.

Os cientistas alertam que o nível do mar está subindo mais rapidamente do que em qualquer momento dos últimos 3.000 anos, devido ao derretimento das camadas de gelo da Groenlândia e da Antártica.

Entre 1901 e 2018, o nível do mar subiu cerca de 20 cm, quase metade deste valor só entre 1993-2018. A taxa de aumento atingiu quase meio metro nos últimos anos.

Os gases de efeito estufa, produzidos principalmente pela combustão de combustíveis fósseis, são os principais culpados.

Muitos países já começaram a sofrer as consequências. É o caso do Panamá, onde centenas de famílias insulares foram realocadas no continente; Vanuatu, condenado a desaparecer sob as águas do Pacífico; Bangladesh, onde a água salgada contamina a água potável, destrói colheitas e ameaça a saúde da população.

Cabe aos líderes mundiais mitigar estas ameaças, instou Guterres. “As suas escolhas determinarão a escala, o ritmo e o impacto do aumento do nível do mar”, alertou.

O aumento do nível do mar também intensifica as tempestades, a erosão costeira e as enchentes, destruindo a biodiversidade e atividades como pesca, agricultura e turismo.

“Se não agirmos rapidamente, a situação será muito pior”, também devido à pressão migratória.

Guterres exortou os participantes na COP 29, que acontecerá em novembro no Azerbaijão, a definirem fontes de capital “novas e inovadoras” e a fazerem contribuições “significativas” para o novo Fundo de Perdas e Danos, como um passo em direção à “justiça climática”.

“Precisamos que os países desenvolvidos dupliquem o financiamento da adaptação para pelo menos 40 bilhões de dólares (218 bilhões de reais) por ano até 2025”, apelou.

Mas, acima de tudo, comprometem-se com planos econômicos que limitam o aumento da temperatura a um máximo de 1,5º C.

“Não podemos permitir que as esperanças e aspirações de bilhões de pessoas morram na água. Não podemos permitir a destruição em massa de países e comunidades. É hora de inverter a maré. E salvar-nos do aumento do nível do mar”, alertou.

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