Para investigadores da PF, estratégia de defesa de Bolsonaro ‘não cola e não se sustenta’

A estratégia de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, no caso da venda e recompra das joias, “não cola e não se sustenta”. Essa é a avaliação de investigadores da Polícia Federal.
Para eles, se tudo fosse legal, como tenta sustentar a defesa do ex-presidente, ele poderia ter assumido desde o início que estava com a joias, que as vendeu e, depois, teve de recomprá-las para atender a uma determinação de devolução à União do Tribunal de Contas da União.
O advogado Paulo Cunha Bueno, responsável pela defesa de Bolsonaro no caso, tem dito que as regras permitiam que o ex-presidente vendesse a joias. Primeiro, essas regras foram revogadas pelo próprio Bolsonaro em 2021.
Segundo, se realmente a venda fosse legal, por que levá-las ilegalmente para fora do país, por que vendê-las clandestinamente, por que recomprá-las às escondidas. E, se tudo fosse legal, por que não admitir desde o início que as joias foram vendidas e Bolsonaro mandou recomprar para devolver à União? São questionamentos feitos pelos investigadores.
A PF avalia que tem pela frente muitas provas a serem encontradas com a quebra dos sigilos bancários de Bolsonaro e Michele no Brasil e, principalmente, nos Estados Unidos.
Além do celular do pai de Mauro Cid, o general Mauro Lorena Cid, que participou das negociações de venda de joias no exterior, auxiliando o filho na empreitada encomendada pelo ex-presidente, de que é amigo desde os tempos da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras).
A defesa de Mauro Cid, do seu lado, tem sustentado que o ex-ajudante de ordens seguiu determinações de Bolsonaro para vender o relógio Rolex nos Estados Unidos e, depois, recomprá-lo para devolver à União.
O advogado Cezar Bittencourt diz que Cid cumpria ordens de Bolsonaro e fez o que o ex-presidente pediu, que “resolvesse a situação do relógio”. Só tem um detalhe: neste ano, Mauro Cid não era mais obrigado a cumprir ordens de Bolsonaro, porque já não mais trabalhava com ele.
Ou seja, na avaliação de investigadores, os dois, Bolsonaro e Mauro Cid, se associaram para vender as joias no Exterior. A suspeita, inclusive, é que o ex-ajudante de ordens aproveitou e vendeu joias em seu poder. Tudo de forma ilegal.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.