Análise: Trump se incomoda com financiamento dos EUA para segurança na Europa

A analista de Internacional da CNN Fernanda Magnotta avaliou as possíveis mudanças na política externa dos Estados Unidos com a volta de Donald Trump à Casa Branca em 2025. Segundo ela, é provável que os EUA adotem uma postura mais distante em relação à guerra na Ucrânia e exijam maior responsabilidade financeira dos aliados europeus na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

De acordo com a especialista, Trump tende a priorizar questões domésticas e enxergar o cenário internacional como um espaço para realizar objetivos nacionais. “Ele costuma ser menos engajado em política internacional e, quando decide buscar esse engajamento, ele tem uma característica que a gente costuma dizer que é meio transacional, é até um pouco contábil”, explicou.

 

Foco no retorno sobre o investimento americano

A analista destacou que o foco de Trump em política externa geralmente se concentra no retorno sobre o investimento americano. No âmbito econômico, ele se incomoda com países que mantêm déficit comercial com os Estados Unidos, prejudicando a indústria e o mercado interno americano.

Em termos geopolíticos, Magnotta ressaltou que Trump tem preferência por diálogos bilaterais e certo ceticismo em relação a estruturas multilaterais. “Ele não compactua dessa ideia de uma ordem das instituições”, afirmou.

Mudanças na relação com a Otan e a guerra na Ucrânia

Um ponto de particular incômodo para Trump, segundo a analista, é o fato de os Estados Unidos serem os principais financiadores da segurança europeia através da Otan. “Ele já fez isso uma vez e deve repetir, inclusive nessa ligação que a gente descrevia, já deu esse recado, quer dizer, os europeus têm que se responsabilizar pela sua própria segurança”, explicou Magnotta.

Quanto à guerra na Ucrânia, a expectativa é que Trump adote uma postura mais distante em comparação aos democratas. Magnotta prevê uma diminuição no fluxo de recursos para o conflito e uma possível pressão sobre a Ucrânia para aceitar negociações de paz que possam envolver concessões territoriais.

“É muito provável que os americanos entrem nessas negociações de paz, tentando convencer Zelensky e o time ucraniano de que não tem como terminar essa guerra sem ser de território”, concluiu.

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