‘Seca verde’: fenômeno no Nordeste também impacta a criação de animais em Alagoas

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No Piauí, 10 municípios decretaram emergência por causa da seca. Em Simões, por exemplo, são quase 5 mil trabalhadores rurais sofrendo com as perdas na produção de 2023. Fenômeno da seca verde atinge sertão do Piauí e de Alagoas
A chuva cobriu de verde a paisagem no sertão do Piauí e de Alagoas, mas não o suficiente para resolver o problema dos produtores rurais.
Caminhar pela roça de milho é motivo de tristeza para Alfredo Merquides de Carvalho. O agricultor, de 77 anos, esperava colher em 2023 uma safra maior. Mas a chuva que veio não foi a ideal.
“Esse ano, eu tirava umas 200 sacas de milho. Agora, quem sabe é Deus. Seja o que Deus quiser”, lamenta o trabalhador rural.
O trabalhador rural Benício José de Carvalho vive o mesmo drama. As vagens do feijão ficaram miúdas e com poucos grãos. Um desalento para quem só conta com isso para viver.
“A gente investe muito na roça, na expectativa de tirar para o consumo e para vender. É daqui nossa fonte de renda”, diz.
O cenário na região é: nas plantações, por baixo, uma vegetação rasteira verdinha, mas o que foi plantado não germinou ao ponto de gerar colheita aos agricultores. Segundo os climatologistas, esse fenômeno é o que explica a “seca verde”.
“Quando em algum momento da planta falta algum dos ativos, no caso a água, esse desenvolvimento não é o completo, por isso que a gente chama de seca verde. Você vai ver, por exemplo, um milharal belíssimo, sem espigas. Você vai ver uma plantação de arroz maravilhosa, sem arroz”, explica o climatologista Werton Costa.
Dez municípios decretaram emergência por causa da seca. Em Simões, por exemplo, são quase 5 mil trabalhadores rurais sofrendo com as perdas na produção de 2023.
“Tudo no prejuízo, perda aí em torno de 70% a 80%. O município já está descoberto como um todo”, afirma José Pedro Sério, tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Simões.
Sem ter o quer colher e com pouco para comer e para dar aos animais, o agricultor Cícero espera por ajuda: “Para comer e beber só com ajuda agora”, diz.
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O fenômeno no Nordeste também está impactando a criação de animais em Alagoas. O gado está magro e sedento. As chuvas não encheram os reservatórios nem para o consumo humano.
“Temos cinco carros-pipas da prefeitura, mas esses carros suprem escolas, postos, repartição públicas… E, para o povo, não sobra quase nada. A prefeitura não tem condições de aumentar”, afirma José Barbosa, coordenador municipal da Defesa Civil de Jaramataia, em Alagoas.
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