Beautytech B4A volta ao breakeven com empurrão do B2B — e já fala até em IPO

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Plataforma fatura R$ 100 milhões atendendo de Natura a L’Oréal

Depois de dois anos queimando caixa, a B4A (Beauty for All), uma beautytech que nasceu da fusão entre a Glam e a Men’s Market, entendeu que o estado anêmico da economia exigia um pé no freio e, para não nadar contra a maré, passou a priorizar o retorno ao breakeven. Com um empurrão da operação B2B, que tem margens maiores, conseguiu sair do vermelho há dois meses — e agora já fala até em IPO, que pode ocorrer no ano que vem.

A B4A é mais conhecida pelo seu negócio B2C, que tem um modelo de assinatura que entrega caixas com produtos todo mês aos consumidores e representou 80% dos R$ 100 milhões faturados pela empresa no ano passado. Mas a companhia admite que o foco no B2B, responsável pelos outros 20% da receita, foi fundamental para reverter a queima de caixa em um cenário de inflação e juros altos.

O que a B4A faz principalmente no B2B é se valer da sua base de assinantes para oferecer à indústria e ao varejo de beleza serviços como experimentação — o envio de amostras para um primeiro contato com a consumidora final — e pesquisas de inteligência de mercado. Além disso, atua com comunicação em mídias sociais, via parcerias com microinfluenciadoras, e oferece a própria plataforma como canal de venda.

De acordo com o fundador e CEO da B4A, Jan Riehle, todas as gigantes de higiene e beleza que operam hoje no país, de nacionais como O Boticário e Natura, a multinacionais, como a L’Oréal, contam com os serviços de inteligência da B4A. “Nossas clientes finais são um ativo para o B2B”, diz. Ao todo, a companhia já trabalhou com mais de 500 marcas e, em média, toca projetos com cerca de 50 a cada mês.

Se uma varejista quer testar, por exemplo, um novo shampoo para cabelos loiros com foco em jovens adultas, a plataforma consegue rastrear em sua base de assinantes consumidoras com esse perfil que possam receber a amostra. Num segundo momento, é possível coletar o feedback por meio de pesquisa de mercado.

Já o trabalho de conteúdo com as influenciadoras é remunerado por meio de cota sobre as vendas. E, nas vendas, o marketplace opera com o produto em consignado ou estoque próprio para garantir a estratégia de preço — são mais de 200 marcas no catálogo, incluindo quatro private label. “Alguns investidores já me questionaram sobre a dificuldade de execução e é complexa mesmo, mas faz todo o sentido quando observamos todas as sinergias e quanto valor isso gera”, afirma o CEO.

Apesar do avanço do B2B, o CEO diz que o B2C deve seguir como o principal negócio da companhia. A base de assinantes cresceu 47% nos últimos seis meses e a maior parte, cerca de 85%, vem das classes C e D. Os planos mensais variam de R$ 9,90 até R$ 90 e, em alguns deles, os mensalistas recebem caixas com itens variados para testes — o core business da Glambox, antigo nome da Glam, focada no público feminino.

De volta ao azul, a B4A já está se mexendo para abrir capital. A empresa quer acelerar novamente os investimentos e tem conversado com bancos para se listar em um prazo de dois anos, com grande possibilidade de isso ocorrer já em 2024, diz o CEO.

A última captação foi realizada em maio do ano passado, quando uma rodada liderada pela DXA, e com participação do AcNext, aportou US$ 6 milhões. Ao todo, a empresa já levantou R$ 40 milhões em funding.

Tanto a Glambox quanto a Men’s Market, e-commerce do segmento com foco em homens, foram adquiridas por Riehle em 2017, resultando na criação da B4A, em um M&A todo feito com recursos próprios, a partir do fundo Rising Ventures. Os dois negócios não davam lucro à época. Embora o primeiro breakeven tenha chegado já no ano seguinte, a operação abriu mão dele mais tarde para alavancar a empresa com investimentos estratégicos.

Empreendedor serial, Riehle já realizou exits na venda de um marketplace de óculos para a francesa Essilor e em um e-commerce de pneus comprado pela CantuStore.

Fonte: Pipeline Valor

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