‘Não falou sequer nenhuma palavra comigo e começou a dar facada’, lembra influencer agredida pelo ex-companheiro em Londrina

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Daniele Gonçalves, de 32 anos, ficou internada por 9 dias e precisará passar por mais procedimentos cirúrgicos. Suspeito, Gabriel Faveri, de 26 anos, está preso, e defesa afirma que ele precisa de tratamento. Daniele Gonçalves foi atacada pelo ex-companheiro em Londrina e saiu do hospital depois de 9 dias
RPC Londrina
Depois de nove dias internada, a influencer digital Daniele Gonçalves, de 32 anos, relatou como sobreviveu ao ataque do ex-companheiro em Londrina.
Os cortes no rosto e nos braços indicam que há um processo de recuperação; na fala está a angustia de quem foi vítima de uma tentativa de feminicídio.
“Ele não falou sequer nenhuma palavra comigo e começou a dar facada na minha cabeça. Esse braço aqui foi a forma que eu tive de defesa. Ele começou sem parar dar facãozada no meu braço. Aí sorte que minha prima chegou, gritou, e ele soltou”, lembrou a influencer.
Daniele ficou nove dias internada e recebeu alta na quinta-feira (18).
Na noite de 9 de maio, ela foi atacada por Gabriel Faveri, de 26 anos, com um facão quando chegava de carro em casa. Ele fugiu após o crime e foi preso dois dias depois em uma clínica psiquiátrica na zona rural de Maringá, no norte do Paraná.
Eles se relacionaram por três meses. Período em que saíram para jantar e se divertir em casas noturnas.
Segundo Daniele, as pessoas gostavam de Gabriel. Ele tinha, como ela mesmo diz, um “jeito bonzinho” e fazia tudo por ela.
Todavia, a influencer começou a perceber que o ciúmes estava saindo do controle.
“Porque, assim, todos os meus amigos falavam que ele já dava sinais. Mas, você não vê. Você não consegue enxergar até a hora que acontece”. Segundo Daniela, Gabriel era obcecado por ela.
“Na cabeça dele, se eu não fosse dele, eu não ia ser de mais ninguém. Por isso que ele planejou isso”.
Dados do Monitor da Violência do g1 mostram que em 2022 o Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022 em comparação com 2021. O levantamento é feito a partir de dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.
Foram 1,4 mil mulheres mortas apenas pelo fato de serem mulheres. No Paraná, 77 mulheres perderam a vida violentamente.
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Como ocorreu o ataque
Gabriel seguiu Daniele do trabalho até em casa num carro diferente do que costumava usar. Quando ela parou em casa, ele a cercou de uma maneira que a influencer não conseguiu fugir.
“Daí eu estacionei o carro. Ele me trancou de uma forma que não tinha como eu sair nem para frente nem para trás (…). Aí, ele entrou dentro do carro dele, pegou o facão, quebrou meu vidro, e me tirou para fora”.
Os golpes de facão dados por Gabriel acertaram o rosto e o braço de Daniele.
Daniele perdeu o movimento dos dedos ao tentar se proteger de facadas dadas pelo ex-companheiro em Londrina
RPC Curitiba
A influencer precisou ficar internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Passou por três cirurgias e fará outros procedimentos para tentar recuperar o movimento dos dedos.
Todo esse sofrimento deixou sequelas, além das físicas.
“Muito, muito medo. Medo, qualquer barulho, eu acho que é que alguém que possa ter mandado. Então, assim, é muito confuso, muito traumático. Agora, tratar isso, curar isso, tentar esquecer isso, que vai ser difícil, vai ser um, vai ser um tempo longo”.
Gabriel está preso e foi indiciado por tentativa de homicídio quadruplamente qualificado.
Daniele é assistida pelo advogado Antônio José Matos do Amaral, que acredita que Gabriel deve ser julgado por júri popular.
“Ele precisa ser contido, e a única forma, a única forma, que a sociedade pode conter um indivíduo com esta característica mórbida, é que ele vá a julgamento pelo Tribunal do Júri. E a sociedade reunida possa dar a ele realmente o que ele merece: a justiça.”
Daniele Gonçalves foi esfaqueada pelo ex-companheiro em Londrina
RPC Londrina
Suspeito diz não se lembrar
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Ele era vendedor de uma loja de colchões da família em Apucarana, a 50 quilômetros de Londrina, e disse em depoimento, de acordo com a delegada Carla Gomes, que não lembrar do que aconteceu.
