STF: a uma semana do julgamento, Ibaneis está livre das acusações sobre o 8 de Janeiro

STF: a uma semana do julgamento, Ibaneis está livre das acusações sobre o 8 de JaneiroCaio Barbieri

Há pouco mais de dois anos, logo após o afastamento compulsório de Ibaneis Rocha (MDB) do Governo do Distrito Federal e a nomeação de um interventor federal para comandar as forças de segurança da capital do Brasil, poucos acreditariam que o desfecho daquele episódio do 8 de Janeiro de 2023 fosse o que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) determinou no início deste mês, após a chancela da Procuradoria-Geral da República (PGR).

No início do mês, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito daqueles atos bárbaros e antidemocrático contra Brasília, decidiu arquivar as investigações contra o emedebista, o qual poderá dormir aliviado nos próximos dias após convencer as instâncias de que estaria fora da possível trama golpista.

Sem a mesma “sorte”, se é que seja o termo apropriado, outros políticos de alto calibre ainda permanecem na mira do STF, como personagens que tentariam impedir a permanência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na principal cadeira do País, mesmo tendo sido eleito democraticamente para a função.

A uma semana do julgamento que definirá o futuro jurídico e político dos principais investigados pelos atos golpistas em Brasília, marcado para 25 de março, Ibaneis acabou sendo excluído das investigações oficiais sobre as invasões dos prédios e palácios públicos da Capital Federal, tão admirados pela maioria dos brasilienses e, claro, dos brasileiros.

Apenas para refrescar a memória, os questionamentos sobre a atuação de Ibaneis no 8 de Janeiro começaram imediatamente após o início dos ataques contra sedes dos Três Poderes, no principal cartão-postal da principal cidade do País.

Naquele dia, enquanto as manifestações violentas tomavam conta de Brasília, o governador do DF estava na fazenda particular, onde, conforme relatou às autoridades, tiraria alguns dias para o descanso após as festas de Fim de Ano.

No momento. a investigação indicou que teria havido uma suposta “demora” para que o governador respondesse aos pedidos oficiais, incluindo do próprio STF e do Congresso Nacional.

Contudo, com o fim da avaliação do Supremo e da PGR, o entendimento foi de que o emedebista teria sido induzido ao erro devido às informações recebidas durante a própria ausência dele em Brasília.

Os argumentos de Ibaneis fizeram com que os órgãos oficiais decidissem não incluir a responsabilidade do emedebista dentro da suposta interferência investigada no roteiro para supostamente favorecer a trama golpista.

Tanto que, após confirmar a ausência do secretário de Segurança em Brasília, naquela época, Ibaneis anunciou a exoneração de Anderson Torres.

Isso porque, Torres, a quem Ibaneis mantinha certa confiança, confirmou que estava em Miami, nos Estados Unidos, com a família, justamente no dia das invasões, há dois anos. A viagem ocorreu sem que o titular da pasta tivesse comunicado ao chefe direto o deslocamento.

Oficialmente, o então secretário distrital somente poderia ser beneficiado com “férias” após um ano estando no cargo. O delegado voltou a ocupar a cadeira local poucos dias após deixar o Ministério da Justiça, durante a gestão de Jair Bolsonaro.

Após a análise jurídica, o entendimento do STF e da PGR foi de que o emedebista teria sido induzido ao erro com informações recebidas durante os atos de 8 de Janeiro, quando o Ibaneis estava fora de Brasília, o que teria fortalecido a tese entendida por Moraes.

Apesar da sanção do STF de afastamento e distante da chefia do Palácio do Buriti, sem ter contato com a governadora em exercício, Celina Leão (PP), Ibaneis acompanhou, apenas pela imprensa, o pedido de prisão do já ex-secretário de Segurança do DF.

Delegado da Polícia Federal licenciado, Torres é um dos principais alvos do inquérito antidemocrático, especialmente por ter sido encontrada na casa dele a “minuta” do texto que, supostamente, respaldaria a instituição do “golpe” contra o País.

No desenrolar das investigações, Bolsonaro, Torres e Braga Netto tentaram, de alguma forma, juntar os cacos e convencer a Justiça de que aquele ato terrorista teria sido acéfalo, com adesão voluntária e sem participação de lideranças políticas ligadas ao governo anterior.

Mesmo assim, dias atrás, o próprio Bolsonaro convocou aliados para uma marcha, na Praia de Copacabana (Rio de Janeiro) para clamar por “anistia” em prol dos envolvidos, apenas os menos relevantes, sobre os ataques contra os palácios de Brasília.

Ao contrário do ex-presidente e de aliados ferrenhos, Ibaneis Rocha ;, bem articulado nos tribunais e na política, adotou uma linha de colaboração durante as investigações: depôs voluntariamente às autoridades, entregou seu celular sem que tivesse sido obrigado e evitou embates ideológicos e polarizados sobre o caso.

Após a postura, o primeiro sinal de acerto ocorreu em novembro de 2024, quando o Ministério Público Federal (MPF) decidiu arquivar a primeira investigação contra o governador do DF, por improbidade administrativa.

Com a segunda e recente vitória, Ibaneis passou a ficar livre de qualquer implicação sobre os eventos de 8 de Janeiro, enquanto outras figuras da direita seguem na berlinda.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu ex-ministro da Defesa Braga Netto, o qual ocupou o cargo de vice na chapa presidencial, além Anderson Torres, titular da Justiça e que assumiu a Secretaria de Segurança do DF, aguardam o julgamento do STF.

Caso haja o entendimento da Primeira Turma do Supremo, todos podem se tornar réus ou não por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.

Advogado renomado, na política, Ibaneis é ideologicamente ligado às bandeiras da direita conservadora. Ele defende uma “dobradinha” local com a candidatura da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL)_ao Senado no Distrito Federal em 2026.

Seria uma grande convergência. Ela [Michelle] tem o voto ideológico, e eu tenho outro tipo de voto, que é o de quem gosta do que estamos realizando. Acho que seria uma junção muito boa para o Distrito Federal. Sairíamos [na disputa pelo Senado Michelle e eu. Teríamos condições de fazer as duas vagas”, afirmou o chefe do Executivo durante entrevista ao GPS|Brasília.

Contudo, pelo lado jurídico, o mesmo que deu a Ibaneis uma carreira sólida e baseada no respeito às instituições e ao Estado Democrático de Direito, os aliados próximos avaliam que “seria irracional” para um jurista experiente” arriscar a reputação e a relação com magistrados federais como forma de embarcar numa suposta trama golpista.

Voltando à política, o arquivamento do inquérito contra Ibaneis, sem dúvida, fortalece o governador e possível candidato perante os eleitores brasilienses, apesar de não tirar do emedebista as mágoas de quem o acusou sem que esperasse o desfecho jurídico final das investigações.

Recentemente, o governador do DF garantiu que não comparecerá a eventos oficiais com a presença confirmada do mandatário da República, Lula da Silva, um daqueles que o acusaram pela participação na suposta trama.

A condição poderá ser revista, caso o petista se “retrate” por tê-lo acusado de “cumplicidade” naqueles atos de 8 de Janeiro.

Até lá, a conversa entre os dois políticos ficará inviável, segundo Ibaneis.

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