Exposições de Wesley Rocher Monteiro ocupam espaços de Juiz de Fora

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“Eu decidi me jogar nessa área que tanto me emociona”, afirma Wesley Rocher Monteiro, sobre seu trabalho nas artes visuais (Foto: Divulgação)

O artista visual Wesley Rocher Monteiro ocupa, neste mês, dois espaços, em Juiz de Fora, com suas obras: a Casa d’Italia, com “Circus”, em parceria com o fotógrafo Carlos Sacchi, e o Shopping Jardim Norte, com a mostra “Inspirações modernistas”. Cada uma delas explora suas vertentes no papel e na tela, que funcionam, ainda, como um reflexo de sua trajetória na arte.

De Valença, Wesley mora em Juiz de Fora desde a pandemia. Foi na sua cidade natal que o contato com as artes se deu. A princípio, ele ficava responsável pela produção de galerias na cidade do interior do Rio de Janeiro. Em paralelo, sentia o desejo de mergulhar, de fato, nas artes visuais e desenvolver suas técnicas que eram ainda principiantes, mas que latejavam no interior.

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“Eu tinha receio de largar o meu trabalho e me jogar na arte. Porque, no fim das contas, é também uma jornada solitária. Ao mesmo tempo que eu me via distante da arte, dentro ela era presente como um turbilhão.” Aos 42 anos, então, ele decidiu que era aquele o momento de se aprofundar nas artes visuais. “Eu decidi me jogar nessa área que tanto me emociona.”

Como já tinha algumas técnicas, mas elas eram, sobretudo, intuitivas, entendeu que o primeiro passo era estudar os movimento e ir percebendo como aquelas linhas aconteciam, a partir de cada época e cada artista. “Achava que sabia de arte, por causa do meu contato com os outros artistas na produção de galerias. Mas ali eu percebi que, na verdade, sabia quase nada e precisava, então, me aprofundar nos estudos. Foi um processo longo, aos poucos, até passar na faculdade de História da Arte.”

Wesley entendeu que era preciso, além de tudo, com seu olhar voltado àqueles artistas, perceber qual era o seu caminho para criar uma assinatura que fizesse sentido. Foi quando decidiu mergulhar no Movimento Modernista para extrair, principalmente do Cubismo, sua própria expressão. E os quadros, então, começaram a sair.

Em um primeiro momento, foi necessário cavar um espaço para apresentar seus trabalhos, que já destacavam as cores e os traços cubistas, sua principal fonte. Em Valença, começou a participar de vários eventos e atividades culturais. Ele se viu de um outro lado, diferente de tudo o que tinha feito: ao invés de produzir outros artistas, passou a produzir seu próprio trabalho. “Em um momento, eu estava em todos os cantos de Valença. Percebi que já podia me chamar de artista.”

Trabalhos de Wesley foram apresentados em vários países

Esse cenário deu a ele a força necessária para acreditar no trabalho que desenvolvia, criar conexões e apresentar os quadros em outros espaços. Foi com sua influência no Modernismo que passou a fazer suas principais exposições, inclusive fora do Brasil. Seus trabalhos já foram expostos em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Porto Alegre, além do Japão, Estados Unidos, França e Finlândia. “O começo do meu trabalho já foi um salto grande. Mas, ainda assim, eu mantinha meus pés no chão de terra batida de uma cidade do interior”, comenta Wesley.

Como seu trabalho foi ganhando cada vez mais projeção, ele percebia também a necessidade de estudar cada vez mais. Na pandemia, mudou-se para Juiz de Fora. Ao mesmo tempo que viu uma expansão da sua área, percebia que as galerias estavam fechando. “E a criatividade ficava incubada.” O jeito encontrado foi se desenvolver em uma nova área: o nanquim, no papel. “E eu me encontrei nessa área também.”

Wesley passou a fazer parte de projetos na cidade que reunia uma série de artistas para desenhar prédios e cenas das ruas de Juiz de Fora. “Nesse projeto, eu consegui desenvolver meu desenho, principalmente porque precisava ser rápido. Eu desenhava uma pessoa e eu não sabia quando ela ia sair daquela posição. Foi muito importante.”

Com um trabalho plural, Wesley passou a produzir tanto os desenhos quanto as pinturas. “Se eu tenho criatividade, não vou algemá-la dentro de mim.” E é por isso que as exposições em mostra neste mês representam sua história: uma influenciada no movimento que te fez crescer na arte, a outra apresenta uma área fruto de um encontro frutífero e que te permitiu um respiro naqueles tempos de pandemia.

Wesley Rocher Monteiro
Exposição na Casa D’Italia foi feita em parceria com o fotógrafo Carlos Sacchi (Foto: Divulgação)

A pintura e o desenho

“Circus”, na galeria da Casa D’Italia, é fruto de uma parceria com o fotógrafo Carlos Sacchi. Os dois mergulharam nas aulas da Volare, uma escola de circo de Juiz de Fora. Carlos fotografou as alunas e, a partir das imagens, Wesley desenhou. “E foi interessante perceber as expressões, a anatomia dos corpos, e traduzir isso para o desenho. E foi muito emocionante, na abertura da exposição, ver como elas ficaram felizes se vendo daquela forma. Uma delas ainda comentou: ‘Eu virei arte’.”

Wesley Rocher Monteiro
“Inspirações modernistas” ocupa a galeria de arte do Shopping Jardim Norte até o fim deste mês (Foto: Divulgação)

Já o Jardim Norte, o “Inspirações modernistas” foi fruto de um convite. Foi uma oportunidade de Wesley revisitar seu trabalho e perceber como se deu seu começo. “E no segmento que acredito, o modernismo”, completa. E as escolhas conversam intimamente com o espaço, que é tão vibrante.

Sua ideia é ocupar cada vez mais espaços e mostrar a arte que acredita. “Porque, além do belo, eu vejo que a arte é um retorno para a sociedade e ela transforma. As minhas artes têm informação por trás. É importante ver tudo isso muito além da decoração e usar desses espaços para falar de determinados assuntos. É meu compromisso.”

Próxima exposição

Wesley antecipa que, ainda neste ano, faz uma exposição no Forum da Cultura, também com Carlos Sacchi, mas sobre as culturas populares, como o Congado e as Folias de Reis. A data da mostra ainda não foi confirmada.

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