Suprema Corte dos Estados Unidos veta uso da raça para a admissão em universidades

suprema-corte-dos-estados-unidos-veta-uso-da-raca-para-a-admissao-em-universidades


As instituições de ensino superior nos EUA não podem ter cotas raciais. Ou seja, não é possível reservar vagas para pessoas negras, como acontece no Brasil. Joe Biden criticou a decisão. Suprema Corte dos Estados Unidos veta uso da raça para a admissão em universidades
Jornal Nacional/ Reprodução
A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta quinta-feira (29) que a raça não pode mais ser usada como critério de admissão de estudantes nas universidades americanas.
Até hoje, estava em vigor no país um instrumento de incentivo à diversidade racial chamado de “Ações afirmativas”. A maioria das universidades americanas tem um processo longo e complexo de admissão, que incluía um questionário no qual o candidato respondia se é branco, negro, indígena, asiático ou latino.
Nesta quinta (29), a Suprema Corte decidiu que essa pergunta viola uma emenda da Constituição que afirma que todos são iguais perante a lei. Seis dos nove juízes concordaram com um grupo de estudantes que processaram as universidades Harvard e da Carolina do Norte sob a acusação de discriminarem asiáticos. Os alunos afirmavam que, apesar de serem mais qualificados do que outras minorias, como negros e latinos, acabavam sendo prejudicados pelo foco na raça como critério de desempate.
A decisão desta quinta-feira não impede os alunos de citarem suas raças em outros documentos de candidatura para as vagas do ensino superior, como cartas de apresentação.
Até a década de 1950, em parte dos estados americanos, as pessoas negras eram proibidas de frequentar as mesmas escolas, igrejas, restaurantes de pessoas brancas. Com o fim da segregação, as ações afirmativas surgiram como parte de um esforço de integrar a sociedade. A prática foi adotada pela maioria das universidades do país.
Não significaram cotas raciais, que são proibidas. Ou seja, não é possível reservar vagas para pessoas negras, por exemplo, como acontece no Brasil.
Hoje, nessa decisão histórica, a Suprema Corte reverteu décadas de precedentes estabelecidos pelo próprio tribunal. As ações afirmativas já tinham sido contestadas na Justiça várias vezes.
Calvin Yang, um dos alunos que recorreu a Suprema Corte, disse que a decisão é o início de um novo capítulo para os asiáticos nos Estados Unidos, que marca a volta dos princípios igualitários para todos.
O presidente Joe Biden criticou veementemente a decisão em um discurso. Ele afirmou que ainda existe discriminação nos Estados Unidos e que a decisão não muda esse fato. E disse que pediu ao Departamento de Educação uma avaliação sobre quais práticas ajudam a construir um corpo estudantil mais inclusivo e diversificado.
LEIA TAMBÉM
Suprema Corte dos EUA declara que ações afirmativas em universidades são inconstitucionais
Veto da Suprema Corte a ações afirmativas nas universidades é retrocesso de décadas, diz Biden
Adicionar aos favoritos o Link permanente.