Leão-baio: Saiba tudo sobre o puma da Mata Atlântica que corre risco de extinção

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O leão-baio ou puma concolor é uma espécie nativa da região de Santa Catarina e tem despertado preocupação entre os especialistas em conservação. Com características únicas e uma importância ecológica significativa, o felino enfrenta ameaças que o colocam em risco de extinção.

Leão-baio é um animal extremamente ágil, mas está ameaçado de extinção

Leão-baio é um dos animais que mais sofrem com a caça esportiva na Mata Atlântica – Foto: Pexels/Reprodução/ND

O biólogo e técnico do LAMAQ (Laboratório de Mamíferos Aquáticos),  Mauricio Eduardo Graipel, fala sobre a importância ecológica dessa espécie, suas características, os fatores que têm contribuído para sua situação atual, as ameaças enfrentadas, as medidas de conservação adotadas, estratégias para envolver a comunidade local, a relevância das pesquisas científicas e as informações sobre sua atual distribuição populacional.

A importância ecológica do leão-baio em SC

O leão-baio desempenha um papel fundamental no ecossistema de Santa Catarina, sendo o maior predador remanescente no Estado. Anteriormente, compartilhava essa posição com a onça-pintada, cujo último registro foi feito na década de 1970.

O biólogo explica que “como predador de topo da cadeia alimentar, o leão-baio exerce um efeito em cascata sobre outras espécies, influenciando sua composição e comportamento”.

“Sua presença leva outras espécies a ocuparem menos habitats e apresentarem populações mais equilibradas, resultando em menor impacto nas áreas próximas a lavouras e outros ambientes humanos”, acrescenta.

Quais as principais características e o que torna o leão-baio uma espécie única e especial?

De acordo com Graipel, o leão-baio é um animal extremamente ágil e habilidoso, capaz até mesmo de perseguir macacos em árvores altas. Suas garras afiadas e presas poderosas o colocam como o segundo maior predador das Américas, perdendo apenas para a onça-pintada.

“Além disso, sua ampla distribuição, que vai do Canadá ao sul do Chile, faz dele o mamífero com a maior área de ocorrência nas Américas. Adaptado a diversos ambientes, desde desertos até florestas, e resistente a condições climáticas extremas, o leão-baio pode pesar até 70 kg”, complementa o especialista.

“Embora raros, os ataques a humanos podem acontecer, especialmente em áreas onde a espécie ocorre e durante noites de inverno com neblina, quando as presas diminuem e os leões-baios se sentem mais confiantes em se aproximar dos ambientes humanos sem serem percebidos”.

Fatores que levam o animal ao risco de extinção

Para o biólogo, a principal ameaça à espécie é a perda de seu habitat natural, que já está bastante reduzido. Essa perda de ambientes naturais aumenta os efeitos de outras ameaças, como a caça ilegal, às vezes praticada como troféu.

“O leão-baio também enfrenta perseguição devido aos ataques a rebanhos domésticos, especialmente ovelhas, o que contribuiu significativamente para a redução de suas populações”, explica Graipel.

“É importante ressaltar que áreas adequadas para sua presença, especialmente nas proximidades de Unidades de Conservação, não deveriam permitir a criação extensiva de ovelhas, pois os predadores caçam com base na vulnerabilidade e disponibilidade de presas, e a criação de ovelhas soltas nas bordas das matas gera essas condições”.

Principais ameaças e medidas de conservação

As principais ameaças enfrentadas pelo leão-baio em Santa Catarina são a perda de habitat devido ao desmatamento e à expansão das áreas urbanas, a perseguição direta por parte de humanos e a caça ilegal.

Sobre as medidas de conservação, Graipel conta que diversas ações estão sendo tomadas para proteger a espécie e seu habitat em Santa Catarina.

“A criação de Unidades de Conservação tem sido uma das medidas mais importantes, proporcionando áreas protegidas onde a espécie pode viver livremente“, diz.

“Leis de proteção ambiental, como a Lei da Mata Atlântica e o Código Florestal, também desempenham um papel crucial na conservação do leão-baio”.

Além disso, Graipel explica que há esforços de conscientização da população sobre a importância da preservação do meio ambiente “para promover a coexistência harmoniosa entre humanos e a vida selvagem”.

Como a comunidade pode ajudar a proteger o leão-baio

De acordo com o especialista, uma das principais estratégias para envolver a comunidade local na proteção do leão-baio é promover a conscientização sobre a importância da espécie e seu papel no ecossistema.

“Isso pode ser feito por meio de campanhas educativas, palestras e atividades que envolvam as escolas e a comunidade em geral”, avalia.

Também é importante incentivar a participação ativa da comunidade na conservação do habitat do felino, como o engajamento em projetos de restauração ambiental e a promoção do turismo sustentável, que valorize a presença da espécie na região.

Pesquisa ajudam na conservação

Graipel cita ainda a realização de pesquisas científicas, que são de extrema importância para a conservação da espécie e para a tomada de decisões de manejo adequadas.

As pesquisas permitem obter informações detalhadas sobre o habitat, comportamento, necessidades e ameaças enfrentadas pelo leão-baio.

Isso auxilia na elaboração de estratégias de conservação mais eficazes, na identificação de áreas prioritárias para proteção e na implementação de medidas de manejo adequadas.

“Além disso, as pesquisas científicas contribuem para aumentar o conhecimento sobre a espécie e sua importância no ecossistema, sensibilizando a sociedade e os tomadores de decisão para a necessidade de proteção e preservação”.

Habitat e população

Segundo o especialista, o leão-baio ainda pode ser encontrado principalmente em áreas preservadas ao longo da Serra do Mar, da Serra Geral e no Planalto Serrano em Santa Catarina.

Quanto ao número de indivíduos, Graipel afirma que a estimativa é que existam cerca de 4 mil leões-baios na natureza em todo o Brasil.

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