Bebê morre durante parto no DF e família acusa hospital público de negligência

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Mãe diz que tinha recomendação para cesariana, mas equipe médica insistiu em parto normal. Secretaria de Saúde aguarda resultado dos exames para determinar causa da morte. Pâmela dos Santos Alves e família, depois de perderem bebê no parto, no Hospital de Planaltina, no DF
TV Globo/Reprodução
Uma bebê morreu durante o parto no Hospital de Planaltina, no Distrito Federal, na última quinta-feira (11), e a família acusa o hospital público de negligência. A mãe, Pâmela dos Santos Alves, conta que tinha uma recomendação médica para fazer uma cesariana, seguida de uma laqueadura, mas a equipe médica insistiu em parto normal.
A Secretaria de Saúde do DF diz que aguarda o resultado dos exames que vão determinar a causa da morte da criança. Segundo a pasta, “a gestante foi acompanhada por uma equipe médica e pela enfermeira obstetra, seguindo os protocolos e, em todas as evoluções, o bebê apresentava frequência cardíaca normal, sem registro de intercorrências durante o trabalho de parto”.
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Pâmela estava com 37 semana de gestação quando foi ao hospital, para a cesariana. No entanto, foi informada pelo médico plantonista que não seria possível fazer nenhum procedimento cirúrgico por “questão de saúde”, e que ela teria que dar à luz por parto normal.
“Ele falou pra mim que eu poderia ter o risco de uma infecção, que o útero estaria inchado e poderia não dar certo. Perguntou a idade do meu esposo e a minha idade e falou pra mim ‘você sabe que você não pode ter mais filhos’. Então eu disse ‘então faz a laqueadura’”, conta Pâmela.
A indução do parto foi conduzida pela equipe de enfermagem e durou seis horas. Pâmela diz que o processo ocorreu com dificuldade. “Quando eu vi ela saindo de dentro de mim eu já vi que ela não tinha nenhuma reação. Naquele momento que ela saiu de mim eu já sabia”, conta.
Bebê morre no parto e pais suspeitam de negligênica no Hospital de Planaltina
O marido de Pâmela, Ivando Neves Correia, acompanhou tudo de perto. “A gente planejou cada detalhe. Mesmo com as dificuldades, conseguimos comprar uma tinta pra pintar o quartinho. Cada detalhe a gente sonhou e tudo. Foi muito difícil. Tem sido muito difícil”, lamenta.
Segundo Pâmela, logo depois da notícia de que a filha estava morta, os médicos do hospital levantaram a hipótese de que a bebê teria um problema no coração. A mãe diz que todos os exames feitos durante a gravidez não apontavam nada em relação a isso.
A família registrou um boletim de ocorrência na 16ª Delegacia de Polícia, de Planaltina, e encaminhou o corpo da criança para necropsia no Hospital Regional de Sobradinho. O resultado do laudo saiu na última segunda-feira (15) e indicou insuficiência respiratória como a causa da morte.
Outras mortes na rede pública de saúde
Mariana Cardoso Vieira, 37 anos, e o marido Hudson de Oliveira
Reprodução
Um levantamento da Secretaria de Saúde (SES-DF), atualizado em 2020, reúne os registros das mortes de gestantes e bebês em Brasília. Segundo a pesquisa, das 39 mil crianças que nasceram no DF naquela ano, 545 morreram entre a 22ª semana de gestação e o sétimo mês de vida.
Em abril deste ano, uma gestante perdeu a bebê após o parto no Hospital Regional de Ceilândia. Segundo a família, a mulher chegou a ser liberada do hospital porque tinha pouca dilatação, mas as dores foram aumentando e quando fizeram o parto, o bebê não resistiu.
No mesmo ano também foram registradas sete mortes maternas obstétricas diretas, que ocorrem quando a mãe morre por complicações durante a gravidez, parto ou puerpério, devido a intervenções, omissões, ou tratamento incorreto.
Em outubro de 2022, Marina Cardoso Vieira e a filha, Luiza Victória, morreram no parto, no Hospital Regional de Samambaia. A equipe do hospital também induziu a mulher ao parto normal e a bolsa se rompeu.
Quase 24 horas depois, foi preciso fazer uma cesariana de emergência. Quando os médicos retiraram a bebê, ela já estava sem vida, e a mãe morreu em seguida.
De acordo com a médica obstetra Bárbara Freyre, a sobrecarga na rede pública de saúde é um dos fatores que comprometem o acompanhamento correto das gestante em trabalho de parto.
“O que acontece às vezes no serviço público é que um profissional fica responsável por várias pacientes. Então, no momento em que ele faz a ausculta do batimento cardíaco de uma paciente, ele tem que passar por várias outras pacientes e, quando volta nessa paciente, já pode ter acontecido muita coisa. Em um curto período de tempo, na obstetrícia, muita coisa pode acontecer”, diz a médica.
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