Na Europa, Lula diz que os países ricos precisam financiar a proteção ao meio ambiente

Em Paris para participar da cúpula para um novo pacto financeiro, presidente criticou a decisão do Banco Central de manter a taxa de juros: ‘É irracional’. Em Paris, Lula diz que países ricos têm que financiar a proteção ao meio ambiente
O presidente Lula chegou nesta quinta-feira (22) a Paris para participar da cúpula para um novo pacto financeiro, e criticou a decisão do Banco Central de manter a taxa de juros.
Na manhã desta quinta-feira (22), ainda em Roma, o presidente Lula deu uma longa entrevista. Foi questionado sobre a decisão de quarta-feira (21) do Banco Central do Brasil de manter a taxa de juros em 13,75%.
A taxa de juros é o principal instrumento do Banco Central para conter a alta da inflação e é decidida de forma colegiada. Lula, repetiu as críticas que tem feito nos últimos meses à taxa e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Não se trata de o governo ficar brigando com o Banco Central. Quem está brigando com o Banco Central hoje é a sociedade brasileira. As pessoas que precisam de crédito para tocar a economia e tocar a sua atividade estão brigando com a taxa de juros. Porque é irracional o que está acontecendo no Brasil. Agora, o presidente não pode fazer nada porque ele não foi indicado pelo presidente. Ele foi indicado pelo Congresso Nacional, pelo Senado. Então, o Senado é que tem responsabilidade de cobrar dele. Eu acho que este cidadão joga contra a economia brasileira”, afirmou Lula.
Lula também falou sobre a situação de vizinhos da América do Sul e Central. Ele prometeu conversar com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, para pedir a libertação de bispos presos no país; e disse que a situação econômica na Argentina gera muita preocupação, e que encomendou à área econômica uma proposta de ajuda para ser apresentada quando o presidente Alberto Fernández for ao Brasil, no fim de junho.
Lula comentou ainda sobre a guerra na Ucrânia e sua proposta de paz, assunto que dominou o encontro dele com o Papa Francisco na quarta-feira (21).
“Acordo de paz, os dois envolvidos têm que ganhar alguma coisa, se não não tem acordo. Se você tem uma proposta em que alguém tem que ceder 100%, não é acordo. É rendição, é imposição. E quem sabe o que é necessário para ter um acordo são os ucranianos e os russos”, disse.
De Roma, Lula seguiu para Paris. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se juntou à comitiva. Ele também criticou a decisão do Copom.
“Eu penso que o descompasso entre o que está acontecendo no Brasil, com o dólar, com a curva de juros, com a atividade econômica, é um claro sinal de que nós podíamos sinalizar um corte da taxa Selic. Nós estamos contratando problema com essa taxa de juros futuro. É isso que essa decisão significa: ela está contratando problema”, afirmou Haddad.
Haddad acompanhou o presidente Lula nos quatro encontros bilaterais agendados para esta quinta-feira (22). O primeiro foi com o presidente da África do Sul. Depois, Lula esteve com o presidente de Cuba, com o primeiro-ministro do Haiti e, por último, com o presidente da próxima conferência do clima da ONU, a COP 28, Sultan al Jaber, dos Emirados Árabes Unidos.
No início da noite desta quinta (22), na cidade luz, Lula subiu ao palco, aos pés da Torre Eiffel, para discursar durante um festival de música. O evento é organizado por uma ONG que defende um mundo mais justo e sustentável.
Lula ressaltou a importância da Amazônia e cobrou participação mundial na defesa do patrimônio ambiental.
“Se responsabilizar os países ricos para financiar os países em desenvolvimento que têm reservas florestais. Na verdade, quem poluiu o planeta nesses últimos 200 anos foram aqueles que fizeram a revolução industrial e, por isso, tem que pagar a dívida histórica que tem com o planeta Terra”, disse o presidente do Brasil.
O último compromisso desta quinta-feira foi um jantar oferecido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, com a presença de outros líderes que foram a Paris para cúpula para um novo pacto financeiro global.
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