Falta de médicos e de medicamentos em Joinville são alvos de reclamações em audiência pública

A falta de médicos e de medicamentos foram alvos de reclamações dos moradores de Joinville, no Norte catarinense, durante audiência pública na Câmara de Vereadores. O encontro foi realizado na noite de segunda-feira (19) e contou com a presença da secretária de Saúde, Tânia Eberhardt.

Audiência pública foi realizada nesta segunda-feira (19) – Foto: Mauro Artur Schlieck/CVJ/Divulgação

Alcione Márcio Briezinsk é morador do Paranaguamirim e falou sobre a falta de médicos e, consequentemente, de vagas na UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) do Estevão de Matos.

“Tem que madrugar no posto, chegar 4h, 5h e pedir a Deus que consiga uma oportunidade [de atendimento]”, disse . Além disso, ele afirma que aguarda por atendimento especializado desde o início do ano e ainda não foi chamado.

“[No mesmo posto] dentista com duas vagas de manhã e atende na emergência. Então, se chegar duas emergências, não tem mais vaga no dentista”. O morador conta que levou a filha com problema no dente, amanheceu no posto e foi informado, ao ser atendido, foi informado de que não tinha mais vaga. “Com dor, tivemos que buscar por outros meios, pois ali estava difícil”, afirmou.

O profissional de saúde Ramon Guimarães também aproveitou para relatar a falta de medicamentos e insumos nas unidades de saúde da cidade.

“Geralmente a prefeitura responde que é problema na licitação, com fornecedor, e quem entende de compra pública sabe que isso pode acontecer, então precisa ter barreiras, contingências para que tenha o fornecedor B, o plano C, D”, comentou.

Entre os medicamentos em falta, cita o profissional, estão os remédios para saúde mental. “Falta todo dia. Quem faz atendimento com saúde mental o medicamento não pode parar [de tomar]”, relatou.

Moradores apresentaram reivindicações por conta da falta de médicos e medicamentos – Foto: Mauro Artur Schlieck/CVJ/Divulgação

Presidente do Conselho de Saúde do Ulysses Guimarães, Miguel de Oliveira disse que a UBSF do bairro é “vulnerável” e que os dois profissionais que foram afastados ainda não foram substituídos.

A partir dos relatos, a comissão de Saúde, criada em abril, com duração de 60 dias úteis, vai produzir um relatório final com as demandas joinvilense e enviar aos órgãos competentes, como Ministério Público e os governos estadual e municipal.

Tânia citou que foram chamados 60 profissionais de 127 e que um posto de saúde passou a abrir até às 19h, e que outros dois postos também terão o horário estendido.

Secretária de Saúde também participou da audiência – Foto: Mauro Artur Schlieck/CVJ/Divulgação

“Nós temos muitas pessoas insatisfeitas, em com razão, mas temos muitas pessoas que saem satisfeitas dos postos”, disse a secretária de Saúde. Tânia destacou a importância do controle social dos órgãos públicos e a participação nos conselhos locais, como o Conselho da Saúde.

Concurso público na saúde

A presidente do Sinsej (Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville e Região), Jane Becker, voltou a cobrar concurso público para a saúde e criticou a contratação de terceirizados e a intenção da Prefeitura de transferir unidades de saúde a organizações sociais. Para ele, os servidores da área estão fazendo “milagre”, diante dos problemas.

“Eu sou a favor do concurso público, mas não adianta ter concurso se nós não resolvermos uma situação que está na nossa mesa, que é o que nós vamos fazer com o limite prudencial”, afirmou a secretária de Saúde.

Tânia se referiu ao fato de o município ter alcançado 51,56% da receita corrente líquida com folha de pagamento. O valor ultrapassa o chamado limite prudencial, de 51,30%, definido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar Federal 101/2000).

A Prefeitura chegou a pedir a suspensão de projetos de lei que aumentariam a despesa com pessoal, na semana passada.

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