Modo mineiro de fazer queijo se torna patrimônio imaterial da humanidade; alimento é o primeiro da culinária brasileira a receber título


O anúncio foi nesta quarta-feira (4) de manhã em Assunção, no Paraguai, durante reunião da Agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Modo de fazer queijo em Minas Gerais se torna patrimônio imaterial da humanidade
O jeito mineiro de fazer queijo se tornou nesta quarta-feira (4) patrimônio cultural imaterial da humanidade.
É hora de juntar o rebanho pra garantir a matéria-prima. O leite extraído na fazenda do José Célio, em Santa Bárbara, interior de Minas, vai direto para a queijaria.
O leite é cru, sem conservante. Leva o pingo, um fermento natural feito do soro do queijo, além de coalho e sal.
O preparo é 100% artesanal. A Ângela espreme e molda a massa. É preciso habilidade pra deixar o queijo no ponto.
“Tem que ser muito valorizado, porque é muito trabalho fazer os procedimentos até tá curado para a saída dele, né?”, diz a queijeira Ângela Gomes Santos de Souza.
A maturação leva no mínimo 22 dias. E nesse tempo o queijo tem que ser virado várias vezes nas prateleiras, até estar pronto para venda.
Queijo de Minas Gerais é declarado patrimônio imaterial cultural da humanidade
Imagem: Reprodução/ TV Globo
Em Minas, são 9 mil produtores de queijo artesanal em mais de 100 municípios.
Além da tradição e qualidade, os modos de fazer queijo também carregam outros valores: o pertencimento, ou seja, o orgulho de ser um produto regional; a convivência, afinal, tem muito dessa relação familiar e comunitária no trabalho; e ainda a hospitalidade, típica do mineiro, que te recebe com um sorriso e mesa farta.
Tudo isso foi levado em conta pela Unesco ao reconhecer o queijo Minas artesanal como patrimônio cultural imaterial da humanidade.
O anúncio foi hoje de manhã em Assunção, no Paraguai, durante reunião da Agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
“Isso representa um estímulo ao desenvolvimento sustentável e reconhece um saber e uma tradição que vem sendo transmitida mais de três séculos de geração em geração”, fala Marlova Norleto, a representante da Unesco no Brasil.
O queijo produzido com o “jeitin” mineiro é o único alimento brasileiro declarado bem cultural e imaterial da humanidade.
“É importante lembrar que, por trás do queijo saboroso, de toda essa técnica, existem pessoas acolhedoras, pessoas comprometidas e pessoas que amam aquilo que fazem, e é por isso que precisam ser respeitadas e valorizadas”, pondera Leandro Grass, presidente do Iphan.
Um reconhecimento que agora atinge outro patamar.
“Não tem palavras pra descrever a emoção que a gente sente. Poder ter um valor melhor pra vender. O povo vai conhecer o que é o queijo Minas artesanal, que ainda o brasileiro não conhece”, diz José Célio dos Santos, produtor de queijo.
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