“O que ele se recorda é das situações vividas entre eles, das festas, dos lugares que eles frequentavam, mas dos fatos criminosos, das violências praticadas, ele disse que não se recorda de nenhuma delas”, afirmou a delegada.
O advogado de Gabriel, João Batista Cardoso, afirma que o rapaz precisa de tratamento.
“E por isso nós pedimos e fizemos esse incidente de insanidade mental pra que ele fosse levado, como de fato já está, no Complexo Médico Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Então, a alegação de que ele tem problemas mentais não é nossa, da defesa, são dos médicos psiquiatras que nós juntamos todos os atestados e declarações nos autos”.
Gabriel é suspeito de outras agressões
Não é a primeira vez que Gabriel Faveri é suspeito de agir com violência contra uma mulher. A médica Gabriela Cavalcanti também afirma ter sido vítima.
Ela conta que ambos se conheceram no Reveillon de 2022. Em março, começaram a namorar. Gabriel ia do Paraná para São Paulo e passaram a morar juntos no mesmo apartamento.
“Como eu trabalho muito, eu fico muito tempo na rua, e ele ficava muito tempo dentro da minha casa. E aí começou a surgir sinais de ciúmes da parte dele. Ele começou a mexer no meu celular escondido”, disse a médica.
Gabriela conta que depois de uma discussão, Gabriel quebrou vários objetos no apartamento dela e fez vários xingamentos.
“Aí quando eu pedi para ele ir embora, eu falei que não dava mais, enfim, que eu estava me sentindo sufocada realmente. Aí que ele começou a se mostrar nervoso. Até eu pedi para ele tirar realmente as coisas dele da minha casa. E foi quando tudo começou”.
Gabriela conta que quando Gabriel foi embora, ela avisou na portaria que nunca mais o deixassem subir. Deixou foto dele, nome, proibindo a entrada dele no prédio.
Porém, inconformado com o fim do namoro, dias depois, Gabriel alugou um apartamento no mesmo prédio. Como ele sabia a senha da porta de Gabriela, invadiu o apartamento dela.
“Dois dias depois ele entrou na minha casa, de madrugada, de touca, luva de procedimento e máscara. Falou que se eu pensei que ia ficar por isso mesmo, falou que eu não ia ter tempo de viver mais nada com ninguém”.
“Eu fiquei com ele ali presa por horas, eu passei mal. Eu tive crise de pânico e de ansiedade e taquicardia. Ele chegou a colocar a mão no meu pescoço. Disse que era para sentir minha taquicardia.”
Gabriela, então, percebeu que concordar com o que o ex-namorado dizia poderia salvá-la. Combinou que voltariam juntos para o Paraná, uma vez que a família dela é de Maringá, no norte do estado.
A médica fez as malas e conseguiu descer antes e sozinha, pelo elevador.
“Foi essa a minha salvação. Mas, eu não fui pra rodoviária, como combinado. Eu peguei meu carro e fui parar em Maringá direto. Ela chegou a mandar um áudio para os amigos avisando que estava fugindo para a casa dos pais.
“O Gabriel apareceu na minha casa, gente. Eu tô muito assustada. Eu tô indo pra Maringá”, dizia o áudio.
De acordo com a Gabriela, Gabriel foi para a rodoviária.
“Ele ficou me procurando lá, desesperadamente, me ligando muitas vezes, mandando muitas mensagens. Até a própria mãe dele pedindo pra eu atender ele. Aí eu falei pra mãe dele que ele me ameaçou de morte. Ela pediu pra eu não fazer nada contra o filho dela, que ele ia me deixar em paz. Mas, mesmo assim, eu cheguei no Paraná, fiz a medida protetiva”.
Para fugir de Gabriel, Gabriela foi acolhida por uma tia. Quando voltou para São Paulo, mudou de endereço e de trabalho.
“Eu tive muitos gastos, eu fiquei um mês no Paraná até acertar tudo isso. Eu perdi trabalho.”
“O olhar dele eu não esqueci até hoje. Eu continuo tendo são crises de ansiedade, que eu não tinha anteriormente. Taquicardia, diariamente eu sinto, mesmo tomando medicação, fazendo terapia.”
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