Juiz citou risco de fuga do país para determinar prisão de influenciadores de SC suspeitos de fraude no Jogo do Tigrinho


Segundo decisão judicial, Ianka Cristini e Bruno Martins já tinham um imóvel na Flórida, nos Estados Unidos. Casal e assessora foram presos em operação do Gaeco na terça-feira (14). Influenciadora Ianka Cristini mostra Jogo do Tigrinho em publicação de setembro de 2024
Uma possível fuga do casal de influenciadores Ianka Cristini e Bruno Martins para o exterior foi um dos fatores que levaram o Poder Judiciário de Santa Catarina a determinar a prisão preventiva deles. Segundo a decisão, eles já tinham uma casa na Flórida, nos Estados Unidos.
A informação consta na determinação judicial, obtida pela colunista Dagmara Spautz, da NSC. O casal e uma assessora foram presos na operação Lance Final, contra fraudes relacionadas ao Jogo do Tigrinho.
A defesa dos três disse em nota que ainda não teve acesso total à investigação e que vai se manifestar após ter ciência dos detalhes do caso.
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De acordo com a decisão, escrita pelo juiz Paulo Eduardo Huergo Farah, da Vara de Garantias de Itajaí, no Litoral Norte, a substituição da prisão por medidas cautelares seria “insuficiente”. Para ele, sem a prisão o casal poderia continuar o esquema ou fugir do país.
“Na presente situação, caso permaneçam em liberdade, os investigados poderiam continuar na prática das supostas condutas ilícitas, lesando inúmeros terceiros, bem como ocultar indícios, ou até mesmo evadirem-se do país, já que consta informação de que possuiriam imóvel no exterior, especialmente diante do fato da prática criminosa transbordar as fronteiras tecnológicas e adentrar a um complexo sistema entabulado por meio de diversas pessoas jurídicas”, escreveu o juiz.
Além do esquema (leia mais abaixo), são apurados outros crimes, como a lavagem de dinheiro, fora do ambiente virtual.
“Os investigados não estariam adstritos ao uso e manipulação das plataformas virtuais, eis que, especialmente a lavagem de dinheiro, a exemplo, ocorreria por intermédio de empresas, com a constituição de pessoas jurídicas, de modo alheio ao ambiente digital. Ademais, nesse diapasão, há indícios da ocorrência de outros delitos também cometidos fora do do mundo virtual, como as infrações penais contra a ordem tributária, contra a economia popular e contra as relações de consumo”, escreveu o juiz na decisão.
Casal de influenciadores Ianka Cristini e Bruno Martins
Reprodução/Redes sociais
Operação e esquema
A ação foi coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão ligado ao MP especializado em investigações de crimes complexos. A Secretaria do Estado da Fazenda e da Polícia Científica catarinense também ajudaram na apuração.
Como funcionava a fraude, de acordo com o MPSC:
🐯💵 O esquema de fraude orquestrado pelos investigados que visava lucro fazendo simulações falsas de ganhos exorbitantes através de jogos de azar, em especial o Jogo do Tigrinho.
🤥 Os investigados se valiam de uma versão de demonstração do jogo para simular ganhos falsos e estimular os seguidores a se cadastrarem e realizarem apostas.
💸 Dessa forma, recebiam vantagem indevida tanto por cadastro realizado, como por porcentagem do valor apostado e perdido.
A operação cumpriu 15 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva nos municípios catarinenses de Brusque, no Vale do Itajaí, e Balneário Camboriú, no Litoral Norte, além da capital paulista e Embu das Artes, no estado de São Paulo, e João Pessoa, na Paraíba.
Veículos e imóveis foram indisponibilizados pela Justiça. Isso significa que, segundo o MP, eles seguem na posse dos investigados durante o processo e não podem ser vendidos. O objetivo é garantir possíveis indenizações às vítimas ou identificar se foram adquiridos com dinheiro dos golpes.
Não foi detalhado se os itens estavam em nome do casal, da assessora ou de outros possíveis investigados.
Veja a lista de bens alvo da ação:
BMW X6;
BMW M3;
McLaren 720 Spider;
Ativos financeiros;
Cadilac Escalade blindado;
Apartamentos e casas de luxo.
McLaren, Cadillac blindado e casas de luxo: os bens alvo de ação contra influencer por Jogo do Tigrinho em SC
MPSC/Divulgação
Bolsas de grife e aparelhos eletrônicos foram apreendidos, na casa dos suspeitos (imagem abaixo). Além disso, a Justiça mandou bloquear as redes sociais dos investigados. Em dois perfis em redes sociais, Ianka acumula mais de 15 milhões de seguidores.
Quem são os presos
Ianka se define nas redes sociais como multimilionária aos 28 anos, mãe e empresária. Bruno, marido da influenciadora, também usa as redes sociais e se descreve como ‘pai de primeira viagem’ que mostra a rotina da família.
Nas redes sociais, tanto Ianka quanto Bruno mostravam imagens de viagens internacionais e falavam sobre jogos de azar. Aos seguidores, por exemplo, a mulher dizia que quem jogasse poderia obter ganhos sem sair de casa. Para isso, ela vendia um curso online.
Itens apreendidos em operação que prendeu casal suspeito de envolvimento com o Jogo do Tigrinho
MPSC/Divulgação
O que fazer se você foi vítima da influenciadora
O MPSC divulgou um passo a passo do que fazer se você foi vítima da influenciadora:
Entrar em contato com o número (47) 99165-2791, pelo aplicativo Whatsapp;
Informar nome completo, endereço, CPF ou RG, encaminhando cópia do respectivo documento;
Informar a data e o local dos fatos (onde estava no momento do acesso à plataforma de apostas);
Indicar, de forma expressa, se deseja representar criminalmente contra a autora do delito;
Fazer um breve relato dos fatos, informando qual foi o prejuízo;
Anexar algum comprovante de pagamento, print ou outro documento que comprove o prejuízo.
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