Justiça revoga prisões de alvos da Operação Boi de Ouro, que investiga roubo de gado no Acre

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TJ-AC informou que a decisão atende a um pedido do Ministério Público, pois os investigados já estavam presos há 90 dias sem que a operação fosse concluída. Operação ‘Boi de Ouro’ foi deflagrada nesta sexta-feira (10) pela Polícia Civil em seis cidades do Acre
Arquivo/PC-AC
A Justiça do Acre revogou as prisões de investigados na primeira fase da Operação Boi de Ouro, da Polícia Civil, que apura o envolvimento de pecuaristas, empresários e um advogado em um esquema de roubo de gado. A assessoria do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) informou que a decisão, assinada pelo juiz de Direito Robson Aleixo, acatou um pedido do Ministério Público do Acre (MP-AC).
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O MP afirma que os alvos da operação estão presos há mais de 90 dias sem que a investigação tenha sido concluída, e pediu a revogação das prisões.
A operação “Boi de Ouro” teve como alvos o advogado Ismael Tavares, além de pecuaristas e empresários suspeitos de integrarem uma quadrilha de furto de gado no interior do Acre. As investigações começaram há cerca de um ano e meio, e apontam que o grupo é responsável pelos crimes de formação de quadrilha, abigeato (furto de animais), lavagem de dinheiro, ameaça e enriquecimento ilícito. 15 pessoas foram presas.
Prisões
No dia 1º de março, mais três pessoas foram presas por suspeita de envolvimento em esquema de furto de gado em cidades do Acre. A ação é um desdobramento da operação “Boi de Ouro”, da Polícia Civil, deflagrada no último dia 10 de fevereiro em seis municípios acreanos.
O delegado Dione Lucas, da cidade de Acrelândia, informou que foram cumpridos mais dois mandados de prisão preventiva e um de prisão temporária contra os alvos. Um dos presos é Daniel Pinheiro de Souza, que seria o responsável por retirar o gado furtado das propriedades e colocar no caminhão para ser transportado a outros municípios.
Não foi revelado o nome dos outros dois presos, mas um deles seria motorista de um dos chefes da organização que ficava responsável pelo transporte dos animais furtados.
Conforme o delegado, Souza se apresentou na delegacia de Acrelândia acompanhado de advogado e, como havia mandado de prisão contra ele, já ficou detido.
“Durante a operação, algumas pessoas não foram encontradas e ontem [terça, 28], esse se apresentou na delegacia para prestar esclarecimentos. Ele seria um peão ia até a propriedade furtar o gado para ser transportado. Há, pelo menos, três pessoas de elevado nível nessa organização que ainda estão foragidas. Mas, acredito que logo serão presas e apresentadas à Justiça. Quem lucra mesmo com crime são dos receptadores para cima. Tem um núcleo que são os peões que vão na propriedade, separar o gado e subtrair. Mas, precisamos desestimular mesmo é o destino desse gado”, afirmou o delegado.
As investigações começaram há cerca de um ano e meio, e apontam que o grupo é responsável pelos crimes de formação de quadrilha, abigeato (furto de animais), lavagem de dinheiro, ameaça e enriquecimento ilícito.
Como agia cada um
A Justiça lista a atuação dos envolvidos da seguinte forma:
Aldair Francisco Batista Campos é o “Pinga Banha”, apontado como sendo um dos principais responsáveis por furto de animais na região do Caquetá. Foi ele que apareceu com um GTA emitida para iludir a polícia sobre a origem lícita dos animais transportados de forma irregular pela pessoa de Geovane de Oliveira. “É uma pessoa que debocha do Estado, exibindo riquezas obtidas por meios ilícitos.”
Ronilson Alves Batista é parente dos demais investigados e sua propriedade na região da Vila Caquetá é usada para depósito dos animais furtados para posterior destino. O nome dele está constantemente ligado a furtos de semoventes, segundo o processo. “Suas terras são destinos conhecidos de animais furtados ou irregulares. Ele é parente de Aldair Francisco Batista Campos, tio.”
Paulo Sérgio Batista é sócio do “Pinga-Banha”, e, segundo a denúncia, vivem do furto e receptação de animais. Se é sócio desse, atua com todos os demais. Vale ressaltar que há entre eles relação de parentesco. São parentes, ele está envolvido em outro caso de furto de animais. Seu caminhão foi apreendido na propriedade de uma das vítimas retirando o gado do local. “Ficou vários dias apreendido na Delegacia de Polícia Civil de Acrelândia. Na ocasião, os animais seriam levados para a propriedade de seu irmão, a pessoa de Marcos Antônio Batista.”
