‘Não tenho paciência’: 43% da população brasileira vive em ritmo muito acelerado, diz Datafolha

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Segundo a pesquisa inédita do Instituto Datafolha, nove em cada dez pessoas não se sentem calmas no dia a dia. A população está, cada vez mais, vivendo a vida na ‘velocidade 2x’. 43% da população brasileira vive em ritmo muito acelerado, diz Datafolha
Cerca de 43% da população brasileira vive na chamada velocidade 2x, ou seja, em ritmo muito acelerado, revela pesquisa do Datafolha. Segundo especialistas, a sensação de ganhar tempo ouvindo mensagens aceleradas no celular, por exemplo, deixa as pessoas mais ansiosas e pode levar até a sintomas depressivos.
Todo mundo já teve a sensação de que tudo em volta anda meio acelerado. Para a engenheira de software, Clara Mattos, 24 horas não são suficientes para as tarefas do dia.
“Tem que dormir oito horas, trabalhar oito horas, fazer exercício, fazer minhas coisas, normalmente fica muita coisa para um dia só”, diz.
Os especialistas garantem que a pressa não é só uma sensação, o tempo anda mesmo acelerado.
“Aceleração social do tempo, é essa ideia de que a gente está, sim, fazendo mais coisas em menos unidades de tempo. Então, coisas que a gente levava, 10 anos para fazer, e transformações sociais que levavam 10 anos para acontecer, elas estão acontecendo realmente em menos tempo”, explica a fundadora do Instituto Desacelera, Michelle Prazeres.
A pesquisa inédita do Datafolha revelou a relação dos brasileiros com o tempo: nove em cada dez pessoas não se sentem calmas.
“É como se a gente estivesse constantemente em modo de fuga: então, qual é a resposta do nosso corpo? A gente aumenta adrenalina, aumenta cortisol para produzir, produzir e produzir. E aí, é comum os sintomas mais depressivos”, conta Alyne Silva, psicóliga.
Quando tudo parece estar correndo mais depressa, muita gente também se sente pressionada a acelerar na mesma proporção. Um em cada quatro entrevistados admitiu que ouve áudios e assiste a vídeos também em modo acelerado.
“Acelero o áudio, não gosto de ficar ouvindo áudio. Não gosto, não tenho paciência”, diz a recepcionista, Camila Brita.
Nove em cada dez pessoas não se sentem calmas, diz Datafolha.
Reprodução/JG
Podcasts, vídeos, filmes e até aulas
Quase tudo pode ser visto em modo acelerado. E essa ansiedade tem afetado principalmente os mais jovens. Em uma escola na Zona Sul do Rio de Janeiro, o tema já virou até assunto na sala de aula.
“Dá aquele brilhinho na tela, parece que chama a gente, a gente sempre quer ver o que tá acontecendo no nosso celular. Então, fica muito difícil de desacelerar”, revela a estudante Alice Varon, de 14 anos.
A psicóloga Alyne Silva explica que é preciso aprender a diminuir o ritmo: “A gente precisa falar para o nosso corpo: ‘calma, sai do modo de fuga’. Toma água, toma um sol, pisa na grama se der, respira e sinta seu corpo. Acho que essa é a dica de ouro”.
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