Para Planalto, embate de Marina com Congresso ‘fortalece polarização’ e dificulta governo; Lula apostará no corpo a corpo

Ministra e subordinado criticaram Congresso após derrotas na área ambiental. Para interlocutor do presidente, postura afasta parlamentares do centro e fortalece extremistas. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, faz pronunciamento durante a posse do novo presidente do ICMBio, Mauro Pires, em 25 de maio.
TV Brasil/Reprodução
O Palácio do Planalto avalia que posições recentes da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao Congresso fortalecem a polarização e os parlamentares que considera extremistas.
Na quinta (25), poucos dias depois de o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) negar à Petrobras autorização para procurar petróleo na bacia da foz do Rio Amazonas – considerada uma “aberração” no Planalto – Marina afirmou que “não gosta de ver” o que está acontecendo no Congresso.
“Nós estamos vivendo um momento difícil, está difícil para todo mundo. Este é o momento das árvores fortes se colocarem na frente para proteger o que é essencial”, declarou Marina durante a posse do novo presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires.
As afirmações foram feitas após a Câmara impor três derrotas do governo na área ambiental
A aprovação, de regra que flexibiliza o desmatamento na Mata Atlântica;
A aprovação da urgência no projeto de lei que dificulta demarcação de terras indígenas;
A mudança, do Ministério dos Povos Originários para o da Justiça, da competência de demarcação de terras indígenas, incluída numa medida provisória de Lula (PT) e aprovada em comissão
“Ela apresenta [as decisões do Congresso] como se fosse um desmonte do Meio Ambiente. [Isso] aumenta a polarização”, diz ao blog um integrante do Planalto, que avalia que as declarações públicas “expõem o governo”.
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Essa polarização, na visão dessa fonte, afasta os parlamentares de centro em um Congresso majoritariamente conservador, com e, com isso, “dificulta muito governar” e é um percalço a mais numa articulação política já desafiadora em razão da concentração de poder construída por Arthur Lira (PP-AL) durante o – e com o apoio do – governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A preocupação do governo com os impactos negativos da postura de Marina na articulação política levou o próprio Lula (PT) a, na noite de quinta (25), tratar como naturais as decisões da Câmara. Em discurso, disse que os comentários após as derrotas davam a impressão de que o “mundo acabou”, mas, na avaliação dele, está tudo parecendo “normal” (veja no vídeo abaixo).
“O que a gente não pode é se assustar com a política. Quando a sociedade se assusta com a política e começa a culpar a classe política, o resultado é infinitamente pior”, argumentou o presidente.
A expectativa é que nos próximos dias Lula – que, no início do mandato, priorizou viagens internacionais – invista em conversas individuais com parlamentares para tentar reorganizar a base. “Não é no atacado que vamos resolver. É no corpo a corpo”, diz o interlocutor do presidente.
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