Suspeitos, vídeo e mais: tudo o que se sabe do atentado ao caminhão de lixo em Florianópolis

No dia 12 de março, dois homens encapuzados e armados abordaram um caminhão de lixo de uma empresa terceirizada em Jurerê Internacional, Florianópolis, atearam fogo no veículo e fugiram.

Os suspeitos, após expulsarem a equipe do veículo, utilizaram cerca de 25 litros de gasolina para incendiar o caminhão de lixo, que ficou completamente destruído e causou um prejuízo de R$ 750 mil à FG Soluções Ambientais.

Caminhão de lixo da FG Soluções Ambientais ficou destruído pelas chamas – Foto: Reprodução/CBMSC/ND

O Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrência, extinguiu as chamas e colheu os depoimentos dos funcionários, que relataram não terem sofrido ferimentos.

Neste mesmo dia, o Sitrasem (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal) havia começado uma greve contra as terceirizações realizadas pelo prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD).

Investigação da polícia

Após um dia de investigação, a Polícia Civil conseguiu identificar a placa do veículo que havia estado no local do crime a través de imagens de câmeras de segurança.

Neste mesmo dia, o TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) declarou ilegal a greve dos servidores da Prefeitura de Florianópolis, e fixou multa de R$ 100.000,00 por descumprimento da decisão.

Greve dos servidores públicos de Florianópolis – Foto: Sintrasem/Redes Sociais

Vídeo do incêndio criminoso

No dia 14 de março, foi divulgado um vídeo que mostra o momento exato que duas pessoas abordam o caminhão de lixo, expulsam os funcionários e ateiam fogo no veículo.

A empresa FG, dona do caminhão, enviou uma nota à reportagem afirmando que os criminosos ameaçaram repetir a conduta em outros veículos da frota.


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Homens abordam caminhão de lixo em Florianópolis e ateiam fogo – Vídeo: Reprodução/Floripa Mil Grau/ND

Automóvel alugado pelo Sintrasem

A Polícia Civil, em seguida, trouxe mais novidades sobre a investigação: o carro que seguiu o caminhão atacado teria sido alugado a nome de uma das diretoras do Sintrasem.

Segundo investigações e os dados do GPS do próprio automóvel, foi constatado que o veículo fez o trajeto do caminhão de lixo e estava no mesmo local na hora do crime.

Carro HB20 que seguiu caminhão de lixo incendiado – Foto: Divulgação/ND

O Sintrasem, quando questionado, assegurou que nenhum membro do sindicato participou da queima do caminhão de lixo e que após o encerramento das atividades sindicais, os diretores se dirigiram às suas casas.

Além disso, o sindicato denunciou que “seus postos de trabalho e seus empregos estão ameaçados com a politica de terceirização da limpeza pública de Florianópolis”.

HB20 seguiu caminhão de lixo

No dia 15 de março, a polícia revelou que o veículo era um HB20, e que havia sido alugado pelo Sintrasem em uma locadora nacional com sede em Florianópolis.

Além disso, revelaram que o automóvel havia sido alugado a nome de Roberta Zimmer Cézar, diretora do Conselho Deliberativo do sindicato. Ainda sim, no momento do crime, dois homens foram responsáveis pela abordagem.

25 litros de gasolina foram usados para atear fogo no veículo – Foto: Reprodução/CBMSC/ND

Em nota, o sindicato informou: “O Sintrasem aluga inúmeros veículos para que os trabalhadores façam visitas aos locais de trabalho, reuniões, panfletagens e outras atividades”, disse.

“Somente no dia deste caso, havia seis carros locados. No último ano, foram dezenas de aluguéis de veículos feitos pelo Sintrasem. O sindicato nega qualquer relação com o ocorrido”, afirmaram em nota.

Enquanto isso, foram realizadas diversas rodadas de negociações pelo fim da greve em Florianópolis, com a participação de servidores da saúde, assistência social, educação e servidores da Comcap.

Polícia anuncia em coletiva de imprensa a apreensão de celulares de 4 pessoas após incêndio a caminhão de lixo – Foto: Ana Schoeller/ND

Busca e apreensão na casa de quatro suspeitos

Em uma coletiva de imprensa realizada no dia 18 de março, a Polícia Civil anunciou que realizaram quatro mandados de busca e apreensão na Grande Florianópolis.

Além dos mandados, o Poder Judiciário, com aval do Ministério Público, autorizou a quebra de sigilo dos celulares confiscados nas residências de quatro suspeitos ligados ao Sintrasem.

As investigações encontraram elementos que apontam para a autoria do incêndio criminoso, indicando que dois dos investigados tinham sob sua responsabilidade o veículo que seguiu o caminhão.

Funcionários foram abordados por dois homens armados – Foto: Reprodução/CBMSC/ND

Rota de perseguição

Segundo a polícia, o HB20 de cor azul foi retirado da locadora entre os dias 28 de fevereiro de 2024 e 14 de março de 2024. No dia do ataque, o carro teria saído da Comcap do Itacorubi por volta das 21h15.

Quando o caminhão saiu da Ademar Gonzaga, próximo de um clube em Jurerê Internacional, por volta das 23h, os suspeitos teriam parado o veículo e ateado fogo, afirmaram as autoridades.

A investigação ainda apura se há um terceiro elemento, além dos que abordaram o caminhão de lixo, que é quem estava supostamente dirigindo o carro.

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Carro perseguindo caminhão de lixo – Vídeo: Reprodução/Arquivo Pessoal/ND

Posição do Sintrasem

Em resposta, o Sintrasem disse que não teve acesso ao inquérito policial e, por isso, não pode falar sobre o conteúdo do mesmo — que corre em segredo de Justiça.

“Sabemos que nada de ilícito será encontrado. Os mandados de busca e apreensão acontecem no contexto de criminalização do sindicato, na tentativa de vincular o Sintrasem e seus diretores em atividades ilícitas”, afirmou.

“Continuamos firmes na defesa dos direitos dos trabalhadores da Comcap e da Prefeitura de Florianópolis”, finalizaram.

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