Sem energia, médico britânico-palestino diz que hospital vai virar “vala comum”

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Um médico cirurgião britânico-palestiniano que viajou para a Faixa de Gaza para ajudar nos hospitais alertou que, sem eletricidade, o hospital onde está “será apenas uma vala comum”.

Ghassan Abu-Sittah disse que, sem energia, “não há nada a fazer pelos feridos” que estão no Hospital Al-Shifa, onde ele trabalha.

“O sistema está se desintegrando e, sem um cessar-fogo e um corredor humanitário – não 14, 15, 20 caminhões simbólicos para 2 milhões de pessoas –, um verdadeiro corredor humanitário, que permita a evacuação destes feridos, permita a entrada de ajuda humanitária e equipes médicas chegarem. Sem isso, haverá uma catástrofe ainda maior do que a que já existe aqui”, disse Abu-Sittah a Christiane Amanpour da CNN nesta segunda-feira (23).

Abu-Sittah disse que o hospital ficou sem curativos para queimaduras, com mais de cem pacientes internados com queimaduras cobrindo mais de 40% de seus corpos.

Há mais de 150 pacientes com ferimentos graves em ventiladores no hospital, disse ele, acrescentando que eles também ficaram sem “fixadores externos – os pinos e hastes necessários para a cirurgia ortopédica”.

Abu-Sittah disse à CNN que vários feridos e pacientes internados no Hospital Batista Al-Ahli foram levados ao Hospital Al-Shifa.

Ele disse que a eletricidade está começando a ser cortada e não há pressão de água suficiente para operar a máquina de esterilização necessária para instrumentos cirúrgicos.

“O mais importante é que ficamos sem espaço. O hospital que tinha capacidade entre 550 e 700 leitos conta hoje com 1.700 pacientes em colchões nos corredores, nos andares dos pronto-socorros. A situação é terrível e estamos no fim do sistema, que lentamente começa a desmoronar”, disse ele.

O cirurgião descreveu o tratamento de um menino de 16 anos que “tinha queimaduras no rosto, nos braços e nas pernas”. Ele disse que o menino lhe contou como “ele jantou com os pais, e seu pai, que estava sentado ao lado dele, foi morto e sua mãe sufocou no incêndio que causou as queimaduras que ele teve”.

“Temos agora um termo no hospital de Shifa chamado ‘criança ferida sem família sobrevivente’ para designar mais de 50 crianças que foram retiradas dos escombros sozinhas, sofreram ferimentos e estão sendo tratadas no hospital”, disse Abu-Sittah.

“Para um sistema que tinha uma capacidade total de 2.500 camas antes do início da guerra, estamos apenas à espera que acabe a eletricidade, o combustível, e, então, isso será a morte do sistema de saúde”, acrescentou.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Sem energia, médico britânico-palestino diz que hospital vai virar “vala comum” no site CNN Brasil.

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