Deportado beija chão de aeroporto após chegada ao Brasil: ‘muito sofrimento’


O corretor de imóveis César Diego Justino, natural do estado de Goiás, disse que a situação nos EUA está ‘muito difícil’ e que ‘não sai mais do Brasil’. Voo com repatriados chegou a Belo Horizonte no final da noite de sexta-feira (7). Brasileiro repatriado desembarcou em Confins e beijou o chão.
Henrique Campos/TV Globo
A chegada dos brasileiros deportados dos EUA nesta sexta-feira (7) foi marcada pelo sentimento de alívio para muitos dos repatriados, que narraram momentos de tensão que precederam o retorno.
O corretor de imóveis César Diego Justino, natural do estado de Goiás, beijou o chão do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte como forma de demonstrar o alívio e a gratidão.
Justino chegou aos Estados Unidos em 1º de outubro do ano passado com o objetivo de trabalhar e dar uma vida melhor para a família. Porém, se entregou logo após a chegada.
“Lá está muito difícil. Eu não aconselho ninguém a fazer isso [migrar ilegalmente]. Está muito sofrido. Quatro meses detido e não aconselho ninguém a fazer isso. Lá está com muito problema, deportando todos. […] Eu cheguei lá e me entreguei às autoridades pra fazer o praxe, tudo certinho, mas não deu certo.”, narrou César Diego Justino.
Deportado, o corretor de imóveis César Diego Justino beijou o chão do aeroporto ao chegar em Confins.
Henrique Campos/TV Globo
O goiano ressaltou a queixa de outros brasileiros a respeito das condições do voo entre Alexandria, no estado da Louisiana, e Fortaleza, no Ceará.
“Todos algemados, mais de 24 horas algemados, cara, muito sofrimento. Sem comida, sem água. Muita tristeza”, completou.
O alívio para os repatriados foi em Fortaleza, em que, segundo o corretor de imóveis, houve uma recepção calorosa quando aterrissaram na capital cearense.
“Eu não saio do Brasil mais. Nós somos ricos e não sabemos, de verdade. A riqueza nossa está aqui no Brasil”, concluiu.
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Segundo voo de deportados da era Trump
O segundo voo com brasileiros deportados dos Estados Unidos neste novo mandato de Donald Trump pousou na capital mineira por volta das 21h40 desta sexta-feira (7) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Região Metropolitana, em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).
Desta vez, os passageiros desembarcaram sem as algemas já em Fortaleza, mas, ao desembarcar na capital cearense, se queixaram que passaram até 12 horas sem comer.
Como a cidade é uma das mais próximas dos EUA, o governo brasileiro decidiu que seria a porta de entrada dos deportados, que, assim, ficariam menos tempo algemados, procedimento de praxe do governo americano (saiba mais abaixo)
Brasileiros repatriados foram recebidos pela comitiva do governo.
Henrique Campos/TV Globo
Os brasileiros que chegaram no voo foram recebidos por uma comitiva de recepção que contou com a presença de servidores da Prefeitura de BH, do Governo de Minas e da União, incluindo a Ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo.
Eles foram orientados pelos servidores e recebidos no aeroporto em uma sala com acesso a água, alimentação, pontos de energia, internet e banheiro.
Na tarde desta sexta, a Fecomércio, responsável pelo Sistema S, divulgou que oferecerá transporte, alimentação e hospedagem por dez dias aos deportados na unidade do Sesc Venda Nova, na capital mineira, por dez dias. Os interessados também vão receber capacitação profissional.
Caminhão do Servas com Kits de higiene e lanche para os deportados
Ernane Fiuza/TV Globo
Retirada das algemas
Este é o segundo avião enviado pelos EUA com imigrantes deportados desde o início do novo governo de Donald Trump. Nos últimos dias do governo de Joe Biden, em 10 de janeiro, um outro avião com 100 imigrantes deportados já havia pousado no Brasil.
O primeiro voo da nova era Trump, no último dia 24, chegou ao Brasil em meio a polêmicas sobre as condições as quais o grupo foi submetido ao longo do trajeto.
Houve um desentendimento com a tripulação devido ao calor, e os 88 deportados abriram uma porta de emergência e desembarcaram por uma ponte inflável ainda algemados.
Segundo a Polícia Federal, o uso de algemas em imigrantes é uma praxe em voos fretados dos EUA para repatriação, mas elas são retiradas ao pousar no Brasil, já que os deportados não são prisioneiros.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ordenou a retirada das correntes e solicitou que os deportados fossem levados a Belo Horizonte em um voo da FAB. Itamaraty diz que cobrará EUA por tratamento ‘degradante’.
Veja perguntas e respostas sobre o impasse envolvendo a deportação de brasileiros algemados pelos EUA
Avião da Força Aérea Brasileira que transportou brasileiros deportados dos Estados Unidos de Fortaleza (CE) para Belo Horizonte (MG).
Thiago Gadelha/Sistema Verdes Mares
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