Belo Horizonte registra média de 16 acidentes por dia envolvendo ônibus e micro-ônibus em 2023

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De janeiro a março de 2023, foram 1.294 ocorrências sem vítimas e 178 com vítimas na capital, segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp). Ônibus sem freio atinge muro de escola em BH.
Ana Carolina/Arquivo pessoal
Belo Horizonte registrou, em média, 16 acidentes por dia envolvendo ônibus e micro-ônibus nos três primeiros meses deste ano. De janeiro a março de 2023, foram 1.294 ocorrências sem vítimas e 178 com vítimas na capital, segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp). Os dados incluem todos os ônibus, não só os do transporte público.
Os números de 2023 são 19,5% maiores em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram registrados, no total, 1.231 acidentes com ônibus ou micro-ônibus de janeiro a março.
Neste mês, em apenas cinco dias, entre 19 e 23 de maio, mais de 40 pessoas ficaram feridas em acidentes envolvendo ônibus em BH e Região Metropolitana.
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De acordo com o consultor de transporte e trânsito Silvestre de Andrade, os acidentes são a “febre, não a doença”.
“Geralmente, é uma combinação de vários fatores que leva ao acidente: veículo, via e condutor. No caso do transporte público, os condutores geralmente são profissionais da melhor qualidade, pessoas com mais experiência […] Dentro desse cenário, temos uma contribuição expressiva da questão da condição dos ônibus”, afirmou.
Nos início desta semana, pelo menos quatro ônibus com pneus carecas foram apreendidos pela Prefeitura de Belo Horizonte. Nesta quinta-feira (24), outros dois veículos foram autuados por má conservação.
Para o especialista, o congelamento da tarifa – que subiu para R$ 4,50 no fim de 2018 e permaneceu nesse valor até abril deste ano –, a redução da demanda de passageiros na pandemia e o aumento do custo dos insumos contribuíram para o desequilíbrio financeiro do sistema de transporte.
“O transporte é operado pelo setor privado, e nenhum setor privado vai para o precipício e se joga para a falência por conta própria, ele se preserva. Posterga a troca do veículo, a manutenção não é tão boa como deveria ser”, falou Silvestre.
Para ele, a oferta de subsídios para as empresas de ônibus, como o de R$ 512 milhões anunciado nesta quinta-feira, é uma alternativa possível para buscar o equilíbrio do sistema.
“Você diminui a tarifa, faz com que mais pessoas possam utilizar o sistema, e quem paga é o contribuinte, não só o usuário. Subsidiar torna mais acessível para mais pessoas. O que é importante é que o sistema se equilibre, seja qual for a solução encontrada, é preciso que custos e receitas permitam o funcionamento de serviço de qualidade para a população”, concluiu.
O que dizem as empresas e a BHTrans
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) afirmou que “lamenta os acidentes ocorridos, muitas vezes, inevitáveis” e que “todas as medidas necessárias” para a prevenção “são tratadas como prioridade”.
“Não se pode desprezar o estrangulamento financeiro perpetrado há anos e que impediu o necessário investimento na renovação de toda a frota do sistema, além de melhorias que poderiam ter sido implementadas se não fosse o desequilíbrio econômico-financeiro enfrentado pelas empresas desde 2018 e que, infelizmente, não se corrige em curto espaço de tempo”, afirmou o sindicato.
A Empresa de Transportes e Trânsito (BHTrans) e a Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (Sumob) disseram que “têm adotado as medidas administrativas para sanar as irregularidades e fazer com que as concessionárias cumpram o regulamento dos serviços de transporte público”.
“Nos últimos dias, a Prefeitura tem intensificado as ações de fiscalização de itens de segurança e de licenciamento dos veículos do transporte coletivo municipal nas garagens das concessionárias do sistema de transporte coletivo […] Os veículos que não estão em condições adequadas de operação têm as autorizações de tráfego recolhidas”, afirmou a BHTrans.
A prefeitura destacou que a “manutenção dos ônibus é dever das concessionárias” e que, caso o veículo apresente problemas, a orientação é que o motorista interrompa a viagem e recolha o veículo à garagem.
Os passageiros podem registrar reclamações por meio do PBH APP, pelo WhatsApp (31) 98472-5715 ou no Portal de Serviços.
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