‘Mensageiro’ desconfiava que era monitorado e dificultou investigação, dizem agentes

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Durante audiência de instrução da Operação Mensageiro nesta segunda-feira (5), em Joinville, no Norte de Santa Catarina, delegados que participaram da investigação revelaram que o “mensageiro”, colaborador da Serrana Engenharia apontado como operador de propinas, poderia saber que estava sendo investigado. Isso porque, com o decorrer das diligências, o acusado mudou o seu modus operandi e dificultou as investigações. Os depoimentos ocorrem no processo que tem como um dos réus o prefeito de Pescaria Brava, Deyvison de Souza.

Delegados que participaram da investigação prestaram depoimento nesta segunda-feira (5) – Foto: Gaeco/MPSC/Divulgação/ND

Conforme o delegado Welliton Marlon Bosse, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), equipe integrante do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), os policiais vinham acompanhando os passos do “mensageiro” quando, em meados de 2022, as viagens feitas por ele por todo o Estado foram reduzidas.

“Ficamos preocupados que tinha vazado algo da investigação. Ele mudou a rotina dele, mudou os veículos, desligou telefones. Mudança repetina do esquema criminoso. Delações informaram que ele estava com receio de ser investigado e pediu uma pausa no esquema.”

Com as mudanças de método do investigado, o acompanhamento passou a ser mais dificultoso. Inclusive, o delegado acredita que, por isso, alguns flagrantes de entrega de propina não foram possíveis, como o caso do prefeito de Pescaria Brava, que não foi visto recebendo propina pessoalmente, segundo o MPSC, que conduz a operação.

Mensageiro passou a usar smartphone

Na época do monitoramento, o “mensageiro” estaria viajando ao Sul do Estado, onde fica a cidade, a cada 5 ou 6 meses, reduzindo, consequentemente, as oportunidades de flagrante. Em dezembro de 2022, a operação fez suas primeiras prisões.

“Acredita-se que estavam desconfiados que estavam sendo investigados, mudando até a forma de comunicação”, cita o policial civil Rubens Orbatos da Silva Neto. Isso porque, anteriormente, o “mensageiro” usava apenas celulares simples para o contato referente a propina, usando SMS ou ligações de curta duração. Em meados de 2022, foi monitorado pela investigação usando o WhatsApp, que exige um aparelho smartphone. “Mudando estratégias”, afirma o policial em depoimento.

Apesar das dificuldades, foi possível identificar entregas de propina, com flagrantes em cidades como Lages, Barra do Sul e Tubarão. O mensageiro responde ao processo preso em Joinville.

Por ter fechado acordo de delação premiada com a Justiça, o investigado apontado como “mensageiro” tem o nome protegido por decisão judicial.

A Serrana Engenharia mudou de nome durante as investigações da Operação Mensageiro, passando a chamar-se Versa Engenharia.

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