Agro se inspira em sistema asteca para cultivar alimentos fora da terra; entenda como técnica funciona


Aprenda a montar um cultivo hidropônico em casa usando caixa de isopor e copinhos plásticos. No cultivo hidropônico, sai a terra e entra a água
Arquivo pessoal/Degmar Delgobo
Uma técnica milenar tem ajudado produtores a cultivar alimentos fora da terra e reduzir a quantidade de água usada no processo.
“Principalmente a aquaponia remonta a um exemplo muito sustentável, que era um sistema usado pelos astecas e chamado de ‘chinampas’, em que ilhas de produção eram construídas artificialmente em lagos para produzir alimentos como milho, feijão e abóbora’”, explica a professora  Maria Fernanda Lopes de Freitas, coordenadora da graduação 4D em Agrodigital da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
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Peixes ajudam a plantas a crescer
Enquanto a hidroponia é a produção de hortaliças sem o uso do solo, a aquaponia é um sistema que combina o cultivo hidropônico com a criação de peixes.
Na hidroponia uma solução nutritiva diluída em água serve de substrato para o desenvolvimento das plantas, já na aquaponia são os peixes e algumas bactérias que desempenham esse papel.
“Na aquaponia não é necessário trazer um fertilizante de fora, porque as bactérias irão transformar o resto de ração e as fezes dos peixes em nutrientes para as plantas. Elas ajudam a transformar componentes tóxicos em substâncias boas”, explica a professora.
A alimentos produzidos na água não são menos nutritivos do que aqueles plantados na terra, a diferença está na periodicidade em que é necessário fazer a reposição de nutrientes.
“Você precisa repor nutrientes em todos os tipos de produção agrícola, é como se fosse uma poupança no banco, se você só tirar um pouco de dinheiro todos os meses e não fizer novos depósitos, chegará um momento em que não haverá mais saldo na conta. O mesmo vale para cultivos no solo ou na água. Na hidroponia a cada 30 dias, em média, é preciso fazer a reposição de nutrientes, na aquaponia isso também é necessário, mas com bem menos frequência”, complementa Maria Fernanda.
Plantas cultivadas sem a utilização do solo não têm menos nutrientes: a fertilização é feita com a ajuda de soluções nutritivas diluídas na água
Arquivo pessoal/Degmar Delgobo
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O produtor Degmar Delgobo argumenta que o cultivo hidropônico é um dos sistemas que mais economiza água.
No distrito de Itaiacoca, distante 30 km de Ponta Grossa, ele produz folhas como alface, agrião, rúcula, acelga holandesa e cheiro-verde em 10 mil metros quadrados de estufa. O carro-chefe são as hortaliças do tipo baby, que segundo ele agregam mais sabor.
“A hidroponia gera uma economia de 70% em relação ao cultivo tradicional, não jogamos água fora, toda a água fica circulando e sendo consumida pelas plantas ou evaporando, não tem descarte, não desperdiça absolutamente nada”, garante.
Outra vantagem desse tipo de produção, na opinião do produtor, é a não necessidade de fazer a rotação de culturas.
“Quem planta no solo precisa plantar alface, depois rabanete e depois beterraba para só então voltar a plantar alface. Na hidroponia pode colher alface e plantar alface de novo, se fizer isso no solo vai ter problemas com doenças”, diz.
Jardim com grama e cerca ao fundo Descrição gerada automaticamente Segundo o produtor, além de economizar água, o sistema hidropônico também favorece quem trabalha no campo, evitando que os trabalhadores precisem ficar arqueados para cuidar das plantas
Arquivo pessoal
Produza hidropônicos em casa: confira o passo a passo
Ao g1, a professora Maria Fernanda ensina a cultivar plantas através da hidroponia de forma bastante simples. Para isso você vai precisar de:
Caixa de isopor
Copinhos de plástico
Água
Fertilizante para hortaliças
Faca de cozinha com serra para fazer buracos na tampa da caixa
Saco plástico para forrar a caixa (pode ser um saco de lixo)
Arame ou prego para furar os copinhos
Alicate para segurar o arame na hora de esquentar
Caneta esferográfica
Passo a passo
Encape o interior da caixa de isopor com o saco plástico e amarre do lado de fora com um nó simples
Coloque água dentro da caixa na proporção de 1 litro para cada planta
Siga as instruções da embalagem para diluir o fertilizante na água
Use o fundo dos copinhos como medidor para fazer círculos na tampa da caixa
Com a faca de cozinha, corte os círculos para encaixar os copinhos nos buracos. “É importante que o furo fique bem justo no copo para evitar que qualquer inseto possa acessar essa água, especialmente o mosquito da dengue”, alerta a professora.
Use um alicate para segurar o prego ou o arame e o esquente na boca do fogão. Em seguida faça vários furinhos no fundo do copo
Compre a muda da sua preferência (alface ou rúcula, por exemplo) e coloque dentro do copinho
Com a ajuda de uma caneta, passe as raízes das mudas pelos furos (se necessário, lave as mudas em água corrente para “soltar” as raízes)
Feche a tampa e encaixe os copinhos nos furos (certifique-se de que as raízes estão encostando na água)
Deixe em um lugar que bata sol direto
Por fim, a professora Maria Fernanda compartilha algumas dicas para que o sistema funcione da melhor maneira:
🚰 É fundamental usar água limpa para não ter problema com água parada. Pode ser água da torneira mesmo ou então água fervida
📦Caso não queira usar uma caixa de isopor é possível optar por outro recipiente plástico, mas desde que não seja transparente
☀️O local em que a caixa será colocada deve receber pelo menos 3 horas diárias de sol. Importante reforçar que precisa ser sol direto, e não apenas a luminosidade
🫗É necessário repor a água sempre que o nível baixar, para que as raízes estejam constantemente em contato com a solução nutritiva
💧Depois de “colher” o primeiro cultivo, a água pode ser reutilizada, desde que não esteja com um aspecto esverdeado. Será necessário apenas diluir mais um pouquinho da solução nutritiva
🚽O descarte da água pode ser feito no solo, como num jardim, mas se o líquido estiver esverdeado, o ideal é descartá-lo na privada ou no ralo de casa
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