
Dados constam no Observatório Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Balanço mostra que AC fez 237 em cinco anos, mas Saúde contesta número e diz que, na verdade, foram realizados 295 procedimentos. Estado acreano está entre as três federações que não possuem Banco de Tecidos Oculares na rede pública. Córnea é um tecido transparente que fica na parte da frente do olho
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Entre 2019 e 2022, o Acre realizaou apenas 237 transplantes de córnea. Os dados constam no Observatório Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). O estado acreano aparece em 2º lugar no ranking das federações que menos fizeram o procedimento em cinco anos.
Contudo, a coordenação do Núcleo Central de Regulação de Transplantes do Estado afirma que, na verdade, foram feitos 295 procedimentos e não 237, como consta no levantamento. “São os dados que constam no Sistema Nacional de Transplante que temos acesso. Essa habilitação é de 2009, então, é bastante tempo”, explicou a coordenadora do Núcleo, Suilany Meiry de Souza.
A córnea é um tecido transparente que fica na parte da frente do olho. Se ela se opacifica (embaça) a pessoa pode ter a visão bastante reduzida ou, às vezes, até perder a visão.
Conforme o levantamento, esses são os estados com menor número de transplantes de córnea:
Tocantins – 145
Acre – 237
Rondônia – 569
Alagoas – 625
Paraíba – 1.115
Transplantes são feitos na Fundação Hospitalar do Acre
Divulgação
Estado não tem banco de tecidos oculares
Outro dado apontado no estudo mostra que o Acre está entre os três estados brasileiros sem Banco de Tecidos Oculares na rede pública. Aparecem no ranking também Amapá e Roraima.
Segundo Suilany, pela legislação, o Banco de Olhos não é uma política obrigatória, mas cada estado, dependendo da sua necessidade, faz uma proposta ao Ministério da Saúde para que seja habilitado o serviço. Essa proposta deve contar com estrutura montada e os profissionais disponibilizados para os procedimentos.
No planejamento do estado, a estrutura será montada ao lado da Central de Transplantes Estadual, onde vai ser destinada para implementação do Banco de Olhos.
“Então, o prédio já está praticamente terminado, faltam alguns detalhes para que o banco de olhos possa funcionar. Um dos gargalos relacionados à captação da córnea em nosso estado é com a questão do faturamento porque todos os procedimentos de transplante, claro que todos são financiados pelo Ministério da Saúde, mas, por exemplo, líquido de preservação, que é o insumo mais caro para a realização da córnea, só pode ser faturado pelo banco de olhos”, confirmou.
Dificuldades
Outra dificuldade citada pela profissional é a falta de oftalmologistas para fazer os procedimentos, realizados na Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre). Segundo ela, a equipe hoje conta apenas com uma médica, que também é chefe do serviço na unidade de saúde.
“O Estado acabou de fazer uma proposta para que o serviço inclua mais oftalmologistas na equipe de transplante porque esse é um dos gargalos, desde que a habilitação da córnea foi autorizada pelo Ministério da Saúde, apenas uma médica faz parte da equipe para atender o estado inteiro, as necessidades dos pacientes que precisam de um transplante”, lamentou.
Suilany confirmou que o Estado também pediu, neste mês, ao Ministério da Saúde a habilitação da equipe de transplantes e do Hospital das Clínicas para a realização dos procedimentos. “Temos 102 pacientes ativos no cadastro técnico estadual. Não deixamos de captar córneas no estado pela falta de banco de olhos”, ressaltou.
A coordenadora falou ainda da necessidade de campanhas e ações de incentivo à doação de órgãos e tecidos na região. “Inclusive, já tem uma proposta para que, assim que implementarmos o Banco de Olhos, se possa expandir a captação de córnea para todas regionais de saúde. Considerando que a córnea também pode ser captada de pacientes falecidos de coração parado, diferente da doação de órgãos como coração, fígado, pulmão, rins que tem que ser com o doador em morte encefálica”, concluiu.
Transplante
De acordo com o Ministério da Saúde, o transplante permite que pessoas com alguma deficiência visual por problemas de córnea recuperem a visão.
Durante um transplante de córnea, o botão (ou disco) central da córnea opacificada (embaçada) é trocado por um botão central de uma córnea saudável. Esta cirurgia pode recuperar a visão em mais de 90% dos casos de pessoas que têm alguma deficiência visual por problemas de córnea.
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