Marcos Antônio Batista é irmão do Paulinho Sérgio Batista e parente do Aldair Francisco Batista Campos, é suspeito de ser um dos líderes do grupo que está enriquecendo ao praticar abigeato em desfavor dos pecuaristas da região. Ele e seus familiares criminosos, possuiria um esquema de enviar animais fraudulentamente para fora do Estado do Acre. Era o destinatário dos animais subtraídos da propriedade de uma das vítimas e também estaria enriquecendo com a prática.
Luiz Gustavo do Nascimento é apontado como comparsa de Douglas Cristo Brizola e os dois estariam furtando, receptando e dando destinação para fora do Estado do Acre, a animais oriundos de abigeato. Ele diz que enviaria animais para o Estado do Amazonas, mesmo sem a obrigatória Guia de Transporte de Animais. “O.”O investigado aponta membros do grupo como de má fama, mas, é sócio de um dos mais atuantes no grupo, Douglas Cristo Brizola.”
Douglas Cristo Brizola é contumaz na prática do cometimento de abigeato, segundo o processo. Além de furtar, ele também dá destinação ao produto do crime. Como exemplo, no dia 23.12.2021, para tentar retirar do estado gado de forma irregular, foi a frente dos caminhões, pertencente ao grupo, para verificar se não havia fiscalização que pudesse inibir a prática nefasta do grupo. O investigado é sócio de Ronilson Alves Batista, o qual é parente de Aldair Francisco Batista Campos, Paulinho Sérgio Batista e Marcos Antônio Batista. Ele também é dado a enviar gado irregular para outras unidades federativas, como o fazia a pessoa de Luiz Gustavo do Nascimento no dia 23.12.2021. Ele confirma que Gilbertinho trabalha para ele.
Rodrigo Belo da Silva. Segundo a Justiça, ele e Antônio Fernandes Belo da Silva atuam furtando gado para o grupo. Inclusive foram eles que embarcaram o gado de uma das vítimas para a pessoa de Atacílio Peixoto de Almeida. “Foram apontados pelas pessoas de Ednaldo Ferreira Lúcio e Lucas Berto de Araújo.”
Ismael Tavares da Costa – Ele atua com André Luiz Batista Severino Souza, Francisco Pereira de Souza, Ortênio Rodrigues para subtrair animais pelo Estado. Ele fala sobre a prática de abigeatos com outros envolvidos e como será a repartição do espólio criminoso. “É possível perceber que nem terminara de praticar um abigeato, já estão a planejar outro. Nesse, parece tratar-se dos animais da vítima, inclusive planejam até a repartição do proveito criminoso.”
Ismael, segundo a denúncia, possuía motorista para fazer os furtos e grande parte dos animais era levada para Manoel Urbano, onde o advogado teria conexões. “Ismael Tavares da Costa passa instruções de como transportar os animais e local onde devem ser depositadas na circunscrição de Manoel Urbano, propriedade onde alguns animais foram localizados.”
André Luiz Batista Severino atua com Jonatas Oliveira para subtrair o gado da vítima em Senador Guiomard. No diálogo entre ambos, é possível perceber a atuação de outros envolvidos, Ismael Tavares da Costa e Ortenio Rodrigues, sendo que eles ainda debocham da situação, dizendo que os bens obtidos com abigeatos são dados, gratuitas. O investigado possui relações estreitas com Ismael Tavares da Costa e seus asseclas. “É possível perceber que o investigado participou de vários abigeatos juntamente com Ismael Tavares e Paulo Ferreira da Silva e os demais. Eles se referem aos abigeatos como mexida e também, percebe-se que o investigado usa uma camionete para as práticas criminosas.”
Paulo Ferreira da Silva trabalha diretamente com Ismael Tavares da Costa. Ele também atua com outro membro do grupo, William da Silva Gomes, vulgo Blayde. Também é possível perceber a influência de Ismael Tavares da Costa e André Luiz Batista Severino Souza sobre os demais, aliás, o primeiro é quem tem o caminhão. “Paulo Ferreira da Silva também tem relações estreitas com outro ladrão de gado, Vanderlei Zanelato Joaquim (fls. 217 a 222). Eles subtraem os animais nessa região e com a ajuda de Ismael Tavares da Costa, os distribui, ao menos, parte dos animais, na região de Manoel Urbano.”
Francisco Pereira de Souza acabou sendo detido durante a ação do grupo, o que possibilitou desvendar a identidade de vários agentes responsáveis por abigeatos no Acre. “Como se percebe, é membro atuante no grupo que pratica abigeato nessa região.”
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