Inadimplência é realidade para 42% da população adulta do PR: ‘Tem mês que pagamos uma conta, no outro pagamos outra’

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Dos que têm dívida, 19,10% não conseguiram quitar contas básicas como água e luz no mês de abril, segundo a Serasa. Contas da Sanepar em atraso
Arquivo Pessoal
Mais de 40% da população adulta do Paraná estão inadimplentes, ou seja, não conseguiram pagar as contas dentro do prazo de vencimento no mês de abril, segundo a Serasa.
Isso significa que 3.777.246 pessoas que moram no estado não conseguiram, como se diz, deixar os boletos em dia.
O valor médio por dívida é de R$ 1.346,30.
“Estou, nos últimos tempos, sempre em atraso, porque estou desempregada. Não consigo manter minhas contas em dias. Fazemos bicos para poder manter a casa. Tem mês que pagamos uma conta, no outro pagamos outra”, relata Ivonete Oliveira, de 45 anos.
Contas básicas ficam sem pagamento
Dentro dos 42,18% que estão inadimplentes no Paraná, 26,40% têm dívidas com bancos e cartões; 19,10% estão em atraso com o pagamento de contas básicas, como conta de água e luz; 13,46% por compras no varejo; e 7,78% por serviços de telecomunicações.
Os números foram compilados pela Serasa, empresa que trabalha com dados econômicos e sociais e análise de crédito no Brasil.
A Ivonete, de 45 anos, mora em Curitiba e faz parte desta estatística. Ela conta que, por conta do desemprego, não consegue pagar as contas básicas.
Há seis meses, a conta de água da família, que fica em torno de R$ 17,00 por mês, está em atraso.
Ivonete relata que trabalhava como auxiliar de limpeza, mas, há cerca de dois anos, teve Covid-19 e ficou com sequelas, que a impediram de continuar atuando na área.
Para levantar dinheiro, ela faz trabalho esporádicos como cuidadora de crianças do bairro onde mora. Mesmo assim, o valor ainda não é o suficiente para manter as contas da casa em dia.
Ela classifica a sensação como desesperadora.
“Cada dia que passa as dificuldades estão cada vez maiores, cada vez mais difícil. Está difícil e, com o aumento, a tendência é só piorar”.
O aumento que Ivonete se refere é o de 8,23% aplicado na conta de água e esgoto cobrada pela Sanepar. Esse percentual foi aprovado pela Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Paraná (Agepar) em abril.
Moradora de Curitiba relata dificuldades em manter as contas em dia
Os quatro filhos de Ivonete moram com ela, e a fonte principal de renda da família era o salário do filho mais velho, porém, desde o fim de 2022, ele está desempregado.
Enquanto não consegue um novo emprego, o rapaz faz “bicos” como motoboy.
Apesar das dificuldades, ajudar o próximo
Apesar da dificuldade, Ivonete é idealizadora de um projeto social que atende cerca de 130 famílias na Vila Pantanal, dentro do bairro Alto Boqueirão, em Curitiba.
O projeto trabalha com o empoderamento de mulheres da comunidade, além de fazer conscientização contra a violência de gênero.
“Sempre estamos procurando fazer as coisas para melhorar a nossa vida ao redor dessas mulheres, porque só quem passou pela fome e pela dificuldade sabe o quanto isso é importante”, afirma Oliveira.
Dicas para sair do endividamento
O Serasa orienta 10 dicas para que uma pessoa consiga sair do endividamento. Confira abaixo:
1. Anote todas as suas dívidas
Na anotação, coloque os valores totais e os valores das parcelas, as taxas de juros, os bancos e empresas credoras, a fata de vencimento das parcelas e o prazo total de quitação da dívida.
2. Crie uma planilha de orçamento financeiro mensal
De acordo com o Serasa, a ferramenta é uma forma de organizar o orçamento mensal para ter uma noção melhor dos gastos e ganhos.
Além dos valores recebidos no mês, é importante classificar também as despesas e em quais elas se encaixam, como gastos essenciais, necessários ou supérfluos.
3. Analise quais gastos mensais podem ser cortados ou diminuídos
Após a classificação dos gastos, a pessoa deve decidir quais podem ser reduzidos.
4. Avalie qual valor mensal pode ser destinado a pagar as dívidas
Depois de reduzir os gastos, avalie qual quantia mensal sobrou para ser destinada ao pagamento das dívidas. Caso o valor seja pequeno, é importante rever o orçamento e analisar o que pode ser alterado para sobrar mais dinheiro.
5. Procure ofertas de negociação das dívidas
Para regularizar a situação, o consumidor poderá contatar diretamente o credor, demonstrando interesse na regularização da dívida, e verificar a possibilidade de pagamento com descontos ou parcelamentos que caibam no orçamento.
Além disso, o consumir pode acessar a página do Serasa Limpa Nome, para conferir se existem opções de negociação. Bancos, instituições financeiras e empresas em geral têm parceria com a Serasa e oferecem descontos que podem chegar a 90%
6. Negocie diretamente com os credores
Algumas opções de propostas podem ser pagar as contas à vista com desconto, parcelar as dívidas mediante uma entrada ou parcelar as dívidas sem uma entrada.
É importante que o consumidor analise atentamente as opções de acordo antes de fechar negócio.
7. Troque as dívidas caras por outra dívida barata
A Serasa orienta que a prioridade é sempre pagar as dívidas mais caras, ou seja, as que possuem maiores taxas de juros.
A instituição dá um exemplo prático da situação:
Uma pessoa deve 15 parcelas de R$ 575,00 ao banco X, com taxa de juros de 5,25% ao mês, resultando no valor total de R$ 605,18 de cada parcela.
Uma estratégia é pesquisar outra opção de empréstimo que cubra o valor da dívida, mas com uma taxa de juros menor.
Vamos supor que a pessoa tenha conseguido pegar um empréstimo no banco Y, cujas parcelas são de R$ 575,00, porém a uma taxa de juros de 2,25% ao mês. O valor das parcelas ficaria em R$ 587,93.
Por isso, enquanto no banco X a dívida total ficaria em R$ 9.077,70, no banco Y, a dívida total ficaria em R$ 8.818,95.
8. Faça uma renda extra
Quem está endividado tem mais dificuldades de diminuir os gastos para sobrar mais dinheiro no final do mês. Portanto, a renda extra é uma importante ferramenta para juntar mais dinheiro e conseguir negociar acordos melhores para quitar as dívidas.
Algumas dicas da Serasa para conseguir uma renda extra são vender itens usados em brechós online, comprar produtos baratos para revender e lucrar, oferecer consultorias na área de atuação, fazer marmitas e doces para a venda e dar aulas particulares.
9. Adiante o pagamento das parcelas sempre que puder
Ao receber um dinheiro extra, a dica principal é antecipar o máximo de parcelas possíveis para pagar a dívida mais rapidamente.
Dependendo do banco, instituição financeira ou empresas em geral, é possível ter descontos no adiantamento das parcelas, principalmente ao amortizar as parcelas finais.
10. Faça uma análise das causas do endividamento
Por fim, é importante entender o que causou o endividamento para se prevenir de novos contratempos.
Existem casos em que ele é inevitável: um financiamento para comprar a casa própria e sair do aluguel é um exemplo de dívida que no futuro trará benefícios.
Porém, existem casos em que o endividamento se dá por conta de gastos excessivos e desorganização financeira. Por isso, responda: quais foram os motivos das suas dívidas? O que pode ser feito para evitar que novos débitos sejam contraídos e dificultem a vida financeira?
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*Com colaboração de Carol Maltaca, assistente de produtos digitais do g1 Paraná.
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