Maio Amarelo: Aumento no número de feridos aponta ineficiência de campanhas de conscientização

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No dia 30 de março, uma criança de 8 anos morreu no Hospital Santo Antônio após seis dias internada. Ela estava no banco de trás de um carro que se envolveu em um acidente de trânsito na altura do km 46 da BR-470, em Blumenau. Os pais da criança também ficaram gravemente feridos.

A condutora suspeita de ter causado o acidente, uma mulher de 28 anos, dirigia um Honda Civic que bateu de frente com o carro da família no dia 24 de março. Após investigação, a mulher foi indiciada pela Polícia Civil de Blumenau pelos crimes de homicídio e lesão corporal culposa qualificada.

Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros Militar

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Este é apenas um exemplo dos estragos que o trânsito pode fazer, seja na vida de quem é envolvido em um acidente, quem perde um ente querido ou quem, por falta de cautela ou responsabilidade, acaba provocando um acidente.

Apesar disso, desde 2014 acontece no Brasil o movimento “Maio Amarelo”, que busca debater, levar informação e conscientizar a população sobre a importância de um trânsito seguro para todos. Campanhas se espalham por todo o país alertando sobre os riscos da falta de atenção no trânsito.

Em Blumenau, a prefeitura programou uma série de ações para o mês. Algumas bastante curiosas, que chamam a atenção dos moradores, como destroços de carros acidentados que foram espalhados pela cidade; manequins simulando corpos acidentados; ou a “morte” mandado recados para motoristas e pedestres.

Foto: Prefeitura de Blumenau/Divulgação

Porém, será que essas ações são realmente efetivas? De acordo com dados da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), em 2021 Blumenau registrou 4.218 acidentes de trânsito. Eles foram os responsáveis por 20 mortes e 1.884 pessoas feridas. Já em 2022, apesar do aumento de pessoas feridas, 1.975, houve redução no número de acidentes, 3.995, e no número de mortes, com uma pessoa a menos do que no ano anterior. Vale destacar que estes números dizem respeito apenas as áreas urbanas de Blumenau, sem levar em consideração rodovias estaduais ou federais.

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Para a especialista em Segurança no Trânsito, Márcia Pontes, a queda no número de mortes de um ano para o outros não significa melhora no trânsito. “O fato de em 2022 ter morrido uma pessoa a menos do que em 2021 não é suficiente para afirmar que estamos melhorando no trânsito, pois estamos falando de vidas por trás desses números. A quantidade de acidentes ter diminuído é bom, mas termos mais feridos e apenas um óbito a menos de um ano para o outro não é positivo, o que significa que não houve melhora significativa”, acredita.

Ela ainda destaca que, apesar da redução no número de acidentes, mais pessoas se feriram em 2022 e não é possível saber a extensão dos acidentes. “Não se sabe a gravidade dos ferimentos: se mais gente se feriu de forma leve, grave ou gravíssima ao ponto de ficarem sequeladas ou passando por tratamentos demorados, o que também impacta a pasta da saúde do município”, aponta.

Eficiência das campanhas

Para Márcia, o objetivo das campanhas de Blumenau, como a que espalhou sucatas de veículos pela cidade, é impactar o motorista. “Mexer com ele e alertar: olha, se você não dirigir com mais cuidado e respeitando as leis de trânsito vai acontecer isso com você. Alguns entenderão o recado, outros não”, diz. Porém, ela lembra que em 2022 a ação já aconteceu e o número de feridos em decorrência de acidentes de trânsito aumentou na cidade.

Foto: Portal Alexandre José

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Solução

O assunto é complexo e envolve, além de investimentos em infraestrutura por parte dos governos, consciência dos motoristas. E essa, infelizmente, é uma decisão que depende de cada um e não pode ser imposta, apesar das campanhas que fazem o alerta das consequências da falta de responsabilidade ao pegar no volante.

Além disso, há muitos anos Blumenau vem refletindo o padrão da maioria das cidades brasileiras: frota que não para de crescer e vias que não comportam mais a quantidade de carros em circulação. Com isso, a fluidez no trânsito fica cada vez mais comprometida, com motoristas dirigindo cada vez mais devagar nos gargalos e em horários de pico para, depois, tentar compensar acelerando. Para a especialista em trânsito, é isso que torna a direção agressiva e perigosa.

“Para que o trânsito se torne mais seguro depende-se de um conjunto de fatores que envolve os gestores e a sociedade como um todo. No âmbito político tem que se brigar mais por verbas para iniciar ou concluir as obras que faltam, rever as ações para a segurança no trânsito que estão sendo feitas e aplicar melhorias contínuas para que surtam efeito”, afirma Pontes.

Além disso, ela deixa a sugestão: priorizar o transporte público é importante. “A cada ônibus lotado são cerca de dez veículos a menos circulando e o trânsito só melhora quando melhoram as condições de mobilidade com deslocamentos seguros, rápidos e com conforto“, finaliza.

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