Idosa conquista habilitação aos 65 anos e mostra que a educação para o trânsito não tem idade

O trânsito é algo inevitável na vida em sociedade e por isso conhecer e respeitar às normas é essencial para evitar acidentes e preservar a vida. Especialista explica que a educação é mais efetiva que a punição. Romana conseguiu tirar carteira de motorista aos 65 anos
Arquivo pessoal
A Romana Santos da Silva Carvalho conseguiu concluir o sonho de se tornar uma motorista aos 65 anos. Foram mais de dois anos estudando as normas para vencer as aulas e provas práticas. Além de mostrar que os sonhos não tem prazo de validade, ela demonstra que a educação para o trânsito não tem idade limite.
“Decidi que queria tirar minha carteira em 2020. Foi difícil, tive algumas dificuldades porque veio à época da pandemia e tive dificuldade com instrutores, troca de carro, mas consegui com sucesso, graças a Deus. Peguei minha provisória no dia 9 de fevereiro de 2023”, disse.
Romana conta que era um sonho tirar a carteira, mas só resolveu colocar a mão no volante para incentivar a filha.
“Quando eu vi a minha filha, que não tinha tirado, eu pensei: vou entrar na aula para incentivar ela a tirar a carteira dela. Daí nós começamos a fazer as aulas junto, fomos para a autoescola junto. Eu permaneci e ela deu um tempo. Acabei terminando tudo e ela não concluiu ainda”, contou.
O trânsito é algo inevitável na vida em sociedade, seja para quem utiliza um veículo para se locomover e trabalhar, ou simplesmente vai ao supermercado da quadra de bicicleta ou a pé. Neste contexto, conhecer e respeitar às normas de trânsito é essencial para evitar acidentes e preservar a vida.
“A educação para o trânsito é um dos três pilares do trânsito, que envolve engenharia, fiscalização e educação. A educação busca levar conhecimento à população sobre um trânsito seguro e consciente, visando a redução de acidentes de trânsito e principalmente a diminuição de vítimas fatais em decorrência de imprudência e negligência ao conduzir veículo automotor”, explicou a agente de trânsito Carolina Santos de Souza.
Especialistas apontam que o melhor momento para começar a falar sobre o trânsito é no fim da primeira infância, por volta dos três anos. Nessa idade já é possível falar sobre as cores do semáforo, importância de usar a cadeirinha e outras noções básicas.
“É o momento em que a mente está mais capacitada para receber informações e a criança está mais em condições de entender as informações que receber. Quando ela entra na escola vai ser reforçada cognitivamente. Do ponto de vista da neurociência, isso vai ficar ancorado na mente da pessoa de uma forma que ela vai levando esses padrões para a vida”, explica o neuropsicólogo Joeuder Lima.
Imprudência causa acidentes
Quem ‘esquece’ as normas de trânsito aprendidas durante o processo de habilitação ou simplesmente às desconhece tem grandes chances de se tornar uma pessoa imprudente no trânsito. Essa, inclusive, é uma das principais causas de acidentes.
Em Palmas, segundo a Secretaria Municipal de Segurança e Mobilidade Urbana, os principais fatores de risco são dirigir sob influência de álcool, sem habilitação e o desrespeito à sinalização. Exemplos do chamado fator humano.
O reflexo desse comportamento é evidente nos números. Palmas, apesar de ser uma cidade planejada e de avenidas largas, vem registrando um alto número de acidentes e mortes nos últimos anos. Só em três meses de 2022, por exemplo, a cidade teve 346 vítimas de acidentes graves.
Educação para o trânsito é a resposta
Escola ensina crianças sobre educação para o trânsito
Colégio Marista/Divulgação
O foco excessivo na punição (multa, apreensão) tem pouco efeito transformativo no comportamento e nas atitudes das pessoas. O neuropsicólogo explica que o foco deve ser a educação, mas as punições são importantes quando o processo de educação tem falhas.
“Essa é a ideia da prevenção. A prevenção sai mais barato, tanto para a família, para o Estado, quanto para a sociedade. Utilizar esse processo de educação, de maneira que ele seja mais estimulado, mais frequente, vai fazer com que a manhã a gente não tenha tantas infrações. As infrações vêm porque o processo de educação foi falho. Quando não existe essa educação ou ela não foi eficiente aí precisa haver o braço da lei para fazer que as pessoas respeitem os limites”, explicou.
Em uma escola particular de Palmas a educação para o trânsito começa logo nos primeiros anos da educação infantil. É brincando que as crianças aprendem sobre a importância de respeitar a faixa de pedestre e os sinais de trânsito.
“Os alunos vivenciam na prática o que aprenderam na teoria. Eles trazem bikes e patinetes e dirigem pelo circuito montado na minicidade. Na ação, precisam respeitar a sinalização de placas e semáforos das ruas fictícias. O projeto tem objetivo de conscientizar as crianças a serem bons cidadão e condutores. Além disso, eles socializam o conteúdo que aprenderam com as suas famílias”, contou a diretora do Colégio Marista de Palmas, Heliane Concesso.
Crianças aprendem sobre o trânsito brincando
Luciana Pires/Secom Palmas
Em Palmas, a rede municipal de ensino também desenvolve projetos de educação para o trânsito nas escolas públicas. Em uma das ações, os estudantes da educação infantil também são levados para vivenciar e aprender as normas de trânsito em minicircuito com faixas e placas.
“As ações são direcionadas desde crianças e adolescentes, onde são trabalhados de forma lúdica a importância do uso de cadeirinha, cinto de segurança, bem como a maneira correta de atravessar a faixa de pedestres, para que eles já cresçam com essa consciência e consigam transmitir tais informações para os pais e responsáveis”, explicou a agente de trânsito.
Ações também são desenvolvidas com o público adulto em empresas públicas e privadas. Neste caso, o foco é a direção preventiva, manutenção veicular, além de alertar sobre o perigo da direção sobre a influência de álcool, estado de estresse e sonolência.
“A educação é de extrema importância para a comunidade em geral uma vez que ao formarmos condutores conscientes estamos diminuindo a probabilidade que ocorram acidentes no trânsito e para que o trabalho fiscalizatório seja apenas uma última medida, buscando educar para em último caso reprimir.”
O neuropsicólogo Joeuder Lima, afirma que é possível mudar. Nesse sentido, fazer escolhas melhores no trânsito certamente resultarão em menos acidentes e menos vítimas.
“Se nós formos falhos no processo de educação desde cedo, é possível sim intervir antes de a pessoa assumir uma carteira, é importante essa intervenção antes, e é importante a conscientização depois. Esses estímulos são muito importantes, as campanhas educativas são muito efetivas e seria ainda mais se unificarmos a informação da base com a criança dentro de casa, tendo esse estímulo recorrente na escola e os pais sendo retroalimentados pelos filhos. Nesse sentido teremos um conjunto, um sistema trabalhando em prol da saúde no trânsito”, afirmou.
Crianças durante ação de educação para o trânsito em escola de Palmas
Luciana Pires/Secom Palmas
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