Secretaria de Saúde diz que situação do superfungo está controlada; ‘contaminação natural’ do Candida auris é investigada

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Três pacientes de diferentes hospitais públicos e privados do estado, e sem conexão entre si, foram contaminados pelo fungo este mês. José Lancart de Lima, diretor-geral de informações epidemiológicas da Secretaria de Saúde de Pernambuco
Reprodução/TV Globo
Apesar da confirmação dos três casos do superfungo Candida auris neste ano em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) considera que a situação está controlada e restrita. O estado ainda não conseguiu encontrar uma cadeia de transmissão que conecte os três pacientes colonizados, então investiga uma hipótese de contaminação natural.
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A avaliação é de José Lancart de Lima, diretor-geral de informações epidemiológicas da SES, em entrevista à TV Globo.
“É uma situação que está restrita, controlada e sofrendo intervenção de vigilância rotineiramente pra que a gente possa, de fato, garantir a segurança dos pacientes”, afirmou José Lancart de Lima.
Os casos já confirmados foram identificados em três unidades de saúde:
🏥 Um homem de 48 anos, internado no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, diagnosticado no dia 11 de maio;
🏥 Um idoso de 77 anos, internado no Hospital Tricentenário, em Olinda, que teve o diagnóstico no dia 14 de maio;
🏥 Um idoso de 66 anos, internado no Hospital Português, privado, no Paissandu, na área central do Recife, no dia 23 de maio.
No caso do hospital Miguel Arraes, como o paciente passou por várias áreas do hospital, toda a unidade de saúde foi fechada para novas internações e só está recebendo pacientes em casos de urgência (saiba como prevenir a contaminação).
“Isso é necessário para que nós possamos garantir que não houve o alastramento da infecção a nível de ambiente hospitalar. Todos os pacientes estão estáveis, nenhum evoluiu com gravidade por conta da infecção do Candida auris”, assegurou Lancart.
Hospital Miguel Arraes, na cidade de Paulista, em Pernambuco.
Reprodução/TV Globo
Ainda segundo o diretor da SES, o estado não conseguiu detectar cadeia de transmissão epidemiológica que crie vínculo entre esses pacientes .
“Existem algumas hipóteses de contaminação natural, a nível de ambiente. E isso está sendo investigado”, explicou o representante da SES.
O Candida auris é um fungo identificado pela primeira vez no Japão, em 2009. Desde então, se espalhou por todos os continentes. No Brasil, chegou em 2020.
Entre 2021 e 2022, o surto de Candida auris no Recife foi o maior já registrado no país, com 48 notificações.
Segundo o infectologista Arnaldo Lopes Colombo, o estado fez uma busca ativa por pacientes, o que revelou a quantidade de pessoas colonizadas. Colonizados são os pacientes que têm o fungo na superfície do corpo, mas não foi infectado por ele.
As regiões do corpo onde o Candida auris costuma ficar são:
🦠 Ouvidos;
🦠 Narinas;
🦠 Axilas;
🦠 Virilhas.
O fungo Candida auris visto do microscópio
GETTY IMAGES/BBC
Nesta fase, não há sintomas. Mas um machucado, uma ferida na pele ou o uso de catéter no hospital pode permitir que ele entre no corpo, atinja a corrente sanguínea e provoque uma infecção.
Em casos graves, pode prejudicar órgãos como o coração e o cérebro. Em último caso, podem levar à sepse, uma infecção generalizada capaz de matar.
Para o infectologista Arnaldo Lopes Coutinho, o principal temor associado ao superfungo é a velocidade com que ele se expande por hospitais em todo o mundo e suas características de colonizar pacientes por muito tempo e resistir a múltiplos fármacos.
Por isso, os cuidados nos hospitais devem ser levados à risca. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou orientações para as redes de saúde e o Ministério da Saúde tem acompanhado de perto todos os casos.
Estado de saúde
O Hospital Português não quis comentar o caso. A Secretaria de Saúde disse que os três pacientes passam bem.
Como se prevenir?
As formas de prevenção são as seguintes:
🧼 Higiene das mãos;
🧤 Uso adequado de materiais de proteção;
🧽 Limpeza do local onde estão os pacientes infectados.
Por que o Candida auris é conhecido como superfungo?
🦠 Em 2019, o Candida auris foi caracterizado pela comunidade científica como um fungo mais resistente a medicamentos do que os outros.
🔬 Estudos indicam que em até 90% dos pacientes, o Candida auris é resistente a fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas, que são medicamentos usados no tratamento de infecções por fungos.
Como ele age no corpo?
🔎 Geralmente, não há manifestação clínica da presença do superfungo e o paciente que está “colonizado” por ele é assintomático, segundo o diretor geral de Informações Epidemiológicas da SES, José Lancart de Lima.
👥 A transmissão acontece através do contato direto com objetos ou pessoas infectadas.
🩸 O Candida auris é capaz também de infectar o sangue, levando a casos agressivos e, muitas vezes, letais.
🩺 Pacientes com alguma comorbidade, imunosuprimidos ou cardiopatas têm um risco maior de apresentar um agravamento do quadro clínico quando infectados com o superfungo.
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