Silicone industrial e PMMA: uso é proibido e aplicação é crime; entenda riscos de substâncias que podem ter elo com morte de Lygia Fazio

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Modelo e jornalista Lygia Fazio morreu nesta quinta-feira (1º) aos 40 anos, cerca de um mês depois de sofrer um AVC. Segundo amigas, ela usou silicone industrial e PMMA em procedimentos estéticos há pelo menos três anos e, desde então, enfrentava complicações de saúde. Uso de silicone industrial em procedimentos estéticos é proibido no Brasil
Reprodução/EPTV
A modelo e jornalista Lygia Fazio morreu aos 40 anos, nesta quarta-feira (31), cerca de um mês após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). De acordo com amigas de Lygia, há pelo menos três anos a modelo usou silicone industrial e o chamado PMMA em procedimentos estéticos. Desde então, teve uma série de problemas de saúde e tentava retirar as substâncias do corpo.
🚫 O uso de silicone industrial para fins estéticos é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A aplicação do produto no corpo humano é considerada crime no Brasil.
⚠ PMMA é uma sigla para polimetilmetacrilato, um componente plástico que pode ser usado em forma de gel para preenchimento cutâneo apenas em duas situações, segundo a Anvisa: para corrigir pequenas irregularidades no corpo e em casos de lipodistrofia (perda de gordura facial que pode acontecer em pacientes com Aids por conta dos medicamentos usados no tratamento da doença).
“Esse produto, que era silicone industrial misturado com PMMA, começou a espalhar pelo corpo dela, deu infecção, uma bactéria. E por esses três anos ela tentou a cura, tentou tirar essa substância, mas não saiu por inteiro, e isso gerou muitas infecções, muitos problemas pra vida dela. Ela teve recentemente um AVC que a deixou hospitalizada”, afirmou nas redes sociais a jornalista e amiga de Lygia, Meiri Borges.
A morte foi comunicada por George, irmão de Lygia Fazio, nas redes sociais da modelo. Procurado pelo g1, ele não confirmou a causa da morte da modelo.
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Reprodução/Instagram
O que é silicone industrial?
O silicone industrial é um líquido comum em fábricas, usado para limpeza de peças de avião e de carros, vedação de vidros, lubrificação, impermeabilização de azulejos, entre outras funções. Esse produto nunca deve ser utilizado no corpo humano, de acordo com a Anvisa.
É uma substância bruta, de aspecto oleoso, e não adequado para o organismo. Por ser um líquido, ao ser aplicado em uma determinada região, o silicone industrial pode se espalhar para outras áreas do corpo, se misturando a tecidos e órgãos, tornando difícil a sua remoção.
Isso também pode gerar uma série de complicações de saúde, tanto na hora da aplicação como no passar dos anos, como “deformações, dores, dificuldades para caminhar, infecção generalizada, embolia pulmonar e, até mesmo, a morte”, disse a agência reguladora.
O silicone industrial é bem diferente da prótese usada na cirurgia plástica. Ele é a matéria-prima para a fabricação de próteses e implantes usados em procedimentos estéticos, que, por sua vez, também precisam de aprovação da Anvisa para serem aplicados no corpo, por um profissional habilitado e em hospital.
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O que é o PMMA?
No Brasil, a Anvisa exige registro para uso do PMMA para preenchimento subcutâneo, pois é uma substância considerada de máximo risco. De acordo com o órgão, há registros de produtos para essa finalidade há mais de 10 anos no país.
Com o registro, o PMMA só pode ser usado para correção volumétrica facial ou corporal, uma forma de tratar irregularidades ou depressões no corpo, ou em casos de lipodistrofia, uma condição de perda de gordura facial que pode acontecer em pacientes com Aids por conta do uso de antirretrovirais.
Apenas profissionais treinados e habilitados podem aplicar o produto, e a dose usada depende de avaliação médica.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) não recomenda o uso de PMMA para fins estéticos, por conta do risco de complicações graves como necroses, cegueiras, embolias, o que pode levar à morte.
A longo prazo, o PMMA pode causar danos no corpo de difícil reparação. Ele não é reabsorvível pelo organismo e dura para sempre. É impossível retirar todo o PMMA do corpo sem causar um estrago grande, segundo especialistas.
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