Imagens registradas por técnico de enfermagem suspeito de abusar de pacientes em UPA de Curitiba podem indicar mais vítimas em outros hospitais


Wesley da Silva Ferreira foi preso na terça-feira (29) e admitiu ter abusado de cinco homens. Em alguns casos, vítimas estavam totalmente inconscientes. Polícia Civil do Paraná investiga. Polícia avança nas investigações do técnico de enfermagem
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) avançou na investigação de imagens registradas pelo técnico de enfermagem suspeito de abusar de pacientes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e acredita na possibilidade de mais vítimas em outros hospitais.
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O investigado é Wesley da Silva Ferreira, de 25 anos, que confessou ter abusado de cinco homens ao ser preso na terça-feira (29). Em depoimento, ele afirmou que alguns deles estavam totalmente inconscientes devido à sedação. Veja mais detalhes abaixo.
Wesley também garante que não cometeu abusos em outros hospitais e nega a existência de mais vítimas. Ele diz que abusou dos pacientes somente na sala de estabilização, ou sala vermelha, conforme depoimento dele, ao qual a RPC teve acesso.
A sala de estabilização (SE) é um local de atendimento temporário e especializado para pacientes graves ou críticos, que se encontram em risco de perder a vida ou a função de algum órgão ou sistema do corpo.
No entanto, a delegada que analisa o caso, Aline Manzatto, está cruzando informações de plantões do técnico com as datas de registro de vídeos e fotos feitos por ele durante os abusos. A delegada acredita que alguns detalhes não são coerentes com o discurso do suspeito.
“Ali demonstra que, pelo menos, ele estaria em salas diferentes num estabelecimento hospitalar. Então, ou ele não fazia somente nessa sala de estabilização, conforme ele falou. Ou ele mentiu e nós temos vítimas de outros locais também em vídeos e fotos. Pela forma como ele atuava, eu acredito todos pensam que não foi ali que ele iniciou essa prática”, disse a delegada.
A polícia também descobriu que o homem cursava uma faculdade de enfermagem, o que pode ter levado o suspeito a realizar estágios em diversos ambientes. Uma equipe de investigadores foi enviada aos lugares em que Wesley trabalhou para tentar reconhecer os cenários gravados por ele.
O prazo de conclusão do inquérito é de dez dias e tem vencimento na próxima semana. A delegada pretende concluir as investigações e encaminhar denúncia ao Ministério Público.
O que dizem os hospitais?
A secretária municipal de saúde, Beatriz Battistella Nadas, ressaltou que já demitiu o técnico de enfermagem, anunciou que irá adotar critérios mais rigorosos para contratação de profissionais e disse que pretende prestar o atendimento necessário às vítimas.
“Aquele que, por ventura, precisam saber se foram vítimas ou não podem procurar a nossa secretaria pelo canal da ouvidoria, 156. E nós adotaremos todo o acompanhamento, monitoramento, tratamento de todos aqueles que foram vítimas desses atos indecorosos”, reforçou.
O Hospital Pequeno Príncipe (HPP), maior instituição exclusivamente pediátrica da América Latina e local em que o técnico também trabalhava, enviou nota à RPC e disse que nunca recebeu reclamações sobre a conduta do técnico.
“Ele não tem registro de queixas em relação a sua conduta na instituição, seja reclamação no Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) ou advertência do Setor de Recursos Humanos. O Pequeno Príncipe ainda não foi acionado formalmente, mas está levantando todas as informações para colaborar com as investigações e tomar as medidas necessárias”, disse.
No Hospital do Rocio, Wesley trabalhou por alguns meses em 2020 e também não teve registros de queixas de pacientes, conforme nota.

O Hospital Santa Cruz, local no qual o suspeito também trabalhou em 2020, foi procurado pela RPC e, até a última atualização desta reportagem, não retornou o contato
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Relembre o caso
O técnico de enfermagem Wesley da Silva Ferreira, de 25 anos, foi preso pela Polícia Civil na terça-feira (29) suspeito de abusar sexualmente de pacientes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Industrial de Curitiba (CIC).
A RPC teve acesso ao depoimento dele, no qual ele confirmou que as vítimas estavam sedadas durante os abusos e disse que filmava os atos porque “tinha vontade”. Leia trecho do depoimento:
Depoimento do técnico de enfermagem à polícia
RPC
O técnico é portador do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e admitiu estar em tratamento desde 2019 e saber que a doença é transmissível. Apesar disso, Wesley assumiu o risco ao cometer os abusos e confessou que eram cometidos há pelo menos um ano.
Na casa do homem, os policiais também encontraram medicamentos furtados dos hospitais em que trabalhou. Um dos produtos é o Fentanil, analgésico mais potente que a Morfina e também utilizado como entorpecente.
O Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren) manifestou repúdio a qualquer forma de abuso cometido por profissionais no exercício da profissão e disse que já determinou apuração do caso pela Câmara de Ética da Entidade.
O técnico de enfermagem deve responder por estupro de vulneráveis, furto, adulteração de medicamentos e perigo de contágio por moléstia grave. Crimes podem dar até 70 anos de prisão.
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