Casa de farinha dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor produz 40 sacas por ano e emprega 8 famílias

Pelo menos oito famílias tiram o sustento da casa de farinha na região. Escoar a produção é um dos principais desafios.
casa de farinha, Serra do Divisor, Serra do Moa, Mâncio Lima
Tácita Muniz/g1
Dentro de uma das áreas mais protegidas do país, Raimundo dos Santos, conhecido como Mundico, produz farinha há mais de 30 anos dentro do Parque Nacional Serra do Divisor, no interior do Acre. Criada em 19 de junho de 1989, a unidade de conservação é de proteção integral e atualmente seus moradores encabeçam atividades sustentáveis, de subsistência e apostam no ecoturismo para movimentar a economia na região.
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“Todo o meu povo trabalha aqui produzindo farinha. Somos, ao todo, oito famílias e as oito que plantam macaxeira e fazem o produto aqui”, explica.
As famílias esperam cerca de um ano até que a plantação esteja pronta para ser colhida e passar pelo processo até virar farinha. Segundo Mundico, por ano, eles produzem 40 sacas, que sai por R$ 200 atualmente e vão para a cidade de Mâncio Lima, onde são vendidas no mercado municipal. “Por mês, o máximo que produzimos são 10 sacas.”
Casa de Farinha reúne ao menos oito famílias
Dificuldades para escoar
O principal desafio, segundo o produtor, é escoar a farinha. Como o acesso ao parque é feito somente pelo Rio Moa, com duração de oito horas, mais ou menos, o frete para mandar a produção para a cidade acaba pesando para o pequeno produtor.
“Fica difícil demais escoar a produção. Na última vez que levei, foram 30 sacas e gastei cerca de R$ 1 mil, incluindo frete e a despesa, então sai bem caro pra gente que vende pouco produto. Valeria a pena se fosse 100 sacas, por exemplo. Mas, o que ajudaria muito a gente era uma ajuda para escoar essa produção”, diz.
Cerca de oito família trabalham em casa de farinha dentro do Parque Serra do Divisor
Trabalho de muitas mãos
Dentro de uma unidade de conservação, a produção de farinha também precisa respeitar os limites impostos pelos órgãos de fiscalização. No caso do Parque Nacional da Serra do Divisor, Instituto Chico Mendes De Conservação Da Biodiversidade (ICMBio), que é o órgão gestor da unidade.
O trabalho começa ainda na plantação da mandioca, onde a terra é preparada e, após um ano, há a colheita. Já na Casa de Farinha, cabe às mulheres fazer a limpeza da macaxeira para que ela seja lavada, cevada prensada e torrada até chegar ao ponto da farinha de mandioca.
É um trabalho completamente manual e artesanal para que o produto chegue à mesa do consumidor da forma que se conhece.
Arte de fazer coberturas com palhas na Serra do Divisor
Arte
A casa de farinha, assim como todas as residências do parque, são cobertas, em sua maioria, por uma palha que também é feita de forma artesanal e passada de geração para geração. A palha usada para essa cobertura é a de caranaí, uma espécie de palmeira, que é trançada na ripa de paxiúba.
A folha é tirada e trançada ainda enquanto está verde e posta para secar. A cobertura é uma das preferidas dos turistas nos chalés em pousada, porque não esquenta e não faz tanto barulho e dura por oito anos até precisar ser mudada.
Guia mostra cobertura feita à mão que é usada em casas no Parque Nacional da Serra do Divisor
Tácita Muniz/g1
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