Junho de 2013, 10 anos depois: Andréia Sadi, Julia Duailibi e Natuza Nery analisam os protestos que mudaram o país; VÍDEOS

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Há uma década, um movimento iniciado por um grupo de jovens insatisfeitos com o aumento da passagem de ônibus fez o Brasil explodir em protestos. A insatisfação deixou cicatrizes e ainda causa consequências na política nacional. Junho de 2013: veja as imagens que marcaram os protestos
Começou com um protesto de jovens em São Paulo contra o aumento de R$ 0,20 na passagem de ônibus, que entrou em vigor em 2 de junho de 2013. O movimento cresceu, ganhou adesão e repressão, repercutiu no estado e no Brasil. Pressionados, governadores e prefeitos reduziram as tarifas, mas elas já não eram a única pauta: a insatisfação se virou para os gastos com a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, as denúncias de corrupção na política e o governo de Dilma Rousseff (PT).
O principal impacto das manifestações de 2013 foi justamente para a vida política nacional, avaliam as colunistas do g1 e da Globonews Andréia Sadi, Julia Duailibi e Natuza Nery.
Veja a seguir:
O bolsonarismo, por Andréia Sadi
Andréia Sadi: ‘2013 mostrou que política é da conta de todo mundo’
“Foi o começo de uma série de inquietações que de fato não eram só pelos 20 centavos, era em relação à saúde, educação, à corrupção. Acabou desaguando em outras indignações e cobranças que a gente viu depois nas eleições, de movimentos contra o sistema de política, contra ‘tudo isso que estava aí’.”
“E o candidato que melhor soube aproveitar aquele momento surfou naquela onda que foi Bolsonaro, acho que acabou desaguando em Bolsonaro, que era um político com 30 anos de Câmara [dos Deputados].”
A volta das pessoas às ruas, por Julia Duailibi
Julia Duailibi: ‘2013 contribuiu para o que foi 8 de janeiro’
“2013 é marcado pela volta das pessoas às ruas. As pessoas passam a fazer manifestações, algo que não se via desde talvez as Diretas Já. Tinha um elemento único, que era um elemento de insatisfação, que unia tudo: insatisfação com a política, com a economia, com o Estado —inclusive internacional, não só no Brasil.”
“É claro que 2013 foi um elemento fundamental também para a queda de Dilma, para o impeachment. Ela representava o governo de ocasião, então grande parte das críticas se volta a ela. O governo passava por uma crise política, uma crise econômica, tinha Lava Jato ainda como um elemento importante.”
“Então as ruas, as manifestações contribuem para a queda de Dilma. E mais, 2013 contribui para o que foi 8 de janeiro. Talvez se não tivesse acontecido junho de 2013, não tivesse acontecido a tentativa.”
Cambalhotas na política, por Natuza Nery
Natuza Nery: ‘Política brasileira se tornou imprevisível a partir de 2013’
“A partir das manifestações de junho de 2013 a política brasileira daria cambalhotas – tantas – que passaria a se tornar algo muito imprevisível. A análise política, no Brasil, era de uma forma antes das manifestações de junho de 2013 e ela virou uma outra coisa. Ali havia ventos de mudança muito contundentes.”
“Uma parte da política conseguiu ler aqueles ventos de mudanças, a esquerda não tinha mais a primazia das ruas, a direita tomava conta dessas ruas, criava-se ali um ambiente muito, muito contrário à política tradicional.”
“A Lava Jato transformaria a cara da política eleitoral brasileira. Uma presidente da República sofreria um processo de impeachment, como aconteceu com Dilma Rousseff. Uma ascensão da extrema-direita com o bolsonarismo, que acaba se beneficiado de um sopro lavajatista na sociedade brasileira. Então, junho de 2013 foi um marco na história do Brasil e um marco na política brasileira.”
CRONOLOGIA – Veja os principais acontecimentos de junho de 2013:
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