Polícia investiga morte de indígena de 15 anos que foi atropelado em viaduto; família foi avisada 1 semana após acidente

Brayan Ribeiro da Silva morava na comunidade Guarani, que fica no Pico do Jaraguá, extremo sul de São Paulo; corpo do jovem ficou 7 dias no Instituto Médico Legal (IML). Ministério dos Povos Indígenas afirmou que ‘vai atuar na solicitação de um inquérito de investigação’. Indígena de 15 anos morre atropelado na Zona Norte de SP
Reprodução/TV Globo
A Polícia Civil investiga a morte do indígena Brayan Ribeiro da Silva, de 15 anos, que foi atropelado em um viaduto da Rodovia dos Bandeirantes, em Perus, Zona Norte da capital paulista.
A família do adolescente, que mora na comunidade Guarani, no Pico do Jaraguá, afirma que só soube da morte dele uma semana após o acidente.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, Brayan foi atropelado no dia 12 de agosto no viaduto. De acordo com a polícia, “o motorista trafegava na via quando sentiu um impacto e viu que tinha atropelado o jovem”.
Conforme a SSP, o motorista permaneceu no local do acidente e avisou a polícia. Ele fez o teste do bafômetro e foi liberado depois do resultado dar negativo e de prestar depoimento. O caso foi registrado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
A confirmação da morte do indígena chocou a comunidade onde ele morava. A irmã dele, Neusa Poty, disse que Brayan costumava circular entre as aldeias e, por isso, a família não estranhou quando ele não retornou.
O corpo do jovem ficou no Instituto Médico Legal por uma semana sem que os parentes fossem avisados, diz Neusa.
“Faço um questionamento: se foi encontrado na sexta passada, por que os não indígenas não informaram nenhuma comunidade se sabia que era um menino indígena? Então, é uma história muito triste pra nós, família, para minha mãe e meus irmãos”, afirmou.
Neusa Poty, irmã de adolescente indígena que morreu atropelado em viaduto
Reprodução/TV Globo
O jovem Brayan foi enterrado neste domingo (20) na aldeia Krukutu, que fica no extremo sul da capital. A família afirma que vai acompanhar as investigações para saber as circunstâncias da morte do adolescente.
“E a gente vai descobrir o que aconteceu, mesmo que leve um ano, dois anos, até 10 anos, porque a gente vai descobrir o que aconteceu com ele”, ressalta.
Ministério dos Povos Indígenas
Ministério dos Povos Indígenas publica nas redes sociais sobre morte de indígena de 15 anos em SP
Reprodução/Instagram
Em uma publicação nas redes sociais, o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que vai atuar na solicitação de um inquérito de investigação.
“As causas ainda não foram reveladas e o MPI vai atuar na solicitação de um inquérito de investigação para que possíveis culpados sejam responsabilizados. Neste momento de muita tristeza, nos solidarizamos e estamos em contato acompanhando com a família, Xondaros e Xondarias, esta precoce despedida”, afirmou.
“O Pico do Jaraguá abriga muitas famílias de indígenas Guarani-Mbyá que resistem com muita força do rezo e da cultura ancestral em meio a todo o concreto e opressão da cidade de São Paulo”.
A liderança tradicional Guarani, Araju Ara Poty, afirma que Brayan era um jovem que participava de muitas atividades.
“Ele era um Untiandaru, isso é, um guerreiro. Assim como outros jovens têm muita participação em atividade de proteção ao território, envolvimento atividades culturais, interculturais, ele era um jovem muito bem quisto pela nossa comunidade. A gente sentiu muito a perda dele”, disse.
A reportagem questionou a SSP sobre a demora de uma semana pra família ser avisada sobre a morte do adolescente, mas não obteve resposta.
Araju Ara Poty, liderança tradicional Guarani
Reprodução/TV Globo
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