Junho de 2013, 10 anos depois: cronologia

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Desde novembro de 2012, o Movimento Passe Livre já convocava protestos contra o aumento da tarifa no transporte público, na região do Centro e em diversos bairros da Grande São Paulo. O primeiro grande protesto foi marcado para 6 de junho, no Centro. O reajuste das tarifas do transporte público em São Paulo entrou em vigor no dia 2 de junho de 2013. No Rio de Janeiro, na véspera. As primeiras manifestações registradas pelo g1 ocorreram no dia 3. Eram marchas pequenas. Abaixo, recontamos as jornadas de junho de 2013 por meio das manchetes da época.
Protesto acaba em confronto com a polícia, que utilizou bombas de gás lacrimogêneo em 6 de junho de 2013
Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo
Dia 6 de junho
Confrontos na Paulista: no dia 6, o Movimento Passe Livre (MPL) ocupa a Avenida Paulista, em SP. A Polícia Militar é acionada, há confrontos e detenções. Uma estação do Metrô é depredada.
No Rio, o protesto é na Avenida Presidente Vargas, no Centro. Cerca de 2 mil pessoas participam da mobilização.
Dia 7 de junho
‘Vem pra rua’: novas marchas são convocadas em SP. No dia 7, o ato reúne 2 mil e fecha a Marginal Pinheiros.
11 de junho
No dia 11, mais gente atende ao chamado do MPL: 5 mil pessoas, segundo a PM. Vinte são detidos.
13 de junho
Repressão na Paulista: o quarto protesto em São Paulo, no dia 13, há exatamente cinco anos, marca a virada das jornadas de junho. Naquela noite, a PM reprime violentamente o movimento com bombas de gás e balas de borracha. O objetivo é evitar que a marcha chegue à Avenida Paulista mais uma vez.
Mais de 200 são detidos e há um grande número de feridos, inclusive jornalistas. Segundo a PM, 5 mil pessoas saíram às ruas naquele dia.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, critica a violência e diz que não pretende revogar o aumento. A PM afirma que atuou para “garantir o direito de ir e vir da população”. O governo paulista manda investigar possíveis abusos da polícia.
O movimento cresceria nos próximos dias.
15 de junho
Copa das Confederações: é no clima de efervescência gerado pela repressão do dia 13 que o Brasil recebe a Copa das Confederações. O primeiro jogo ocorre em Brasília, no dia 15. Do lado de fora, confrontos. Dentro do estádio, a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, são vaiados.
Os manifestantes incorporam à pauta críticas aos gastos com a Copa e a exigência de serviços públicos “padrão Fifa”.
17 de junho
Protestos se massificam: quatro dias após a noite violenta na Paulista, os manifestantes voltam às ruas em São Paulo para o maior protesto até então.
Simultaneamente, ruas de outras capitais são ocupadas. Segundo levantamento do g1, eram 250 mil em 12 capitais e pelo menos 16 cidades do interior.
Em Brasília, uma das cenas mais emblemáticas daquele mês: um grupo de manifestantes sobe a marquise do Congresso Nacional.
18 de junho
Violência pesada e saques: no dia seguinte, a Prefeitura de São Paulo é cercada e atacada por vândalos. A Guarda Civil Metropolitana consegue evitar a invasão do prédio. Um carro de uma emissora de TV é incendiado. Lojas são saqueadas no Centro de São Paulo.
Mais de 100 mil pessoas protestam em pelo menos 40 cidades.
Quatro capitais reduzem as tarifas: Cuiabá, Porto Alegre, Recife e João Pessoa.
19 de junho
Reflexos na política: o mau humor que tomou conta das ruas se faz sentir na pesquisa de avaliação do governo Dilma.
A Seleção joga em Fortaleza e mais uma vez há protestos nos arredores do estádio.
A tarifa cai: pressionados, o prefeito Fernando Haddad e o governador de SP, Geraldo Alckmin, revogam o aumento das tarifas no dia 19.
A mesma decisão é tomada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. A tarifa cai também em Aracaju e Belo Horizonte.
Quase 140 mil marcham em pelo menos 30 cidades. Rodovias são bloqueadas.
20 de junho
Novas reivindicações: no dia 20 ocorrem as maiores manifestações de junho de 2013. Mais de 1,25 milhão de pessoas participam de atos em mais de 100 cidades brasileiras mesmo após a redução das tarifas.
Nas vozes e nos cartazes, pedidos por um transporte público mais barato agora dividem espaço com pautas diversas. Multiplicam-se demandas por saúde, educação, segurança, combate à corrupção e um sistema político mais acessível à sociedade.
Em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o estudante Marcos Delefrate, de 18 anos, morre atropelado.
21 de junho
Dilma reage: a presidente faz um pronuciamento na TV no dia 21, propõe diálogo aos líderes dos protestos e diz que não aceitará “violência e arruaça”. Promete trazer médicos estrangeiros para o SUS, recursos do petróleo para a educação e uma “ampla e profunda reforma política”.
No Rio de Janeiro, manifestantes protestam na frente da casa do governador Sérgio Cabral.
SP tem protestos contra a “cura gay” e a PEC 37, uma proposta de emenda à Constituição que tiraria do Ministério Público o poder de conduzir investigações.
24 de junho
Propostas do governo: no dia 24, Dilma se reúne com manifestantes, prefeitos e governadores. Anuncia pactos em cinco áreas para atender às demandas das ruas. Propõe também eleger uma Constituinte que seria responsável pela reforma política.
25 de junho
Recuo: um dia depois, o governo desiste da Constituinte, mas insiste em um plebiscito da reforma política (a proposta jamais sairia do papel).
A Câmara derruba a PEC 37 e aprova projeto que destina royalties do petróleo para educação e saúde.
Mais de 50 mil manifestantes tomam as ruas em pelo menos 60 cidades.
26 de junho
Agenda positiva: o Senado adota uma “agenda positiva” de votações e aprova projeto que endurece penas para crimes de corrupção no dia 26.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprova o fim do voto secreto para cassações de mandatos.
Cerca de 83 mil vão às ruas em pelo menos 57 cidades.
Em BH, 50 mil protestam antes de jogo do Brasil; um jovem de 21 anos morre após cair de um viaduto.
30 de junho
Brasil campeão: no último dia do mês, a Seleção brasileira conquista a Copa das Confederações no Maracanã lotado.
Manifestantes são impedidos pela polícia de chegar ao estádio.
Os protestos perdem força: 9 mil saem às ruas em pelo menos 18 cidades.
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