Eurasia: agenda econômica de Haddad parece imune a dificuldades

eurasia:-agenda-economica-de-haddad-parece-imune-a-dificuldades

A possibilidade significativa de uma deterioração política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diminuiu, avalia a consultoria de risco Eurasia Group.

Embora o risco se mantenha, a Eurasia enumera, em relatório, que, no momento, duas narrativas envolvem o governo. Por um lado, Lula tem enfrentado dificuldades políticas no Congresso, que estão se refletindo em votos.

Por outro, a agenda econômica impulsionada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parece estar imune a essas dificuldades. A primeira narrativa para a consultoria é um ruído, a segunda, um sinal.

“Para antecipar cenários, é importante distinguir ruído de sinal; as variáveis que importam daquelas que não importam.”

Para a Eurasia, três vetores podem influenciar o presidente a apertar ou não o “botão de pânico” da economia: índices de popularidade; desempenho econômico; e expectativas futuras de crescimento e apoio popular.

“Se o apoio público cair em meio ao fraco desempenho econômico, ele buscará alavancas para impulsionar o crescimento por meio de crédito subsidiado ou impulso fiscal para manter essa ameaça da oposição sob controle”, diz.

“O risco é que tal resposta resultaria em uma espiral negativa de baixo crescimento e derrapagem das políticas, exacerbando as preocupações com a gestão fiscal – o que prejudicaria a capacidade do Banco Central (BC) de afrouxar a política monetária e deprimiria ainda mais a confiança.”

Perspectivas melhores

Nos últimos meses, porém, todos os três aspectos estão com perspectivas melhores. “Tudo isso não significa que Lula não terá um caminho difícil pela frente”, pondera o relatório.

A Eurasia avalia que, embora estejam estáveis ou possam até ter melhorado um pouco, os índices de aprovação do governo ainda devem cair, seguindo uma função natural de decadência e o efeito de desaceleração do crescimento econômico, sob impacto defasado do aperto monetário.

Além disso, Lula também terá de administrar gastos maiores sem aumentar impostos (que podem prejudicar o crescimento) ou alimentar as preocupações com a sustentabilidade da dívida, acrescenta o texto.

“Como resultado, a formulação de políticas certamente pode se deteriorar se ele se sentir encurralado politicamente no futuro e esses trade offs se acumularem”, diz.

A Eurasia pontua ainda que o ponto baixo nos números de Lula parece previsto para 2024 e não para o segundo semestre deste ano, o que importa nesta análise.

“Quanto mais tempo o equilíbrio da política atual se mantiver, menores serão as chances de mudanças políticas significativas (já que decisões econômicas importantes sobre política fiscal e reformas podem avançar ainda mais). As repercussões das reversões de políticas diminuem um pouco se acontecerem mais tarde no mandato do presidente.”

Avaliação positiva do governo Lula

Pesquisa Ipec divulgada nesta sexta-feira (9) mostrou que a avaliação positiva do governo do presidente Lula oscilou para baixo. A parcela dos eleitores que consideram a gestão do atual presidente como “boa” ou “ótima” passou de 39% para 37% em relação a abril.

O número está dentro da margem de erro do levantamento, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Já as avaliações de “ruim” ou “péssima” aumentaram de 26% para 28%. Os que consideram o atual mandato do petista como “regular” também aumentou, saindo de 30% para 32%.

(Com informações de Pedro Zanatta, da CNN)

Este conteúdo foi originalmente publicado em Eurasia: agenda econômica de Haddad parece imune a dificuldades no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.